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16/11/2001 - 15h28

Análise: 'Só falta o mais difícil'

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MÁRCIO SENNE DE MORAES
especial para a Folha Online

Futebol é coisa simples. Basta o adversário ser a inocente Venezuela e o técnico escalar um volante a menos, embora a saída do terceiro zagueiro tivesse sido ainda melhor, e já tem gente falando que o Brasil é favorito para ganhar a Copa.

Espero que a comissão técnica não caia na armadilha de acreditar nessa falácia. Por enquanto, só fizemos o mais fácil e a obrigação. Como disse um amigo: com todo o respeito que merecem os venezuelanos, a seleção do Maranhão não encontraria dificuldade em batê-los.

Do jogo de anteontem e do (quase) final das eliminatórias em todo o mundo, algumas coisas a ter em mente. O Brasil está longe de ser favorito por várias razões, mas uma essencial: não temos (em campo) meias criativos que consigam alimentar o ataque com inteligência, como fez Ricardinho (Corinthians) ontem à tarde.

No passado, sempre tivemos meias ofensivos extraordinários. Imaginem se Pita, o excepcional jogador do Santos e do São Paulo que nunca teve vaga numa seleção brasileira, ainda atuasse nos dias de hoje. Em seu tempo, com Zico, Sócrates e tantos outros talentos, Pita jamais teve a oportunidade de demonstrar seu talento na seleção. Quanto a Rivaldo, só concordo em levar o "melhor jogador do mundo" como opção para o ataque, posição em que joga no Barça.

Roque Júnior não dá segurança nenhuma. Reconheço que ele jogava um bolão nos tempos do Palmeiras, porém a situação mudou. Reserva do Milan e, portanto, sem ritmo de jogo, não pode ser titular da seleção. Ainda na defesa, se era para pôr Edmílson de volante, então por que não colocar um verdadeiro meio-campista no lugar do terceiro zagueiro?

Denílson é craque demais para ficar fora do time. Scolari tem de lhe dar uma nova oportunidade desde o início da partida. Sua atuação foi uma das raras exceções no segundo tempo anteontem. Sua criatividade poderia compensar (ou substituir) a apatia de Rivaldo. E Juninho Paulista mostrou que merece permanecer na equipe...

Na América do Sul, a Argentina desponta hoje como única seleção capaz de conquistar a Copa do Mundo. Com uma sólida defesa, um meio-campo criativo e ótimos atacantes, ela tem tudo para chegar à final no Japão (a Coréia vai ficar com a abertura).

A partida contra o Uruguai, no entanto, serviu para confirmar a única fraqueza dos argentinos: o goleiro Burgos, que "aceitou" o gol de Darío Silva. Ah, o gol de Cláudio López também mostrou a maior força da Argentina: o meia Verón, autor do passe extraordinário.

Na Europa, França e Inglaterra são atualmente as melhores seleções. A primeira, com um surpreendente Vieira, um dinâmico e criativo Pires, um inspiradíssimo Zidane e um ataque em que Henry, Trezeguet e Wiltord são infinitamente superiores aos campeões do mundo de 1998.

Do outro lado do canal da Mancha, um técnico sueco de rara sabedoria, Eriksson, um meio-campo tanto combativo como construtor de jogadas, no qual se destacam Beckham e Scholes, e uma defesa sólida que atua com dois verdadeiros alas. Além, é claro, de Michael Owen no ataque.

No mais, certamente veremos nos campos asiáticos algumas surpresas agradáveis. A Dinamarca sempre pode apresentar inovações táticas e um futebol ofensivo, que lhe valeram uma Eurocopa em 1992 e maravilharam o planeta em 1986, com Preben-Elkjaër Larsen e Mikaël Laudrup.

A Eslovênia tem uma boa equipe e pode surpreender. O Senegal certamente complicará as coisas para seleções tradicionais, como fez a Argélia contra a Alemanha em 1982. E a Austrália deve ser um osso duro de roer para o Uruguai, que não tem uma grande seleção.

A Nigéria continua sendo um celeiro de craques. Sua performance dependerá de como o técnico lidará com a vaidade e com a falta de disciplina de alguns de seus melhores jogadores, como J. J. Okocha, do Paris Saint-Germain.

O veterano Alex Aguinaga, do Equador, pode tirar da cartola o mesmo truque que fez de Roger Milla uma das maiores atrações da Copa de 90 aos quase 40 anos de idade. O inglês Michael Owen também vai dar o que falar, embora isso não seja grande surpresa, pois já o fez há quatro anos, quando destruiu a defesa argentina numa partida memorável.

Tantos outros aparecerão nos próximos meses. O sonho da Copa do Mundo apenas começou para os brasileiros com o carimbo no passaporte conquistado anteontem em São Luís. Resta agora para Scolari o mais difícil: montar uma equipe convincente para a qual possamos torcer durante a madrugada.

Empresto a idéia do Torero e publico uma equipe que um amigo me mandou como "sugestão ofensiva". Rogério Ceni; Cafu, Lúcio, Edmílson e Serginho; Wágner, Juninho Pernambucano, Juninho Paulista e Denílson; Edílson e Rivaldo (ou Ronaldo, se estiver em condições físicas). Aceito comentários sobre sua sugestão.

Li anteontem uma notícia no site da agência de notícias italiana "Ansa": o homem mais procurado do planeta, Osama bin Laden, é fanático por futebol e, particularmente, pelo Arsenal. Tão fanático que, ainda segundo a "Ansa", viajou incógnito a Londres em 1994 para assistir ao jogo pela Recopa contra o Torino. Teve até de ludibriar agentes sauditas para não ser preso, mas levou camisas do Arsenal de volta ao Sudão, onde vivia à época.

Definitivamente, o futebol agrada a gregos e troianos. Não, talvez não agrade aos troianos (ou aos gregos?), pois, nos EUA, o esporte bretão não atrai as massas nem mexe com o coração do povo.

E-mail: mhenrique@folhasp.com.br.

Márcio Senne de Moraes é redator da editoria de Mundo da Folha de S.Paulo

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