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26/08/2001 - 08h36

Brasil, após ano perdido, segue sem rumo olímpico

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ADALBERTO LEISTER FILHO,
EDUARDO OHATA e
MARIANA LAJOLO

da Folha de S.Paulo

Passado quase um ano do fracasso brasileiro nos Jogos de Sydney-2000, a situação do esporte olímpico do país prossegue quase inalterada, com o acúmulo de sucessivos reveses.

No ano passado, mesmo levando uma delegação com 205 atletas, o Brasil não conseguiu nenhum ouro na Olimpíada _foram seis pratas e seis bronzes.

Desde então, muitas participações brasileiras em Mundiais não resultaram em conquistas de medalhas, como nos casos do atletismo, natação, judô, boxe, handebol e tênis de mesa, entre outros esportes (leia quadro ao lado).

Apesar de o Brasil ter experimentado sucesso em algumas modalidades (iatismo, tênis, vôlei e vôlei de praia), o balanço dos resultados é desanimador, levando-se em conta que Carlos Arthur Nuzman, presidente do COB (Comitê Olímpico Brasileiro), disse, ao assumir em 1995, que sua meta era fazer do Brasil uma potência olímpica em até oito anos.

Após o vexame em Sydney, o dirigente pediu mais verbas para financiar a preparação dos diversos esportes visando resultados melhores na próxima Olimpíada.

O apelo de Nuzman serviu para a aprovação, pelo Senado, em junho deste ano, de uma lei que prevê o repasse de 2% da arrecadação das loterias da CEF (Caixa Econômica Federal) para o COB e para o CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro). O projeto recebeu sanção presidencial no mês passado.

Com isso, as entidades receberão uma verba anual de cerca de R$ 40 milhões, sendo que 85% (R$ 34 milhões) irão para o COB e 15% (R$ 6 milhões) para o CPB.

"É inadmissível o Brasil ser a décima economia do mundo e ter um resultado medíocre na Olimpíada", afirmou o senador Pedro Piva (PSDB-SP), autor da lei.

Segundo a assessoria de imprensa da CEF, levando-se em conta que a arrecadação das loterias no primeiro semestre se repetirá no segundo, o COB receberia, neste ano, R$ 15,585 milhões referentes ao período entre agosto e dezembro. Seriam encaminhados ao CPB R$ 2,749 milhões.

A verba, que será gerenciada pelo COB (R$ 270 mil estão em uma conta criada pela entidade), ainda não tem data para ser transformada em benefícios às confederações, pois a entidade ainda necessita fazer acertos com o TCU (Tribunal de Contas da União).

No entanto, na opinião de Nuzman, os novos recursos não serão suficientes. Em um diagnóstico das confederações olímpicas, apresentado em maio, o COB pediu R$ 103,4 milhões só para 2001. Ou seja, pelo estudo, a entidade arrecadaria, com a Lei Piva, apenas 15% do que diz precisar.

"O valor [das loterias] não resolve os problemas do esporte brasileiro. Não dá para realizar trabalho de base, preparação para competições internacionais. Por isso, as confederações podem e devem prosseguir com os pedidos de verba junto ao Ministério dos Esportes", recomendou Nuzman.

Para eliminar a necessidade de as confederações terem de recorrer ao governo, o dirigente defendeu, insistentemente, a edição de uma lei de incentivo fiscal ao esporte nos moldes da Lei Rouanet, que beneficia projetos culturais.

Porém a criação de outra lei em benefício do esporte encontra reservas até de quem apoiou a luta de Nuzman por mais recursos.

"A verba das loterias é a maior que o COB irá receber em toda a história. A entidade primeiro precisa mostrar serviço em Atenas, para depois reivindicar mais recursos", analisou Piva.

Se os bons resultados nos próximos anos são essenciais para o COB provar a necessidade de mais investimentos, a previsão não é otimista, segundo o secretário nacional de esportes, Lars Grael. "Atenas irá repetir a campanha de Sydney. Esse dinheiro dará resultado em 2008 ou 2012."

O senador Piva também teme que os escândalos financeiros do futebol, investigados por duas CPIs, uma na Câmara (já encerrada) e outra no Senado, cheguem aos esportes olímpicos.

"Minha maior preocupação é fazer com que o dinheiro seja bem utilizado. Por isso, coloquei o principal órgão fiscalizador do Estado, o TCU, para controlar o dinheiro", completou Piva.
 

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