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12/09/2006 - 10h34

Natação do Brasil pune atletas que treinam no exterior

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GUILHERME ROSEGUINI
da Folha de S.Paulo

Buscar aprimoramento técnico no exterior, prática seguida por boa parte das estrelas que a natação brasileira produziu, virou motivo para uma medida de repressão sem precedentes que causa celeuma entre dirigentes e atletas.

Tudo porque a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos decidiu não renovar os contratos de patrocínio de nadadores que treinam fora do país, mesmo que consigam bons resultados em torneios de elite.

Mais: a entidade não vai levar aos Jogos Sul-Americanos, competição programada para novembro, na Argentina, quatro representantes que conquistaram na piscina o direito de representar o Brasil. Gustavo Calado, Leonardo Martins, Lucas Azevedo e Phillip Morrinson vivem nos EUA.

Duas razões são apontadas como preponderantes por Coaracy Nunes, dirigente máximo da modalidade no país, para as penas estabelecidas: a falta de bons resultados obtidos por nadadores que estão no exterior e problemas com a estatal que despeja mais de R$ 7 milhões por ano nos esportes aquáticos.

"Os últimos atletas que saíram do Brasil ficaram uma lástima lá fora. E, além disso, eu pago todos com dinheiro dos Correios, uma empresa brasileira. Qual o retorno que eles vão ter lá fora?", afirma.

O próprio cartola reconhece, contudo, que o tema é polêmico. "Sei que muita gente não vai gostar. Dou a minha cara para bater. Não sei exatamente quantos atletas vão perder as bolsas, mas tenho convicção de que estou no caminho certo."

Um dos punidos é Lucas Salatta, que defende o Pinheiros e a seleção brasileira. Seu caso ajuda a entender os motivos de as ações da confederação gerarem debate. Ele treina na Universidade da Flórida, nos EUA, e explica que deixou o país para seguir os passos dos melhores.

"O Ricardo Prado e o Gustavo Borges, por exemplo, também treinaram fora do Brasil. Acho errado eu ficar sem patrocínio, sem incentivo", diz Salatta, que recebia R$ 2.000 da CBDA.

Nem é preciso resgatar os casos de Prado --recordista mundial dos 400 m medley em 1982-- e de Borges --quatro medalhas olímpicas entre 1992 e 2000-- para encontrar exemplos satisfatórios de quem aprimorou a técnica longe de casa.

Thiago Pereira, César Cielo Filho e Fabíola Molina, atletas mais premiados no Troféu Brasil, encerrado ontem, tiveram experiências no exterior.

"Também estamos cheios de casos de gente que brilha no Brasil, como o Kaio Márcio, nosso campeão do mundo dos 100 m borboleta, que vive e nada na Paraíba", pondera Ricardo Moura, diretor da CBDA.

Ele acredita que o Brasil pode oferecer hoje qualidade técnica e infra-estrutura adequada, situação impensável nas épocas de Prado e Borges.

"Nos últimos anos, os atletas saem daqui bons e voltam médios. Eles pioram. Eu quero ver sair do país um nadador médio e voltar bom", provoca Moura.

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