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25/02/2002 - 20h05

Após depor, Teixeira deixa prédio da Justiça Federal pelos fundos

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SÉRGIO RANGEL
da Sucursal da Folha no Rio

Depois de quase duas horas de depoimento no processo em que é acusado de ter cometido crimes contra o sistema financeiro, o presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol), Ricardo Teixeira, deixou na tarde desta segunda-feira o prédio da Justiça Federal pela porta dos fundos.

Irritado com o assédio dos jornalistas que o esperavam na portaria, o dirigente quebrou o esquema de segurança do local ao se recusar a deixar o prédio pela porta principal. Ao ser indagado por um jornalista sobre os detalhes do seu depoimento, Teixeira respondeu: "Esquece, pô".

Acompanhado do advogado José Mauro do Couto e de alguns dirigentes da CBF, ele ficou cerca de dez minutos no estacionamento privativo da Justiça Federal para evitar os jornalistas, que eram impedidos pelos seguranças de ter acesso a ele. Teixeira só deixou o estacionamento depois que seu carro entrou no local.

O depoimento do dirigente foi concedido nesta segunda na 6ª Vara Criminal Federal do Rio à juíza Ana Paula Vieira de Carvalho.

Ele é acusado pelo Ministério Público Federal do Rio de ter cometido crimes contra o sistema financeiro nacional por causa de empréstimos realizados pela CBF entre 1998 e 2000, no total de US$ 30 milhões, no Delta Bank (EUA).

O processo foi aberto na Justiça Federal com base no levantamento feito pelos deputados da extinta CPI da CBF/Nike.

A CBF pagou pelo menos US$ 10 milhões em juros ao banco americano.

Segundo a Folha de S.Paulo revelou em 2001, os juros pagos pela entidade (que chegaram a 43%) foram recordes entre todas as operações feitas pelo Delta Bank com instituições brasileiras.

No processo aberto na 6ª Vara Criminal Federal do Rio, o presidente da CBF foi indiciado nos artigos 21 e 22 da Lei do Colarinho Branco. O artigo 21 prevê de um a quatro anos de detenção para a pessoa que se atribui, ou atribui a terceiro, falsa identidade, para a realização de câmbio.

Já o artigo 22 estipula de dois a seis anos de reclusão para quem efetuar operação de câmbio não autorizada com o fim de promover evasão de divisas do país.

Além de Teixeira, o secretário-geral da entidade, Marco Antônio Teixeira, e José Carlos Salim, diretor da CBF, também são réus no processo. Eles foram ouvidos nesta segunda pela juíza. Em abril, várias testemunhas indicadas pelo Ministério Público serão ouvidas na 6ª Vara Criminal Federal.

Desde que reassumiu a presidência da CBF no dia 21 de janeiro, o dirigente tem evitado conceder entrevistas e até aparecer em lugares públicos.

Temendo ser vaiado pelos torcedores, ele ainda não foi trabalhar na sede da entidade.

O dirigente estava licenciado desde agosto do ano passado, quando se submeteu às pressas a uma cirurgia cardíaca.

A operação foi realizada durante o pior momento de seu mandato como presidente da CBF -ele comanda a entidade desde 1989.

Na época, as investigações da CPI do Futebol, no Senado, sobre a sua vida pessoal e sua administração na CBF estavam sendo concluídas.
 

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