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09/07/2001 - 20h18

Colômbia aumenta esquema de segurança para a Copa América

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da Folha de S.Paulo

O esquema de segurança da Copa América, se já era "monstruoso", conforme definição de Aldemar Bedoya, um dos principais responsáveis pela operação, cresceu ainda mais nas últimas horas.

Além de um aumento no número de policiais envolvidos -de 15 mil para 20 mil-, houve um acréscimo no contingente do serviço secreto colombiano.

Ao todo, serão 3.000 agentes na operação -antes eram 2.500-, distribuídos pelas sete sedes do torneio, que começa quarta-feira à noite.

Em Cali, cidade a 470 km a sudoeste de Bogotá que abrigará os três primeiros jogos do Brasil, ficarão concentrados 520 homens do serviço secreto. Além de ajudar na proteção às seleções brasileira, mexicana, paraguaia e peruana, eles farão a fiscalização dos campos de treinamento, dos principais hotéis da região e do estádio Pascual Guerrero.

Um dos sete responsáveis pelo esquema de segurança durante o torneio, Aldemar Bedoya disse à Folha de S.Paulo, por telefone, não crer que "nada de anormal ocorra na Copa América".

"As providências foram todas tomadas. Desde agentes especializados em ações anti-sequestro e anti-distúrbios até o Exército, que já está em estado de prontidão, e a consultoria de uma empresa norte-americana especializada em casos de sequestro, tudo foi pensado", comentou.

O chefe de segurança, que hoje estará em Cali à espera da seleção brasileira, disse que, no fim de semana, a polícia colombiana, o serviço secreto e as forças militares fizeram uma ampla vistoria na cidade e na vizinhança para evitar possíveis ações terroristas.

A Colômbia vive situação de guerra civil, com áreas divididas entre o governo de Andrés Pastrana, as Forças Armadas Revolucionárias, conhecidas como Farc, o Exército de Libertação Nacional (ELN) e as forças paramilitares.

Desde a década de 60 a zona rural do país é dominada por movimentos guerrilheiros marxistas, que mais tarde passariam a se manter com dinheiro de impostos cobrados de narcotraficantes e da indústria de sequestros.

Fazendeiros e militares criaram, então, milícias para combater os guerrilheiros de esquerda, embora hoje sejam eles também financiados pelo tráfico de drogas.

A seleção brasileira, para facilitar o serviço de segurança da Colômbia, decidiu se concentrar num hotel afastado, reservado exclusivamente para ela. O escolhido foi o Casa de Alféres, no bairro residencial de Juanambu, localizado no setor norte de Cali. A delegação irá ocupar 45 dos 60 quartos, tendo disponibilizado os outros 15 para agentes de segurança.

Acompanhando a delegação do Brasil, viajaram ainda integrantes da Polícia Federal, a fim de acompanhar o time, enquanto em solo colombiano, por período integral.

A equipe terá que se deslocar quase que diariamente para o bairro Cascajal, no sul da cidade, onde fica o Centro de Treinamento do América de Cali. O local conta com três campos de futebol, um ginásio e uma piscina.

Foram planejados, de acordo com a polícia colombiana, seis caminhos alternativos, a fim de dificultar eventual ação terrorista.

Mas, apesar das precauções que os colombianos tomaram, os sequestros no país não devem parar. A própria Federação Colombiana de Futebol reconheceu, por intermédio de sua assessoria de imprensa, que a questão foge de sua alçada.

O que ela é diz que a organização fez foi "o possível e o impossível para evitar qualquer incidente com as delegações, a imprensa e os convidados estrangeiros".

Ainda ontem, por exemplo, foi assassinado um jornalista colombiano -Jorge Enrique Urban-, numa área de conflito entre as Farc e as milícias paramilitares. Na sexta-feira, horas depois da confirmação da realização da Copa América na Colômbia, um outro repórter -Jose Dubiel Vasquez- também foi assassinado.

Mesmo assim, há quem ache que tudo não passa de sensacionalismo da imprensa. J. Hawilla, dono da Traffic, agência que detém os direitos de comercialização do torneio, disse que "estão fazendo terrorismo".

"Na Olimpíada de Atlanta teve bomba. E em São Paulo, não há perigo?", perguntou o executivo, que poderia ter perdido quase US$ 10 milhões se a Copa América fosse transferida para o ano que vem, como chegou a ser acertado após o sequestro de Henán Mejía Campuzano, vice-presidente da Federação Colombiana.
 

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