20/06/2006 - 03h56

A Copa no Mundo: Klinsmann e as "forças sobrenaturais"

da Folha de S.Paulo

O início da rodada decisiva da primeira fase da Copa do Mundo-2006 é o grande destaque da mídia alemã nesta terça-feira. Não é a toa, já que a Alemanha faz um duelo decisivo contra o Equador, para saber quem ficará na primeira colocação do Grupo A.

De acordo com o tablóide alemão "Bild", o técnico alemão Jürgen Klinsmann deve ter muito mais trabalho nesta terça-feira, contra o Equador, do que nas outras partidas, pois os equatorianos contam com o auxílio de "entidades sobrenaturais".

"Antes do início da Copa do Mundo, o xamã equatoriano Abran Tzamarenda Naychapi, da tribo shuar yawints da Amazônia, realizou encantamentos em todos os estádios do Mundial para garantir o sucesso da seleção equatoriana", diz o "Bild".

Vestido com colares de ossos, penas coloridas e uma lança, o xamã efetuou o "ritual da cachoeira", entoando cantos e raspando sua lança no gramado, para afastar os "espíritos ruins".

O resultado até agora? Duas vitórias em dois jogos, cinco gols marcados e nenhum sofrido.

O "Frankfurt Allgemeine", por sua vez, destaca a vontade de Klinsmann de ser o primeiro colocado na fase de grupos. "Nós queremos bater o Equador e nos tornarmos líderes do Grupo", disse o técnico.

O diário diz que Klinsmann quer ser o líder do grupo para seguir o "caminho do rei", ou seja, jogar todos as partidas da fase de mata-mata nos maiores estádios da Alemanha.

O primeiro colocado do Grupo A jogará as oitavas no novo estádio de Munique, as quartas em Berlim, mesmo palco da final, e a semifinal em Dortmund. "Nós queremos trilhar esse caminho. Nós nos sentimos bem nesses estádios", disse o técnico.

Primeira final

No Equador, o duelo contra a Alemanha é encarado como uma verdadeira final. Segundo o jornal "El Mercurio", o jogo define o "campeão" do Grupo A.

"A revelação da competição e a 'Mannschaft' [seleção em alemão] vêm pisando forte e deixaram para trás Polônia e Costa Rica e nesta terça-feira jogam naquele que será o palco da final, em 9 de julho. 'A priori' se pode afirmar que a equipe sul-americana pode complicar para os anfitriões", diz o jornal.

O "La Hora" traz a informação de que Iván Kaviedes deverá ser titular da equipe, no lugar de Carlos Tenorio, que se recupera de lesão e será poupado.

Segundo o diário, mesmo sem autorização, a torcida equatoriana não vai deixar de assistir a esse duelo.

"Apesar do presidente da República, Alfredo Palacio, não ter decretado horas de permissão, o povo equatoriano buscou alternativas para acompanhar todos os lances do encontro de hoje".

Chance de ouro

Para o jornal inglês "Daily Mail", o técnico Sven-Goran Eriksson deu uma dica sobre a possibilidade de o jovem atacante Theo Walcott, 17, jogar na última partida na fase de grupos, nesta terça-feira, contra a Suécia.

Apesar de não ter jogado ainda nenhuma partida pela Inglaterra, ou mesmo na primeira divisão do Campeonato Inglês, Walcott, o jogador mais novo deste Mundial, é a aposta de Eriksson.

"Eu gostaria de vê-lo jogar", disse Eriksson na véspera da partida. A chance de Walcott é ainda maior, uma vez que o técnico pretende poupar jogadores "pendurados" com cartão amarelo, entre eles o atacante Peter Crouch.

Felicidade e sofrimento

"Sofrendo (também) somos os melhores" é a manchete do jornal espanhol "Marca" que, ao mesmo tempo, elogia a vitória da seleção comandada por Luis Aragonés sobre a Tunísia (3 a 1) e cutuca o Brasil.

O "também" entre parênteses é referência clara ao sofrimento da seleção brasileira para vencer adversários inferiores nos dois primeiros jogos do Mundial-2006.

Na reportagem, o diário espanhol ressalta a atuação de Raúl, que saiu do banco para fazer um dos gols da vitória espanhola. "O 'sete' não fez a partida da sua vida, mas contribuiu com o que o fez famoso: estar ali e não perdoar nos últimos metros. Voltou a sorrir e comemorou o tento como se fosse o primeiro de sua carreira".

O "Marca" lembrou também de elogiar a participação decisiva do treinador. "Luis Aragonés mexeu no banco na volta dos vestiários e acertou em cheio. O 'Sábio' colocou Raúl e Cesc [Fabregas] nos lugares de Luis Garcia e Senna e os dois foram grandes protagonistas".

O jornal "As" seguiu a mesma linha: "E também sabemos sofrer", diz a manchete da reportagem.

"Sabemos jogar, disso ninguém duvida, mas nos faltava saber se também podíamos sofrer. Assim, nos focamos nisso com todo empenho possível", ironiza o jornal. A Espanha esteve perdendo até metade do segundo tempo.

Passado o sofrimento, vem a vitória. E elogios a Fabregas. "O gol que nos colocou à frente confirmou que Cesc deve ser titular. Seu passe coincidiu com a desmarcação de Torres no ponto adequado, no momento preciso, e 'A criança' [apelido para Torres] marcou como gente grande, o que ele é".

Para o "El País", que ressaltou a garra e a capacidade de recuperação da seleção espanhola, a vitória foi "épica".

"À uma grandiosa atuação em Leipzig [contra a Ucrânia], abundante em jogo e gols, se seguiu uma épica virada em Stuttgart. Um erro no começo a condenou a uma partida de mil demônios por difícil e áspero contra um adversário, Tunísia, que pouco aparece no futebol e, no entanto, parecia o mais complicado de todos", afirma o jornal.

Em paz com a mídia de seu país, Aragonés foi mais uma vez elogiado. "Redimiram a seleção sua perseverança e a perfeita leitura que Luis Aragonés teve do encontro".

Com agências internacionais

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