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13/03/2001 - 20h32

Reatados, Pelé e Teixeira prometem 'salvar' o futebol no país

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da Folha de S.Paulo

Em meio à maior crise institucional da história do futebol brasileiro, devassado por duas CPIs em Brasília, marcado por viradas de mesa e desacreditado pela opinião pública, antigos inimigos resolveram se aliar e hoje lançaram um pacote que, dizem os cartolas, vai salvar o esporte mais popular do país.

A entrada definitiva de Pelé na cúpula do poder do futebol, ao lado de seu ex-desafeto Ricardo Teixeira, teve sua materialização na assinatura da "bola da paz" _todos os dirigentes presentes deixaram seus nomes na bola que, segundo eles, é o ícone da chegada de novos tempos.

Os dois "donos da bola" do futebol brasileiro, que voltaram a se abraçar após quase oito anos de inimizade, apresentaram hoje uma série de propostas ao ministro Carlos Melles (Esporte e Turismo) que agracia aqueles que poderiam significar uma ameaça à hegemonia da dupla.

Os quatro tópicos fundamentais do documento entregue ao ministro Melles _também assinado pelo presidente do Clube dos 13, Fábio Koff, e por João Havelange, presidente de honra da Fifa- atende aos interesses dos grandes times, da TV Globo e das equipes que poderiam, juridicamente, melar o Brasileiro de 2001.

Os grandes clubes do país, representados na reunião por Fábio Koff, foram duplamente agraciados pelo documento.

Em primeiro lugar, ficou determinado que os times terão direito a ressarcimento financeiro na negociação de atletas menores de 23 anos _a Lei do Passe termina mesmo no dia 26 de março, mas será uma cópia do modelo europeu criado na semana passada pela Fifa e pela União Européia.

Além disso, o Clube dos 13 garantiu a permanência de todos os seus filiados na divisão de elite do Brasileiro -apesar do critério de desconsiderar a Copa JH e ter como base o Nacional de 1999, a CBF garantiu Bahia e Fluminense, que não eram da primeira divisão naquele ano, na elite.

A TV Globo, emissora que detém os direitos de transmissão do Brasileiro até 2005, também ficou com sua fatia no bolo.

Apesar de não ter conseguido emplacar seu número de participantes ideal no Brasileiro-2001 (24), ganhou a promessa de que será atendida a partir de 2002. Para este ano, o Nacional terá 26 clubes, sem o São Caetano, vice-campeão da Copa JH.

Outra exigência antiga da Globo, a formulação de um calendário "racional" para o futebol, foi contemplada. Os dirigentes anunciaram que, até o fim de abril, divulgarão um calendário detalhado do quadriênio 2002/2005. "Nossa primeira tarefa, que era racionalizar o primeiro semestre, já fizemos. Precisamos agora acertar o resto", afirmou o presidente da CBF.

Uma das medidas que deverão ser adotadas coloca em xeque a Copa Mercosul. Os clubes não poderão disputar, no mesmo semestre, a Mercosul e o Brasileiro. Com isso, as principais equipes do país, garantidas no Brasileiro, não poderão jogar a competição internacional. Os dois campeonatos serão no segundo semestre.

De acordo com Teixeira, a única solução seria mudar as datas da competição internacional.

J. Hawilla, dono da Traffic, que tem os direitos de transmissão da Mercosul, afirmou desconhecer essa determinação. "Acho impossível isso acontecer. As datas da Mercosul se encaixam perfeitamente com o Brasileiro, que terá jogos só aos sábados e domingos", disse Hawilla.

O empresário disse que não tem nenhuma garantia contratual que impeça a medida. A Mercosul será transmitida pela Bandeirantes, cujo departamento de esportes é controlado pela Traffic.

A última parcela que poderia incomodar a dupla Pelé-Teixeira, a dos clubes "rebeldes», também foi atendida pelos dirigentes.

Com medo da repetição do "caso Gama", que redundou na criação da Copa JH, a CBF resolveu incluir no Brasileiro-2001 todos os clubes que poderiam pleitear na Justiça o direito de participar da primeira divisão _casos do clube do DF, do Paraná, da Ponte Preta, do Botafogo-SP e do Santa Cruz.

O ministro Melles, acompanhado de seus colegas de governo José Gregori (Justiça) e Gilmar Mendes (Advogado Geral da União), aprovou o documento dos cartolas na íntegra.

Assim, atendendo aos interesses de todos os principais setores do futebol, pregando a união para a melhoria do esporte e propondo a realização da Copa de 2010 no Brasil, Pelé e o presidente da CBF selaram "um pacto para mudar o futebol brasileiro".

Mais do que isso, assumiram publicamente a responsabilidade para tirar da lama o esporte nacional. Conseguindo isso, acreditam, os dois entrarão para a história como os maiores "salvadores da pátria de chuteiras".
 

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