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22/07/2001
-
00h15
FERNANDO MELLO
da Folha de S.Paulo
Durante pelo menos três anos, as TVs Globo e Bandeirantes se obrigaram, por contrato, a "promover" o Campeonato Brasileiro em seus programas jornalísticos.
Contrato firmado entre as duas emissoras e o Clube dos 13 em 1997, a que a Folha teve acesso, mostra o principal torneio de futebol do país, antes ferramenta na disputa por audiência, como produto a ser exaltado pela TV. E, para tanto, transformá-lo em "notícia" dentro de um telejornal.
Diz a cláusula 12ª do contrato: "As cessionárias [Globo e Bandeirantes] assumem o compromisso de promover o Campeonato Brasileiro de Futebol e os seus jogos não só durante as transmissões como também por meio de notícias e matérias esportivas".
Ou seja: havendo relevância jornalística ou não, as TVs estavam, por contrato, obrigadas a envidar esforços para atrair o telespectador ao espetáculo futebol.
Pelas três edições do Brasileiro, as duas emissoras pagaram à entidade que reúne os 19 maiores clubes do país um total de US$ 105,6 milhões (o que hoje equivale a cerca de R$ 260 milhões).
Segundo a Folha apurou, o contrato atual _firmado no final de 1999 apenas entre Globo e Clube dos 13 e válido até 2005_ não inclui a cláusula de "promoção".
Ela foi substituída por inserções comerciais de 30 segundos que, segundo Fábio Koff, presidente do Clube dos 13, chegam a um valor de US$ 12 milhões.
"Os clubes passaram a ter um espaço em horário nobre sem que para isso tivessem que desembolsar uma grande soma em dinheiro", afirma o dirigente gaúcho.
Hoje, o Brasileiro é o carro-chefe da programação esportiva da principal emissora do país.
Tanto que, desde o início do ano, o diretor da Globo Esportes, Marcelo de Campos Pinto, fez pressão para que a Copa Mercosul fosse excluída do calendário quadrienal do futebol brasileiro.
A disputa para impedir os clubes brasileiros de disputar o torneio promovido pela Traffic, de J. Hawilla, chegou ao ponto de a Globo ameaçar romper o contrato com o Clube dos 13 _ e cobrar multa de R$ 50 milhões_ se os times tivessem que alterar datas de seus jogos por causa da Mercosul.
"O fundamental para o futebol brasileiro é preservar o Campeonato Brasileiro, a estrela maior de nosso calendário", declarou Campos Pinto em maio, quase um mês antes de os "notáveis" atenderem ao seu desejo.
Hoje, a Globo detém direitos de televisionamento de todos os eventos importantes do calendário. Seus críticos, incluindo o deputado federal e presidente do Vasco, Eurico Miranda (PPB-RJ), dizem que o monopólio da emissora é lesivo ao esporte nacional.
"O calendário é feito só para atender à grade de programação da Globo. Os clubes e os torcedores são um detalhe", diz Eurico.
Mas não é apenas sobre os clubes que a mais poderosa emissora do país tem ingerência.
Conforme a Folha revelou há quase um mês, contrato firmado entre a CBF e a Globo dá à empresa os direitos de interferir em datas e horários de jogos da seleção brasileira para adequá-los à sua grade de programação, de exigir para si a mais ampla cobertura jornalística das partidas da equipe e de entrevistar com exclusividade atletas e membros da comissão técnica logo após os jogos.
Segundo a Globo, o contrato não significou prejuízo algum a sua imparcialidade jornalística.
Promover Brasileiro vira 'notícia' em contrato de TV
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da Folha de S.Paulo
Durante pelo menos três anos, as TVs Globo e Bandeirantes se obrigaram, por contrato, a "promover" o Campeonato Brasileiro em seus programas jornalísticos.
Contrato firmado entre as duas emissoras e o Clube dos 13 em 1997, a que a Folha teve acesso, mostra o principal torneio de futebol do país, antes ferramenta na disputa por audiência, como produto a ser exaltado pela TV. E, para tanto, transformá-lo em "notícia" dentro de um telejornal.
Diz a cláusula 12ª do contrato: "As cessionárias [Globo e Bandeirantes] assumem o compromisso de promover o Campeonato Brasileiro de Futebol e os seus jogos não só durante as transmissões como também por meio de notícias e matérias esportivas".
Ou seja: havendo relevância jornalística ou não, as TVs estavam, por contrato, obrigadas a envidar esforços para atrair o telespectador ao espetáculo futebol.
Pelas três edições do Brasileiro, as duas emissoras pagaram à entidade que reúne os 19 maiores clubes do país um total de US$ 105,6 milhões (o que hoje equivale a cerca de R$ 260 milhões).
Segundo a Folha apurou, o contrato atual _firmado no final de 1999 apenas entre Globo e Clube dos 13 e válido até 2005_ não inclui a cláusula de "promoção".
Ela foi substituída por inserções comerciais de 30 segundos que, segundo Fábio Koff, presidente do Clube dos 13, chegam a um valor de US$ 12 milhões.
"Os clubes passaram a ter um espaço em horário nobre sem que para isso tivessem que desembolsar uma grande soma em dinheiro", afirma o dirigente gaúcho.
Hoje, o Brasileiro é o carro-chefe da programação esportiva da principal emissora do país.
Tanto que, desde o início do ano, o diretor da Globo Esportes, Marcelo de Campos Pinto, fez pressão para que a Copa Mercosul fosse excluída do calendário quadrienal do futebol brasileiro.
A disputa para impedir os clubes brasileiros de disputar o torneio promovido pela Traffic, de J. Hawilla, chegou ao ponto de a Globo ameaçar romper o contrato com o Clube dos 13 _ e cobrar multa de R$ 50 milhões_ se os times tivessem que alterar datas de seus jogos por causa da Mercosul.
"O fundamental para o futebol brasileiro é preservar o Campeonato Brasileiro, a estrela maior de nosso calendário", declarou Campos Pinto em maio, quase um mês antes de os "notáveis" atenderem ao seu desejo.
Hoje, a Globo detém direitos de televisionamento de todos os eventos importantes do calendário. Seus críticos, incluindo o deputado federal e presidente do Vasco, Eurico Miranda (PPB-RJ), dizem que o monopólio da emissora é lesivo ao esporte nacional.
"O calendário é feito só para atender à grade de programação da Globo. Os clubes e os torcedores são um detalhe", diz Eurico.
Mas não é apenas sobre os clubes que a mais poderosa emissora do país tem ingerência.
Conforme a Folha revelou há quase um mês, contrato firmado entre a CBF e a Globo dá à empresa os direitos de interferir em datas e horários de jogos da seleção brasileira para adequá-los à sua grade de programação, de exigir para si a mais ampla cobertura jornalística das partidas da equipe e de entrevistar com exclusividade atletas e membros da comissão técnica logo após os jogos.
Segundo a Globo, o contrato não significou prejuízo algum a sua imparcialidade jornalística.
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