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11/04/2002 - 08h31

Arbitragem paulista burla norma da Fifa

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SÉRGIO RANGEL
da Sucursal da Folha de S.Paulo no Rio

A FPF (Federação Paulista de Futebol) desrespeita determinações da Fifa que regulamentam as comissões de arbitragem.

O presidente desse órgão na entidade estadual, Amilcar Casado, ocupa irregularmente o cargo.

De acordo com a circular 763 editada pela Fifa em julho do ano passado, a nomeação de Casado, que foi presidente da Lusa, contraria dois trechos do documento que regulamenta a arbitragem.

O segundo artigo da circular veta a participação de Casado na comissão da FPF, que é responsável por escalar todos os árbitros que atuam nas competições organizadas pela Federação Paulista.

O texto afirma que uma comissão do gênero deve ser "composta por ex-árbitros com vasta experiência". O ex-presidente da Lusa nunca trabalhou como juiz.

Na frase seguinte, o documento da Fifa volta a reprovar a participação do dirigente da Lusa.

Nesse segundo trecho, a circular determina que os integrantes da comissão "não devem estar filiados diretamente a clubes ou ligas". Atualmente, Casado, por ter exercido a presidência da Lusa, é conselheiro vitalício do clube.

O ex-presidente da Lusa assumiu a comissão de arbitragem da FPF no início deste ano, logo após ter deixado seu cargo no clube.

Até o final do mês passado, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) também desrespeitava a circular da Fifa. No último dia 21, a cúpula da entidade exonerou o vice-presidente da Federação Paulista, Reinaldo Carneiro Bastos, do comando da Comissão Nacional de Arbitragem da CBF.

A diretoria da entidade decidiu afastar Bastos após a Folha ter revelado em fevereiro que a CBF descumpria a circular da Fifa.

Carneiro Bastos é homem de confiança do presidente da FPF, Eduardo José Farah, que atualmente também comanda a liga de clubes responsável pela organização do Torneio Rio-São Paulo.

Antes de deixar a presidência da comissão, o vice-presidente da Federação Paulista era um dos quatro responsáveis pela escalação dos árbitros em competições nacionais, como a Copa do Brasil e o Campeonato Brasileiro.

Até o dirigente da FPF assumir as escalações, o responsável por isso era o ex-juiz Armando Marques, que será julgado hoje pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva por acusação de ter pressionado um árbitro.

Com a saída de Carneiro Bastos, o órgão da CBF passou a funcionar apenas com ex-juízes.

Hoje, o presidente da Comissão Nacional de Arbitragem da entidade é Edson Resende, que chegou ser juiz aspirante ao quadro da Fifa, uma categoria que não existe mais no futebol brasileiro.

No órgão responsável pela arbitragem no Estado de São Paulo, apenas três dos cinco integrantes são ex-juízes de futebol: Abel Barroso, há oito anos na comissão, Almir Laguna, há seis anos, e Roberto Perassi, há dois anos.

O presidente do órgão, Amilcar Casado, comandou a Lusa até o final do ano passado. Na eleição para sua sucessão, o candidato da situação, Manuel da Lupa, foi derrotado em votação apertada por Joaquim Alves Heleno, que assumiu no último mês de janeiro.

Casado era o presidente da Lusa quando surgiram as acusações de tentativa de suborno do goleiro Nasser no jogo contra a Portuguesa Santista, no Paulista de 1998.

A circular da Fifa foi editada para tentar modernizar e moralizar a arbitragem. A entidade máxima do futebol mundial avalia que a participação de pessoas ligadas a clubes nas comissões tira a credibilidade dos órgãos. A Fifa quer só especialistas nas comissões.

A entidade também pretende fazer outras mudanças na arbitragem mundial nos próximos anos. Atualmente, a Fifa tem estudado a possibilidade de prolongar a carreira dos juízes, com a aposentadoria obrigatória aos 45 anos.

A intenção dos dirigentes da entidade é passar a idade limite para 48 ou 50 anos. Até meados da década passada, os juízes encerravam a carreira só aos 50 anos.


 

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