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22/04/2007 - 15h47

Vegetarianos transferem estilo de alimentação aos animais

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MAYRA STACHUK
da Revista da Folha

Difícil dissociar a imagem meio desenho animado de um cachorrão com um belo pedaço de bife na boca. Por natureza, cães, e também gatos, são carnívoros.

Mas, assim como humanos, existem pets vegetarianos. A diferença é que um escolhe, o outro, não. É o caso de Branco, o SRD (sem raça definida) de nove anos há três adotado pela psicóloga Cida Chaves, 46, que é vegan (não come nenhum animal nem derivados).

Leo Caobelli/Folha Imagem
Alimentação sem carne é polêmica
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Branco só come ração 100% vegetariana e frutas. "Outro dia, na casa da minha sogra, ele cheirou a ração dos outros cães, mas não se interessou, acho que gosta de ser vegan", brinca a dona.

A veterinária Fernanda Fragatta, diretora clínica do Hospital Veterinário Sena Madureira, questiona a transferência dessa "filosofia" para o mundo animal. Segundo ela, os humanos muitas vezes esquecem que cães e gatos precisam de algumas proteínas específicas.

"Por ser naturalmente carnívoro, o organismo desses bichos metaboliza melhor a proteína animal do que a vegetal", explica. "O que traz vantagens para o funcionamento principalmente do sistema cardíaco." Ou seja, é preciso uma dose maior de proteína vegetal para manter o organismo de cães e gatos em bom funcionamento.

Cães com deficiência de proteína podem entrar em catabolismo, ou seja, utilizam a proteína dos próprios músculos para gerar energia, o que leva o animal a um estado grave de desnutrição.

Nos gatos, a questão é ainda mais séria. Dos músculos de animais, eles aproveitam um aminoácido chamado taurina, essencial durante toda a vida adulta. Sem ele, podem desenvolver cardiomiopatia hipertrófica. A musculatura do coração fica espessa e o músculo precisa fazer esforço extra para bombear o sangue, tornando o processo mais lento e difícil.

Algumas raças de cães --segundo a veterinária, todos os de grande porte e o cocker- também precisam da taurina na alimentação, pois são propensos a desenvolver cardiomiopatia dilatada, disfunção em que o músculo do coração perde a força de contração para bombear o sangue, que fica acumulado no órgão. A longo prazo, os dois problemas podem levar os bichos à morte.

Hoje, a maioria das rações do mercado tem proteína de soja ou de glúten de milho (ambas vegetais), além da proteína animal, como forma de deixar o preço do produto mais acessível. Algumas utilizam ainda proteína de peixe.

Apenas uma marca brasileira fabrica ração 100% vegetariana, mas nos Estados Unidos esse mercado já está mais aquecido: são pelo menos nove tipos --há também algumas para gatos com taurina sintética.

"Uma vez que se consiga manter os níveis adequados de proteína, não há danos para a saúde", diz Fernanda. "Mas ainda não há estudos a longo prazo sobre os impactos positivos ou negativos de uma dieta vegetariana na qualidade e no tempo de vida dos animais", afirma.

O que se sabe é que uma alimentação onívora com proteína animal e vegetal promove uma sobrevida de 15% em cães e gatos. Ou seja, só carne também não é bom.

Por isso, os especialistas recomendam as rações mistas e, além de ossos e guloseimas caninas, algumas frutas e verduras como petiscos. Entre as mais indicadas estão batata, cenoura, banana e mamão. Frutas cítricas devem ser evitadas, já que a mucosa estomacal dos animais é mais sensível e mais suscetível a gastrites.

Esta reportagem foi publicada pela Revista da Folha em 25/03/2007

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