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01/07/2002 - 08h51

Pentacampeonato ofusca as mazelas do futebol brasileiro

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da Folha Online

A conquista de ontem sobre a Alemanha _2 a 0_, não traz só motivos para o Brasil comemorar.

Serve também para ofuscar as inúmeras mazelas que assolam o futebol do país, principalmente no que se refere à administração de clubes e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol).

Durante todo o ano passado, o esporte mais popular do mundo viveu na única nação pentacampeã sua maior crise em toda a história, com duas CPIs no Congresso investigando e expondo como nunca a corrupção reinante.

Com o título na Coréia do Sul e no Japão, já cresce, por exemplo, a possibilidade de o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, que está no cargo desde 1989, candidatar-se à reeleição em 2003 _antes, havia dito que cumpriria apenas o atual mandato.

O relatório final da CPI do Futebol, instaurada no Senado, sugeriu o indiciamento do cartola ao Ministério Público por crimes de evasão fiscal, sonegação, lavagem de dinheiro e apropriação indébita.

Nem só Teixeira e a CBF podem se beneficiar do clima de euforia causado pela inédita conquista. Dirigentes de todo o país, tanto de clubes como de federações, foram acusados de crimes.

Um dos casos mais emblemáticos é o do deputado e presidente do Vasco, Eurico Miranda, que participou da CPI da CBF/Nike, na Câmara dos Deputados, e teve indiciamento sugerido por crimes de apropriação indébita, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e até mesmo crime eleitoral.

A má administração levou o futebol brasileiro a uma situação praticamente insustentável.

No início de 2001, apenas cinco clubes estavam em dia com a Previdência Social _São Paulo, Cruzeiro, Ipatinga (ambos de Minas Gerais), São José (Rio Grande do Sul) e Comercial (Espírito Santo). O que mais deve ao governo é o Flamengo, cuja dívida ultrapassa os R$ 200 milhões.



A lista das mazelas que afligem o futebol nacional é extensa e passa ainda por êxodo de jogadores, tráfico de menores para o exterior, falta de investimento em categorias de base, ausência de patrocinadores, política governamental deficiente, incapacidade de montar um calendário, viradas de mesa, infra-estrutura ruim nos estádios, público pequeno e dependência de contratos televisivos, entre outras coisas.

Reflexo da má organização, o Brasil viveu, entre as Copas de 1998 e de 2002, um período negro, tanto com o time nacional como com os clubes.

A seleção, que nas Copas consegue surpreendentemente se redimir, sofreu vexames históricos, como o fracasso na Olimpíada-2000, a queda na Copa América-2001 diante da inexpressiva Honduras e o desempenho medíocre nas eliminatórias da Copa, em que sofreu cinco derrotas e só se classificou na última partida, com uma vitória por 3 a 0 sobre a fraca Venezuela.

Impossibilitada de realizar o Campeonato Brasileiro-2000 por uma ação na Justiça comum, a CBF foi obrigada a abrir mão da organização do torneio em favor do Clube dos 13, que criou a Copa João Havelange, campeonato esdrúxulo que reuniu 116 times de três divisões em um único torneio.

Em 2001, a competição voltou para as mãos da CBF. Neste ano, deveria ser organizada por uma Liga de Clubes, adiada pela indefinição na criação da entidade.

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