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22/06/2006 - 06h12

Carlos Sarli: Em busca da felicidade

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CARLOS SARLI
Colunista da Folha

Conheci Lance Mountain em 1988 quando organizamos o Sea Club Overall Skate Show no extinto Projeto SP, aqui em São Paulo. Ele e Tony Hawk foram as estrelas internacionais que se apresentaram durante o campeonato vencido por Mureta. O skate vivia seu segundo momento de expansão e o evento superlotou a casa nos dois dias de competição, shows e apresentações. O esporte viveria outra fase decadente anos depois antes de voltar aos níveis atuais. O protagonista de então tem sua leitura particular desses altos e baixos do esporte, e em recente comunicado público transpareceu seu incômodo com os rumos que o skate está seguindo.

Lance poderia ser considerado uma espécie de Forrest Gump do skate: testemunhou e participou ativamente de todas as etapas da história do esporte, desde a sua criação, e voltou à mídia recentemente quando, em atitude singular, decidiu fechar as portas da empresa que criou, e que levava o nome de The Firm, para viver uma espécie de aposentadoria precoce. A marca de Lance patrocinava, entre outros, os nossos Bob Burnquist e Rodrigo Teixeira. E sua saga vale algumas linhas.

Lance nasceu na Califórnia, em 1964. Aos 9 anos ganhou sua primeira prancha, dada por um amigo que havia comprado uma nova. E ficou fascinado pelo esporte. Com uma meia dúzia de precursores, andava em rampas improvisadas e piscinas públicas. Como por essa época não havia material que protegesse o atleta contra quedas, Lance, sem capacete, ao tentar uma manobra mais arrojada em uma piscina pública perto de sua casa, bateu a cabeça e ficou mais de cinco horas desacordado.

Os médicos pediram para que ele parasse de andar de skate. Ele, naturalmente, não os atendeu.

Muito pelo contrário: convenceu o pai a construir uma rampa em sua casa, que passou a ser uma minimeca do esporte no começo dos anos 80. Em uma foto clássica, mais de 35 garotos estão alinhados com suas pranchas esperando a vez na rampa de Lance.

A trajetória de Lance, até aqui, pode perfeitamente ser contada pela trajetória do esporte: anos 80 de glórias e descobertas, anos 90 de incertezas e queda na popularidade, anos 2000 de oportunidades empresariais e lucros.

O problema é que Lance sempre foi um romântico incorrigível e não estava completamente convencido sobre a pegada altamente competitiva que o skate adquiriu a partir do final dos anos 90. Ele achava que o mercado havia ficado altamente predatório, que a rivalidade havia extrapolando fronteiras, que revistas e empresas ligadas ao setor estavam preocupadas somente com o lucro, e nem um pouco com a poesia do skate.

"Na minha época, quando um patrocinador nos dava uma prancha, ficávamos com ela por dois meses. Porque estávamos ligados a ela, havia uma história entre o homem e o material. Hoje, dou 20 pranchas a meus atletas e, uma semana depois, eles voltam pedindo mais."

Talvez Lance nunca tenha conseguido conviver com o progresso do esporte. Por isso, sua The Firm passou a investir em atletas que estavam despontando, gente que, como dizia Lance, poderia ficar no radar por 20 anos e, mais importante, ser ícone de uma nova geração. Porque ele estava convencido de que a poesia do esporte sobreviveria apenas se os ícones não morressem.

Mas Lance nunca se adaptou à vida empresarial. Por mais que sua "The Firm" conseguisse se sustentar com méritos, não era exatamente isso o que ele buscava da vida. Na carta em que explica seu afastamento, ele diz que poderia perfeitamente passar pelos próximos 15 anos fazendo com que sua empresa fosse linda no papel. Mas que não seria um homem feliz dessa forma. E que estaria fechando as portas e apagando a luz por um projeto mais nobre: andar de skate tanto quanto possível, e conhecer pessoas e lugares diferentes, enquanto ainda é jovem e saudável. "Ficar sentado atrás de uma mesa testemunhando minha barriga crescer não é, e nunca foi, meu sonho."

Mundial de surfe - WCT
"Em algum lugar do México" é a chamada da quinta etapa, e única que todo ano muda de locação, no Tour. Este ano o Rip Curl Pro está acontecendo nas fantásticas direitas de La Jolla. Raoni Monteiro e Kelly Slater, que estavam contundidos, voltaram a competir.

Mundial de surfe - WQS
O alagoano Marcondes Rocha venceu a 21ª etapa da divisão de acesso, o Billabong Costa do Sauípe. O americano Gabe Kling segue líder do ranking, que tem Neco Padaratz e Fabio Gouveia entre os 15 primeiros.

Go Skateboarding Day
Ontem foi o dia internacional do skate. Sandro Dias, que no domingo venceu a primeira etapa do LG Action Sports, teve motivos de sobra para comemorar.

E-mail: sarli@trip.com.br
 

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