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18/01/2001 - 22h40

Vasco joga com cabeça e bate fadiga do São Caetano

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da Folha de S.Paulo

O alerta foi feito pelo artilheiro Adhemar no final do primeiro tempo da partida de hoje: "A nossa condição física não é das melhores. Temos que tocar mais a bola e sair conscientemente para o contra-ataque".

O São Caetano das viradas impossíveis e dos gols inesgotáveis não teve como atender aos pedidos do seu artilheiro e, tendo tido apenas seis dias para se preparar para a final, cedeu ao toque de bola e à experiência do Vasco.

Os dois times adotaram estratégias distintas na final. O campeão Vasco, que interrompeu as férias dos seus jogadores e começou a se preparar para a decisão três dias antes do adversário, ainda assim preferiu "jogar parado".

Valendo-se da alta qualidade técnica dos seus jogadores, superior à do São Caetano, o Vasco evitou a correria e priorizou o toque de bola. Foi assim, trocando passes curtos, que marcou os seus dois primeiros gols.

O primeiro, numa trama entre Euller, Juninho, Romário e Juninho Pernambucano, com este finalizando para as redes.

O segundo, após dribles de Juninho, que rolou a bola para Jorginho Paulista concluir.

O gol que fechou o placar teve a marca de Romário, seu autor: malicioso, o atacante estava, como sempre, parado na área, fingindo-se de morto, quando recebeu a bola, ganhou do zagueiro Serginho e chutou rasteiro para garantir o quarto título brasileiro do Vasco e o primeiro dele.

Já o São Caetano repetiu o que fizera na final suspensa de 30 de dezembro. Iniciou a partida de maneira fulminante, diante de um Vasco inerte e incrédulo.

Mas, se começou dominando a posse de bola, a equipe de Jair Picerni era ao mesmo tempo atabalhoada e pouco eficiente.

O lateral-esquerdo César, um dos destaques do time na Copa João Havelange, mas que há menos de uma semana estava disputando um torneio de futebol de areia no Guarujá (litoral paulista), demonstrou isso aos 15min do primeiro tempo.

Ele arrancou pela esquerda, passou por Juninho Pernambucano e, quando todos pensavam que iria construir mais um ataque perigoso para o São Caetano, tropeçou sozinho, caindo na grama.

É verdade que a grama, nesse e em outros casos, também não ajudou. Plantada às pressas para que o Maracanã pudesse abrigar a remarcada final, estava curta e cheia de areia, fazendo levantar poeira nos lances mais ríspidos.

E, para além da areia, o preparo físico e a precipitação atrapalharam o São Caetano também no segundo tempo, quando, novamente, começou pressionando os vascaínos.

Mas, cansados, pouco treinados para a decisão e, em muitos casos, com a cabeça nos seus novos clubes, os jogadores de Jair Picerni não conseguiram reeditar as proezas que encantaram os brasileiros durante a Copa João Havelange _no próprio estádio do Maracanã, contra o Fluminense, no estádio Olímpico, contra o Grêmio, e no Parque Antarctica, contra o Palmeiras.

Para atrapalhar ainda mais o time paulista, mais do que o carioca, fazia sol, bastante sol, na tarde de verão no Rio de Janeiro -o jogo começou às 16h05, que, por causa do horário de verão, corresponde às 15h05.

À medida que o final do jogo ia se aproximando, o desespero do São Caetano foi tão grande quanto a retranca vascaína e a pressão dos cerca de 50 mil torcedores que apoiavam o time carioca.

Mas, nos minutos que antecederam o apito final do árbitro mineiro Márcio Rezende de Freitas, a afobação do São Caetano foi virando inércia.

O time de Jair Picerni não lembrava em nada aquele que sabia esperar o momento de virar as partidas e surpreender os favoritos. Era o sinal da desolação. Muitos jogadores caminhavam em campo a essa altura.

Autoproclamado "campeão moral" da Copa João Havelange, o time do ABC paulista terminou a final que não queria jogar atuando sem gosto.

Algo que já se notara nos dias que antecederam a decisão. Um misto de revolta contra o STJD e o establishment do futebol brasileiro e desdém por uma nova final, 19 dias depois da tragédia de São Januário, quando estavam "na ponta dos cascos".

Algo que pôde ser notado nas declarações de vários jogadores, sintetizadas numa do zagueiro Serginho ontem: "Não tem mais aquele encanto. Não tem mais aquele tchan de decisão, aquela coisa apimentada".

De fato, faltou ao São Caetano o tchan de uma decisão.
 

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