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19/12/2000
-
09h14
FERNANDO MELLO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Folha de S.Paulo
A Palmeiras Futebol Ltda. levou ao pé da letra a política do "bom e barato", adotada por Mustafá Contursi à frente do clube paulista e motivo de orgulho para os palmeirenses, que disputam amanhã a final da Copa Mercosul, contra o Vasco.
Pelo menos seis atletas foram registrados com valores subestimados pela empresa na Junta Comercial do Estado de São Paulo. Não há ilegalidade na manobra. Mas cartolas do próprio clube e especialistas em direito tributário, que preferiram não se identificar, suspeitam de evasão fiscal.
Um dirigente chegou a dizer que o clube registrou o valor nominal dos atletas para não gerar impostos e, assim, burlar o Fisco.
A Palmeiras Futebol foi criada em sigilo pela diretoria do clube paulista em dezembro de 1999 e teve sua existência revelada pela Folha na última sexta-feira.
Segundo documentos obtidos pela reportagem, o passe do lateral-direito Neném, autor do gol de falta que manteve o Palmeiras na luta pelo título sul-americano, vale R$ 4, por exemplo.
A empresa declarou em seu contrato social o equivalente a 25% do passe do lateral -R$ 1. Outros 25% continuam agregados ao patrimônio do clube.
Segundo o gerente de futebol do clube, Milton del Carlo, o restante do passe de Neném -50%- pertence ao empresário Ico Martins, ligado ao União São João, de Araras (SP).
Os valores correspondem, de acordo com o artigo quarto do contrato social da empresa, ao que foi pago pelo clube para adquirir os passes dos jogadores.
O União, antigo proprietário de Neném, não quis se pronunciar sobre a venda, ocorrida em 1997. Um dirigente que pediu para não ser identificado disse que o valor, obviamente, foi maior -não quis precisar quanto.
Além de Neném, foram subavaliados os passes de outros cinco atletas que foram transferidos do clube para a empresa:
Sandro Blum: zagueiro que está emprestado ao Sport Recife e que atuou como titular na Copa João Havelange teve seu passe registrado em R$ 1 _a empresa é dona de 100% do jogador;
Denis: lateral de 17 anos. É juvenil, segundo Milton del Carlo. Teve o passe comprado por R$ 2 _50% é da empresa;
Vítor: de acordo com o clube, parou de jogar futebol e foi registrado no valor de R$ 2 _metade é da empresa;
Gilmar: zagueiro, teve o passe estipulado em R$ 2 _R$ 1 para a Palmeiras Futebol Ltda.;
Jorginho (Jorge Alexandre): com passe registrado no valor de R$ 2, o lateral-esquerdo chegou a ser titular do time de Marco Aurélio na Copa JH, mas que perdeu a posição para Tiago Silva.
A relação de passes obtida pela reportagem da Folha, que inclui 20 jogadores, totaliza um valor de R$ 17.245.165.
Jogadores como os laterais Arce e Tiago Silva, o meia Jackson, o volante Fernando e o zagueiro Argel pertencem desde o 26 de setembro de 2000 -no todo ou em parte- à Palmeiras Futebol.
A Sociedade Esportiva Palmeiras, acionista majoritária da empresa, responde por mais de 99,9 % do capital da Palmeiras Futebol _investiu 44.702.018.
Os sócios minoritários são Contursi e quatro vices (Affonso Della Monica Netto, Luiz Augusto de Mello Belluzzo, José Cyrillo Júnior e Luiz Carlos Pagnota). Cada um deles tem cota de R$ 1.
Procurado pela Folha ontem, no clube e em seu celular, Mustafá Contursi não foi localizado.
A única manifestação oficial do dirigente sobre a privatização do clube foi feita por meio de uma nota, divulgada anteontem.
Nela, Contursi disse que a Palmeiras Futebol, inicialmente de capital fechado, já virou sociedade anônima e que não houve irregularidades na transformação do clube em empresa.
Na Palmeiras Ltda., valor de jogador cai para R$ 1
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JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Folha de S.Paulo
A Palmeiras Futebol Ltda. levou ao pé da letra a política do "bom e barato", adotada por Mustafá Contursi à frente do clube paulista e motivo de orgulho para os palmeirenses, que disputam amanhã a final da Copa Mercosul, contra o Vasco.
Pelo menos seis atletas foram registrados com valores subestimados pela empresa na Junta Comercial do Estado de São Paulo. Não há ilegalidade na manobra. Mas cartolas do próprio clube e especialistas em direito tributário, que preferiram não se identificar, suspeitam de evasão fiscal.
Um dirigente chegou a dizer que o clube registrou o valor nominal dos atletas para não gerar impostos e, assim, burlar o Fisco.
A Palmeiras Futebol foi criada em sigilo pela diretoria do clube paulista em dezembro de 1999 e teve sua existência revelada pela Folha na última sexta-feira.
Segundo documentos obtidos pela reportagem, o passe do lateral-direito Neném, autor do gol de falta que manteve o Palmeiras na luta pelo título sul-americano, vale R$ 4, por exemplo.
A empresa declarou em seu contrato social o equivalente a 25% do passe do lateral -R$ 1. Outros 25% continuam agregados ao patrimônio do clube.
Segundo o gerente de futebol do clube, Milton del Carlo, o restante do passe de Neném -50%- pertence ao empresário Ico Martins, ligado ao União São João, de Araras (SP).
Os valores correspondem, de acordo com o artigo quarto do contrato social da empresa, ao que foi pago pelo clube para adquirir os passes dos jogadores.
O União, antigo proprietário de Neném, não quis se pronunciar sobre a venda, ocorrida em 1997. Um dirigente que pediu para não ser identificado disse que o valor, obviamente, foi maior -não quis precisar quanto.
Além de Neném, foram subavaliados os passes de outros cinco atletas que foram transferidos do clube para a empresa:
A relação de passes obtida pela reportagem da Folha, que inclui 20 jogadores, totaliza um valor de R$ 17.245.165.
Jogadores como os laterais Arce e Tiago Silva, o meia Jackson, o volante Fernando e o zagueiro Argel pertencem desde o 26 de setembro de 2000 -no todo ou em parte- à Palmeiras Futebol.
A Sociedade Esportiva Palmeiras, acionista majoritária da empresa, responde por mais de 99,9 % do capital da Palmeiras Futebol _investiu 44.702.018.
Os sócios minoritários são Contursi e quatro vices (Affonso Della Monica Netto, Luiz Augusto de Mello Belluzzo, José Cyrillo Júnior e Luiz Carlos Pagnota). Cada um deles tem cota de R$ 1.
Procurado pela Folha ontem, no clube e em seu celular, Mustafá Contursi não foi localizado.
A única manifestação oficial do dirigente sobre a privatização do clube foi feita por meio de uma nota, divulgada anteontem.
Nela, Contursi disse que a Palmeiras Futebol, inicialmente de capital fechado, já virou sociedade anônima e que não houve irregularidades na transformação do clube em empresa.
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