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20/04/2001 - 07h43

Luxemburgo faz força para pensar só no Corinthians

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da Folha de S.Paulo

Os problemas extracampo voltaram na mesma semana em que Wanderley Luxemburgo levou o Corinthians à zona de classificação do Campeonato Paulista.

Mas o técnico faz força para não se abalar, ressaltando que seu objetivo é ganhar do União São João, domingo, e levar o time adiante.

"Eu só falo de futebol", afirmou Luxemburgo no início da entrevista, ontem, no Parque São Jorge.

As pendengas judiciais _acusações de falsidade ideológica, de evasão de divisas, de sonegação fiscal, e uma ação da ex-secretária Renata Alves_ mais as recentes denúncias relacionando seu nome a um suposto calote de R$ 500 mil em ex-sócio não interferem no seu trabalho, declarou.

Com o Corinthians, Luxemburgo retomou o caminho do sucesso no futebol, como nos melhores momentos de sua carreira _antes do início da crise à frente da seleção, que teve desfecho na eliminação da Olimpíada de Sydney.

"Esse grupo [time do Corinthians] não conquistou nada."

A seguir, embora contra sua vontade, Luxemburgo fala de si, da sua família e até da seleção, além de sua volta ao Corinthians.

Folha - O que aconteceu com o time que perdeu dez partidas seguidas na Copa JH?
Luxemburgo - Da mesma forma que se perde dez, ganha-se. Este grupo estava devendo muito ao clube, apesar dessa dívida ser um pouco difícil de entender. Mas futebol é momento, e eu disse para eles: esqueçam os títulos que vocês ganharam; os troféus estão no clube e o dinheiro no bolso. Temos que buscar novas conquistas. Ainda não ganhamos nada.

Folha - E as nove vitórias seguidas?
Luxemburgo - Não adiantarão nada se a gente perder domingo para o União São João.

Folha - O elenco é bom?
Luxemburgo - Tem jogadores que poderiam estar na seleção. Todas as equipes têm virtudes e defeitos. A equipe é jovem no meu processo de trabalho.

Folha - E o Muller?
Luxemburgo - Ele é um dos jogadores fora de série com quem eu já trabalhei. Acho que vai ajudar muito o Corinthians.

Folha - Tanto quanto o Luizão vai fazer falta?
Luxemburgo - Não comparo. O Muller tem 35 anos, mas não teve contusão séria.

Folha - Até que ponto o fracasso olímpico lhe prejudicou?
Luxemburgo - Eu sou o mesmo Wanderley Luxemburgo que trabalhou no Bragantino, no Palmeiras e no Corinthians. Eu sempre relembro isso quando me perguntam sobre a boa fase atual do Corinthians. Não fui só treinador da seleção, tenho uma história.

Folha - O brasileiro não tem memória?
Luxemburgo - É a cultura do Brasil. Não só no futebol.

Folha - Quando você voltou ao Corinthians, parte da torcida não aprovou. Isso mudou. Torcida também não tem memória?
Luxemburgo - Eu discordo. Eu não tive essa rejeição toda.

Folha - Mas a diretoria armou um esquema especial na sua chegada para que a torcida não o vaiasse.
Luxemburgo - Isso foi uma preocupação normal. Não vejo nenhum problema nisso. Eu vinha de uma derrota na Olimpíada.

Folha - Pesou para você deixar a seleção, além da derrota na Olimpíada, a sua vaidade?
Luxemburgo - As críticas eram por interesse. Como se o meu terno fosse muito importante. Não sou tonto, existia provocação.

Folha - Como é o seu relacionamento com a imprensa?
Luxemburgo - A relação com a imprensa é um jogo de interesses, de inteligência. A imprensa me usa para perguntar o que quer, e eu uso a imprensa para responder o que eu quero. No geral falam que eu sou vaidoso, mas ninguém me conhece. Eu simplesmente não me preocupo com isso. Falo o que eu acho que eu devo falar sem me preocupar com que os outros vão pensar de mim.

Folha - Você acha que ser agressivo adianta?
Luxemburgo - Eu tento inibir os repórteres que fazem perguntas que eu não quero responder. Não é por isso que eles podem me chamar de pedante e petulante. Os jornalistas que não tem coragem para me enfrentar, consideram a minha atitude arrogante, mas não é. Eu tenho que responder o que me convém. É um conflito constante, um jogo de inteligência.

Folha - Você tem várias pendências jurídicas. Como tudo isso influencia no seu trabalho?
Luxemburgo - Em nada. Sou um cidadão brasileiro como outro qualquer. Tenho os meus problemas e gente para cuidar deles.

Folha - A CPI é um instrumento válido para melhorar o futebol?
Luxemburgo - Não só o futebol. Sou brasileiro e enxergo o Brasil do jeito que ele é. Se a CPI do Futebol existe, é porque ela pode existir, pode ser instalada. Faz parte da política do país.

Folha - Vai dar algum resultado prático?
Luxemburgo - Não vou falar sobre isso. Ela é válida porque ela existe. Mas não quero falar de CPI, vamos falar do Corinthians.

Folha - Como é que a sua família lida com as críticas?
Luxemburgo - Nunca me passaram nada. Minha esposa conseguiu separar bem as coisas: futebol é futebol, casa é casa.

Folha - E como ela reage em relação às acusações de casos extraconjugais que você teria mantido com a sua ex-secretária Renata Alves e com a filha do seu ex-sócio, a Simone de Souza?
Luxemburgo - Temos um casamento de 28 anos, não 28 dias. Temos filhas moças. Minha mulher sabe que tudo isso é mentira. Não quero falar sobre isso, a Jô [Josefa, mulher do treinador] sabe quem eu sou.

Folha - O Brasil ganhará do Peru?
Luxemburgo - Claro.


Folha - O Rivaldo tem sido vaiado pela torcida brasileira. Ele estará fora da próxima partida da seleção. É bom, para ele, dar um tempo?
Luxemburgo - O tempo serve para tudo. Não só para o jogador.


Folha - O Brasil vai se classificar?
Luxemburgo - Claro, e é um forte candidato ao título no Mundial.


Folha - O que você aprendeu na seleção?
Luxemburgo - Foi uma grande experiência. Na seleção eu não tinha tempo para trabalhar, o que sempre tive nos clubes. O que mudou a história foi o fatídico jogo contra Camarões [derrota que eliminou o Brasil da Olimpíada]. Mas, se o juiz tivesse validado o gol do Fabiano, que foi legal, estaríamos falando de outra coisa agora... Essa dificuldade que eu tive, o Leão já está tendo. Não dá para criar uma tática em três dias.


Folha - Você fala em voltar à seleção. Quando você acha que isso pode acontecer?
Luxemburgo - No dia em que o cargo da seleção estiver vago, quero ser um dos nomes cotados.

(MARÍLIA RUIZ e
EDGARD ALVES)
 

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