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11/11/2001 - 10h43

Caça-níquel e política banalizam a seleção brasileira

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PAULO COBOS
da Folha de S.Paulo

Pressionada por seu contrato com a multinacional Nike, com uma obsessão de disputar qualquer competição, a serviço de interesses políticos e compromissada com uma série de jogos caça-níqueis, a seleção brasileira atua nos dias de hoje muito mais do que as outras equipes que já foram campeãs do mundo.

Desde 1994, quando ganhou a Copa dos EUA e projetou novamente seu nome pelo planeta, o Brasil entrou em campo 137 vezes.

Isso pelos números da Fifa, que não considera partidas de times olímpicos e amistosos contra clubes, outras marcas da administração da CBF na última década.

Esse índice supera com folga o calendário de todas as outras equipes que já tiveram o sabor de ganhar uma Copa.

Quem chega mais perto do Brasil no número de partidas realizadas é a Alemanha, que ainda assim disputou 34 jogos a menos do que o rival sul-americano.

Outras equipes, como a Inglaterra, fizeram apenas 60% dos confrontos realizados pelos brasileiros desde o Mundial de 1994.

A exposição da seleção parece não ter afetado sua marca, pois neste ano a CBF fechou um contrato milionário, de 18 anos, com a multinacional de bebidas AmBev. Já o desempenho técnico da equipe despencou. E, o mais sintomático, algumas derrotas aconteceram justamente contra adversários inventados.

Se jogou muito por disputar diversas competições até o final e por ser uma espécie de embaixatriz do futebol no mundo, a seleção também gastou tempo em amistosos inusitados, contra times com quase nenhuma tradição no futebol, como a Tailândia.

No ano passado, a seleção, então dirigida por Wanderley Luxemburgo, foi até o país asiático na ânsia de angariar votos na campanha do Brasil para abrigar a Copa do Mundo de 2006, que acabou fracassada.

Excursões para jogos no Japão, Coréia do Sul e Estados Unidos, escolas sem tradição no futebol mundial e que não entravam no roteiro da seleção há até poucos anos, também passaram a fazer parte do programa na atual administração da CBF.

Em março último, sob o comando de Emerson Leão, a seleção fez uma excursão à América do Norte, após o treinador ter pedido para disputar amistosos contra adversários do Brasil nas eliminatórias. Não teve jeito, os rivais foram os norte-americanos, patrocinados pela Nike, e o México.

Por força de contrato, a Nike, parceira da CBF desde 1996, tem o direito de marcar 50 amistosos da seleção em dez anos de contrato. O time verde-amarelo é a principal estrela da empresa no futebol.

Entre os jogos que foram oferecidos pela CBF à Nike, estão os já antológicos amistosos contra o Equador, em Washington (EUA), em 1998, e contra a Coréia, no início do ano passado.

Contra clubes, a seleção brasileira enfrentou, em 1999, o Barcelona (ESP), pelo centenário do time catalão.

Alguns jogos do time nacional chegaram a ser investigados pela CPI da CBF/Nike, que funcionou no Congresso, e pela CPI do Futebol, no Senado.

Havia a suspeita de que empresários e agências de turismo pudessem ter utilizado os jogos da seleção para transações irregulares. Nada ficou provado até agora.

No entanto, o uso político do selecionado nacional ganhou força com a criação das CPIs.

O Brasil nunca chegou a fazer como a Alemanha, que disse não para uma Copa das Confederações, ou Argentina, que desistiu de jogar a última Copa América.

Sempre que pôde ou foi convidada, a seleção brasileira jogou, mesmo que sem preparação alguma e muitas vezes com times que no jargão futebolístico são chamados de "catados" _equipes montadas às pressas.

O excesso de jogos da CBF também começa a prejudicar os próprios jogadores do país.

Receosos de perderem seus atletas brasileiros pelos constantes compromissos da seleção, clubes europeus já travam verdadeiras batalhas com a CBF, como aconteceu recentemente com o Bayern de Munique. O clube alemão não liberou o atacante Élber para os jogos contra Bolívia e Venezuela e ainda desdenhou das ameaças feitas pela CBF de levar o caso à Fifa.

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