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01/11/2001 - 00h00

Manobra do PMDB favorece cúpula da CBF em CPI

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da Folha de S.Paulo

Em manobra liderada pelo PMDB, que teve a intervenção até de um ministro do governo FHC, senadores da CPI do Futebol aprovaram hoje requerimento que pôs fim à fase de depoimentos da comissão.

A medida rachou a CPI e beneficiou a CBF, um dos principais alvos da investigação do Senado, iniciada em outubro de 2000.

O presidente, Álvaro Dias (PDT-PR), e o relator, Geraldo Althoff (PFL-SC), pretendiam interrogar o secretário-geral da CBF, Marco Antonio Teixeira, tio de Ricardo Teixeira, presidente da entidade desde 1989.

Outra opção seria ouvir o depoimento de Alfredo Nunes, que preside de maneira interina a confederação. Mas requerimento do senador Maguito Vilela (PMDB-GO), endossado pelos senadores de seu partido, pôs fim à votação de novos depoimentos.

Até o ministro da Integração Nacional, senador Ney Suassuna (PMDB-PB) -que já foi nomeado, mas ainda não tomou posse-, apareceu para votar com Maguito, pois ainda integra a CPI.

Até hoje, Dias, Althoff e seus aliados dentro da comissão vinham aprovando com facilidade as medidas que achavam necessárias para as investigações.

Ricardo Teixeira, um dos principais alvos da CPI, está afastado da CBF até o início do ano e não prestará novo depoimento na comissão por conta de um atestado médico, segundo o qual ele não pode ser submetido a situações de estresse, sob risco de ver agravado seu problema cardíaco.

Suassuna, Vilela, Gerson Camata (PMDB-ES) e Gilvam Borges (PMDB-AC), justificaram o requerimento que pôs fim aos interrogatórios alegando que a CPI já tem em mãos informações suficientes para concluir seu relatório final, com data de apresentação marcada para 5 de dezembro.

A derrota de Dias e Althoff só não foi maior porque, também numa manobra, eles apresentaram requerimento que havia sido aprovado em abril e obrigará Oswaldo Ferreira, um dos responsáveis pelo setor financeiro da CBF, a depor no próximo dia 8.

O presidente da CPI disse que o requerimento de Maguito não tinha caráter retroativo, marcou o depoimento de Ferreira e encerrou a sessão sob protestos.

"Não é o que nós queríamos, mas é uma oportunidade de tentarmos esclarecer as muitas dúvidas acumuladas pela CPI sobre a movimentação da CBF", declarou Dias ontem.

A decisão desagradou Borges e Camata, que acusaram o relator e o presidente de conduzirem a CPI de maneira ditatorial.

"O plenário da CPI não conhecia o requerimento de convocação apresentado pelo relator. Isso está errado", disse Borges.

Althoff disse que a CPI não pode abrir mão de esclarecer graves denúncias e suspeitas contra a entidade. Ele ressaltou ainda que o depoimento de Ferreira é um direito de defesa concedido à CBF.

Apesar de ser obrigada a enviar Ferreira para o depoimento, a CBF evitou o que mais temia, o depoimento de Marco Antonio Teixeira na CPI.
A entidade acreditava que o secretário-geral da entidade seria exposto à pressão dos senadores sem ter poderes para esclarecer todas as questões.

Segundo Dias, 11 senadores compareceram à sessão de ontem da CPI do Futebol, em um cenário incomum nos últimos meses de trabalho da comissão, que vinha aprovando seus requerimentos por meio do recolhimento de assinaturas dos senadores ligados a Dias e Althoff.

Desde o depoimento de Ricardo Teixeira, em dezembro do ano passado, as reuniões da CPI contavam quase sempre com a participação apenas do relator, do presidente e de alguns assessores.

A CPI do Futebol é formada por 13 senadores dos principais partidos do Senado. Na ausência dos titulares, votam os suplentes.

A CBF e seu presidente, Ricardo Teixeira, são investigados por sonegação fiscal, evasão de divisas, lavagem de dinheiro e apropriação indébita.

Em seu primeiro depoimento no Senado, o dirigente, que também foi investigado pela Câmara, negou todas as irregularidades.
 

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