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15/04/2005 - 00h00

Argentina repudia caso de racismo, mas considera exagerada reação brasileira

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da France Presse, em Buenos Aires

O caso do jogador do Quilmes, Leandro Désabato, que ficou cerca de 36 horas detido no Brasil por causa de ofensas racistas contra o são-paulino Grafite, foi repudiado pala maioria dos argentinos que, no entanto, consideraram exagerada a reação da nação vizinha.

Enquanto a imprensa local falou de "vergonha" e "escândalo esportivo e diplomático", o governo argentino tentou baixar os decibéis do episódio ao desestimular "uma política de discriminação."

O ministro do Interior, Aníbal Fernández, torcedor do Quilmes, minimizou a gravidade do episódio ao sustentar que "foram expressões comuns usadas em um estádio quando há atrito e semelhante nível de adrenalina" e assinalou que estes fatos ocorrem "mais ou menos com as mesmas características em todo o mundo."

"Que isso seja interpretado como uma política de discriminação nos parece um sonho", disse o ministro em declarações a uma emissora de rádio local, ao sustentar que seu clube tem em sua história "jogadores de qualquer raça, credo e religião."

Uma atitude muito mais severa teve o oficial Instituto Nacional contra a Discriminação (Inadi), que antecipou que apresentará um relatório à AFA (Associação de Futebol Argentino) e ao clube sobre os acontecimentos.

"Proferir um insulto a alguém, referindo-se a sua origem étnica ou religiosa, sobretudo quando pertence a um grupo minoritário, está previsto na lei antidiscriminatória argentina. Só que aqui as penas são muito mais benévolas que no Brasil", advertiu o presidente do Inadi, Enrique Oteiza.

O presidente da AFA, Júlio Grondona, atribuiu o episódio ao próprio futebol que "é muito passional, e que não é a mesma coisa brigar num campo de futebol que nas ruas". O dirigente lamentou que tivesse ocorrido "um fato tão infeliz, entre Argentina e Brasil. Para uns é muito grave, e para outros, não é."

Desábato foi detido pela polícia acusado de injúrias racistas após o jogo no qual o São Paulo derrotou o Quilmes por 3 a 1, quarta-feira, pela Taça Libertadores, e foi libertado nesta sexta-feira após o pagamento de uma fiança de R$ 10 mil.

Segundo a denúncia de Grafite, que é da raça negra, Desábato o chamou de "negro de merda, mete uma banana no c...".

O ídolo argentino Diego Maradona minimizou o episódio, destacando que "se mistura esporte com outra coisa que nada tem a ver com ele", concluindo que "Grafite não é o primeiro nem o último que insultam."

 

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