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22/04/2007 - 15h38

Gatos dão saltos radicais, planam e sobrevivem às quedas

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MARIANNE PIEMONTE
da Revista da Folha

Fazia um calorão na última véspera de Natal, mesmo assim a sacada do apartamento da engenheira civil Suzana Lopes, 43, estava fechada porque ela tem três gatos. À noite, resolveu abrir um pouco para arejar. Tempo suficiente para que a SRD (sem raça definida) Nina, 4, pulasse de um vaso para a varanda do vizinho. Os donos começaram a chamá-la de volta. Assustada a gata saltou. Por milímetros não alcançou o parapeito. Suzana e o marido, o engenheiro Otávio Rocha, 33, assistiram desesperados Nina despencar do oitavo andar. O presente de Natal deles? A gata sobreviveu e mais: não quebrou um só osso.

Christian Charisius/Reuters
Gatos sobrevivem a grandes quedas
Gatos sobrevivem a grandes quedas
Histórias como a de Nina não são exceções no universo dos felinos. "Quando os gatos caem conscientes de alturas superiores ao sexto andar, eles afastam gradativamente as patas do corpo, adotando um postura de 'planador', o que aumenta o atrito com o ar e desacelera a queda", explica o veterinário especializado em gatos da USP, Archivaldo Reche Junior.

Isso não quer dizer que eles não se machuquem. De alturas maiores, a probabilidade é que os gatos tenham lesões no tórax, pescoço e cabeça. Mas em 90% dos casos, quando assistidos, eles sobrevivem, diz a veterinária da clínica Pet Care, Carla Berl.

Apesar de não ter fraturas, Nina ficou internada por cinco dias e teve que drenar o ar que ficou na caixa torácica.

"Ela caiu de boca fechada e com o impacto o ar que estava no pulmão não saiu para fora do corpo. Um alvéolo estourou e o ar foi para o tórax", explica a dona.

Puma, oito meses, uma gata da raça maine coon, do comerciante Danny Cohen, caiu do nono andar de seu prédio. O apartamento estava em reforma e ninguém viu como aconteceu. "Sei que a queda deve ter acontecido por volta das 16h30 e só a encontramos às 21h30 no jardim do prédio", conta o dono.

Ele lembra que tiveram dificuldade de achá-la porque mesmo com a cabeça do fêmur fraturada, a gata foi tão resistente que se arrastou, como se estivesse à procura de socorro.

Feita a operação para recuperar a fratura e depois de uma semana com um dreno para retirada do ar no pulmão, Puma estava de volta à ativa em sete dias. A primeira providência de Danny, que tem três gatos em casa, foi colocar telas em todas as janelas e frestas do apartamento.

"Gatos são muito curiosos e têm instinto de caça aguçado. Por isso, se cismarem com uma borboleta se atiram da altura que for", explica o especialista da USP.

Riscos e mitos

Para Carla Berl, as piores quedas são as que ocorrem de pequenas alturas e quando os bichanos estão dormindo.

"Eles não têm tempo para se preparar para cair. Chegam ao chão de lado ou de bruços, o que normalmente gera múltiplas fraturas nas patas, face e dentes", explica.

Além do mais, com o susto, eles enrijecem os músculos e travam as patas, o que impede que usem a característica impulsora e propulsora, capaz de aliviar o impacto da queda e evitar traumas severos.

Há ainda outra explicação que assegura vantagem aos gatinhos adeptos de saltos radicais.

"O efeito planador, que significa a estabilização dele no ar, começa a funcionar quando atinge cerca de 80 km por hora. Por isso, quanto mais alto, mais chances de conseguir essa posição e de se machucar menos", diz a veterinária.

Esqueça toda e qualquer história sobre membranas que se abrem nas axilas dos gatos ou movimentos de contração e alongamento de músculos para auxiliar na redução da velocidade da queda.

"Isso é coisa para os 'Caçadores de Mitos'", brinca o veterinário.

Esta reportagem foi publicada pela Revista da Folha em 18/03/2007

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