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26/06/2002 - 02h31

Seleção brasileira ignora as eleições

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dos enviados da Folha de S.Paulo a Saitama

Combustível da propaganda ideológica do governo no regime militar (1964-1984), a seleção brasileira chega ao século 21 alienada politicamente, pelo menos dentro de campo.

Os jogadores do time se esquivam do assunto eleições e muitos dizem desconhecer quem são os candidatos a presidente do país que eles representam.

Em 1986, no México, o meia Sócrates entrou em campo com uma faixa na testa com mensagem por paz e justiça. Em 2002, com mais da metade do time nacional trabalhando na Europa, a política parece ser coisa apenas para os "brasileiros".

Os jogadores da seleção brasileira não querem saber de política. A Folha ouviu os 23 atletas que defendem a equipe na Copa do Mundo sobre o candidato preferido para suceder o presidente Fernando Henrique Cardoso. Apenas um tem o seu voto definido para o dia 6 de outubro.

O zagueiro Edmilson afirmou que vai votar no ex-governador do Rio Anthony Garotinho, candidato do PSB. "Vou votar no Garotinho, que é o candidato de Deus", declarou o jogador do Lyon, o atual campeão francês. Edmilson é evangélico como o ex-governador do Rio.

O atacante Denílson, do Betis (Espanha), chegou até a declarar o seu voto, mas voltou atrás depois de ser questionado pelo próprio Edmilson.

O jogador disse que votaria em Luiz Inácio Lula da Silva, novamente o candidato do PT. "Vou votar no Lula porque ele gosta da periferia", disse o atacante, que foi criado em Diadema, no ABC paulista, berço do PT.

Logo após manifestar o seu voto, Edmilson retrucou o colega. "Ele vai é matar a periferia", argumentou o zagueiro da seleção. "É mesmo? Então fala que estou indeciso. Vou perguntar aos meus pais", concluiu Denílson.

Já quatro titulares disseram que não vão escolher o próximo presidente. "Depois do que aconteceu com os fundos de renda fixa [mudanças nas regras de contabilização causaram perdas aos investidores], não quero votar em ninguém", falou o goleiro Marcos, que defende o Palmeiras.

"Meu assunto é o futebol. Só falo se for para escolher o candidato a presidente da CBF", afirmou o meia-atacante Rivaldo, do Barcelona (Espanha), um dos destaques da seleção na Copa.

O lateral-esquerdo Roberto Carlos e o zagueiro Lúcio também disseram que não vão votar na eleição de outubro.

"Não tenho candidato. Vou ficar fora do país. Na última, eu também não votei", disse Roberto Carlos, do Real Madrid (Espanha), um dos mais ricos jogadores do futebol brasileiro. O zagueiro Lúcio, do Bayer Leverkusen (Alemanha), também deu a justificativa de que mora no exterior para ficar de fora da eleição.

O meia Ricardinho, do Corinthians, foi outro que disse que não vai votar em outubro. "Não sei e não gosto [de política]. Quem são os candidatos?", disse o jogador, tentando desconversar sobre o assunto.

O atacante Ronaldo, da Inter de Milão (Itália), o mais famoso da seleção, prefere se manter distante das eleições. Ele alega que é para não ter a sua imagem explorada pelos políticos.

A maioria dos jogadores _15_ disse que está indecisa. O volante Vampeta foi um dos poucos que revelaram as suas preferências. "Estou em dúvida se voto no José Serra ou no Lula", disse o volante do Corinthians, que pretende ser político depois de encerrar a carreira.

Poucos jogadores da seleção acham importante exercer o voto na eleição de outubro.

"Não tenho nenhum candidato, mas vou votar. Depois da Copa, vou pensar nisso", declarou o lateral Cafu, que é capitão da seleção e joga na Roma (Itália).

Juninho, Rogério Ceni e Roque Júnior também falaram da importância do voto. Já o lateral Belletti e o atacante Luizão preferiram não manifestar a opção de voto. Eles alegaram que o voto é secreto.eleç
 

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