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21/12/2006 - 10h23

Portugal importa talentos no esporte e mira Brasil

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GUILHERME ROSEGUINI
da Folha de S.Paulo

Uma carta acaba de chegar às mãos de dirigentes brasileiros. O remetente é José Vicente Moura, presidente do Comitê Olímpico Português. O assunto: a oficialização de uma transferência de atleta, prática deflagrada por sua administração que não pára de render títulos e criar celeuma no esporte.

No documento que enviou ao Comitê Olímpico Brasileiro, Moura informa que registrou mais uma competidora nascida fora Portugal nas suas seleções.Trata-se de Luciana Diniz-Knippling, que vestiu uniforme verde-amarelo no hipismo durante os Jogos de Atenas-2004.

Sobrinha de Abílio Diniz, dono da rede de supermercados Pão de Açúcar, a amazona possui cidadania portuguesa e vive na Europa. É a situação que o cartola batiza de "ideal" para agir. "Eu não faço aliciamento de atletas, não saio por aí oferecendo dinheiro em troca de uma naturalização. Sou apenas favorável a buscarmos esportistas que tenham alguma ligação com Portugal e que estejam dispostos a nos representar", explica Moura à Folha.

Ele acredita que tal garimpo de talentos é a única forma de transformar sua nação numa referência, já que boa parte da população não tem "um biótipo ideal para o esporte". Assim, Moura passou a atuar em duas frentes: procurar prodígios entre a população de imigrantes e acompanhar atletas de ex-colônias que tenham alguma ligação com o seu país.

"Eles nos completam morfologicamente. Foi assim que nosso futebol se desenvolveu. Temos o Deco, do Brasil, e muitos outros. É assim que podemos crescer também no mundo olímpico", alega.
Resultados impactantes já apareceram. Em Atenas, o país levou a prata nos 100 m, a prova mais badalada do atletismo, com Francis Obikwelu.

Natural da Nigéria, o corredor estava insatisfeito com o tratamento que recebia na África. Como vivia e treinava em Portugal, consultou dirigentes sobre a possibilidade de uma transferência em 2001.
Menos de três anos depois, já empunhava a bandeira da nova pátria no pódio olímpico.

Casos como este chamam a atenção do Comitê Olímpico Internacional. Para evitar uma livre negociação de competidores, a maioria dos esportes estabelece períodos de carência para a troca de seleções --atletas precisam ficar, por exemplo, dois ou quatro anos sem vestir o uniforme do país natal.

Luciana Diniz não compete pelo Brasil desde a última Olimpíada, considera o período de afastamento cumprido e já fala como membro da seleção portuguesa. "Eles me ofereceram ótimas condições. Foi uma proposta irrecusável. Meus avós são de lá, tenho ligação com o país e recebi o apoio de que preciso", diz a atleta, 80ª colocada no ranking mundial.

Ela agora aguarda apenas assinatura de Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB, para não ter nenhum tipo de problema jurídico para saltar em Pequim. Questionado pela Folha se concederia ou não a autorização final à amazona, o comitê relatou que ainda "não deliberou sobre o assunto".

Competidores de elite com passagem por outras delegações, como o caso da brasileira, não são os únicos que interessam aos portugueses. Em categorias de base, a varredura também é disseminada.

Prova disso são os resultados obtidos por duas promessas em 2006. Vitaly Efimov não tem nome nem cara de português. Louro, olhos claros, imigrou com os pais da Rússia quando tinha 15 anos. Aprendeu com a mãe, uma ex-campeã soviética de tênis de mesa, os macetes com a bolinha e a raquete. Aos 18, já brilha. É o campeão dos Jogos da Lusofonia, que reúne países de língua portuguesa.

O outro destaque é Nelson Evora, que deixou a Costa do Marfim para se tornar, sob a bandeira de Portugal, campeão europeu júnior do salto triplo.

Especial
  • Leia o que já foi publicado sobre a seleção brasileira
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