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10/05/2001 - 22h40

Nova era do futebol brasileiro começa com repetição de antigos vícios

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da Folha de S.Paulo

A "nova era" do futebol brasileiro começou oficialmente hoje no Rio de Janeiro com a repetição de vícios da "era passada": atrasos, panos quentes, disputas comerciais, promessas e ameaças.

A tabela do Brasileiro deste ano, anunciada pelo presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e pelo ministro Carlos Melles (Esportes e Turismo), tem como principal objetivo apagar incêndios e dar fôlego para que os líderes do setor continuem em busca de uma fórmula que concilie seus interesses.

O torneio terá mesmo 28 times na primeira divisão, será disputada em turno único -os quatro primeiros passam às semifinais e os quatro últimos são rebaixados- e os jogos serão nos finais de semana e às quartas e quintas.

A disputa começará em julho, com jogos antecipados Palmeiras, participante de Mundial de Clube, em agosto.

Em 1º de agosto, os demais times entrarão no torneio, que está previsto para acabar no dia 23 de dezembro.

Já o plano quadrimestral, prometido em março -essa sim a grande novidade do futebol no Brasil- ainda não está pronto.

A disputa entre Rede Globo e Traffic/Bandeirantes por direitos de transmissão no segundo semestre de cada ano inviabiliza, pelo menos por enquanto, a elaboração do calendário.

Assim, a formulação de um calendário "racional" para o futebol, que englobe os anos de 2002 a 2005, considerada prioridade e com data de apresentação prometida para até o fim de abril, foi adiada em mais de um mês e meio, para o dia 30 de junho.

Em março, os principais líderes do futebol se encontraram em Brasília para selar um pacto de modernização. Na ocasião, o primeiro cronograma foi definido. Mas hoje, foi divulgada apenas a tabela do Brasileiro de 2001.

A explicação dada por Teixeira é que as decisões não podem ser tomadas sem consulta à Fifa e à Confederação Sul-Americana, o que ainda não teria ocorrido por falta de tempo e oportunidade.

O ministro Melles, principal articulador do encontro, conhecido como "pacto da bola", deixou claro que irá cobrar a apresentação de um plano até o final de junho.

"Tenho a palavra deles. Se eles não fizerem, eles saem", ameaçou Melles, referindo-se a Teixeira, Fábio Koff, presidente do Clube dos 13 (principal associação de times), e Francisco Baptista, do Clube Brasil, que reúne as equipes da segunda divisão.

A maior pendência é a dúvida quanto à extinção da Mercosul, competição sul-americana agendada para o segundo semestre.

Neste ano, será mantido o torneio, cujos direitos de transmissão são da Traffic, do empresário J. Hawilla, parceiro da CBF.

A Rede Globo, concorrente da Traffic e detentora dos direitos do Brasileiro, que também é disputado no segundo semestre, quer o fim da Mercosul, a partir de 2002.

A tese parece ter o apoio da CBF, que pretende aumentar de quatro para seis ou sete o número de times brasileiros na Libertadores e enfraquecer a Mercosul. "O Brasil e a Argentina têm mais peso. Vamos usar nossa força para aumentar o número de participantes", disse Teixeira.

Questionado se isso era um indicativo de apoio à Globo, o dirigente disse: "Isso não é indicativo de nada". Teixeira, porém, também defende a prioridade para o Brasileiro no segundo semestre.

Segundo anunciado hoje, nenhum clube poderá jogar mais de duas vezes por semana, nem deverá haver tabelas superpostas, o que praticamente inviabiliza a realização da Copa Mercosul.

Hawilla participou do lançamento junto com Teixeira, Melles, Marcelo de Campos Pinto, diretor da Globo Esportes, braço da emissora no setor, Koff e Baptista.

Os dois representantes dos interesses de TVs não chegaram a um acordo sobre o futuro. "Aumentar a Libertadores e acabar com a Mercosul é uma idéia, mas precisa ser estudada", afirmou Hawilla. "O Brasileiro é o principal produto do nosso futebol. Ele deve ser único", disse Campos Pinto.

Em meio à disputa, Teixeira disse que novos estudos definirão o plano quadrimestral. "Temos que esperar o calendário da Fifa."
 

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