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30/07/2002
-
08h33
FÁBIO VICTOR
da Folha de S.Paulo
Tem bossas que só time grande tem. O São Caetano, mais famoso "nanico" do futebol brasileiro e que decide a Libertadores amanhã contra o Olimpia, faz questão de não descalçar as sandálias da humildade, mas já começa a ter algumas dessas distinções.
A mais vistosa delas apareceu na última sexta-feira, sobre quatro rodas. Pela primeira vez em seus 12 anos de vida, o clube comprou um ônibus zero quilômetro.
O veículo, categoria luxo, tem aparelho de TV e vídeo, espaço reservado para jogos (como baralho e dominó) e poltronas acolchoadas reclináveis _ainda conservadas pelo plástico da novidade.
De tão recente, o ônibus ainda não tem placas, o que impediu o time de utilizá-lo para viajar a Atibaia (a 65 km de São Paulo), onde se prepara para a decisão.
Pela última vez, alugou o veículo para transportar os atletas, prática que até hoje foi alternada com a de utilizar os cedidos pela administração municipal, valendo-se de um privilégio: o prefeito de São Caetano do Sul, Luiz Tortorello (PTB), é um dos fundadores do clube e seu presidente de honra.
A evolução do time desde o Campeonato Brasileiro de 2000, quando surpreendeu o país pela primeira vez ao chegar à decisão, trouxe outros incrementos. Na disputa da Libertadores-2002, foi contratado um espião para observar os adversários, algo inédito no clube até o início do ano.
No torneio sul-americano, Fred Smania acompanhou todos os adversários do "Azulão" e viajou a todas as cidades em que o time iria jogar. "Meu trabalho não é só observar os rivais mas também os lugares em que o time se hospedará, o clima, a infra-estrutura", relata o espião, indicado ao clube pelo técnico Jair Picerni.
Para a viagem a Assunção, local da primeira partida da final da Libertadores, mais um sinal claro da transição entre o pequeno e o grande São Caetano: foi fretado um avião para transportar a delegação e convidados.
O estádio Anacleto Campanella, onde o clube manda os jogos, foi reformado no ano passado pela prefeitura, sua proprietária, e tem hoje uma estrutura muito superior à da década passada, nos primórdios da equipe.
Mas, tendo erguido sua fama com a ajuda da humildade e de uma política salarial "pés no chão", o clube foge da ostentação como o diabo da cruz.
"A equipe é a mesma de quatro, cinco anos. Ônibus, todo mundo tem, até time da terceira divisão. O espião é um funcionário qualquer do clube. O avião só existiu porque a Varig fez um preço melhor", afirma o diretor de futebol do clube, Genivaldo Leal.
O técnico Jair Picerni diz que o time só pode ser chamado de grande quando tiver um centro de treinamento próprio.
Saiba tudo sobre a Taça Libertadores
Na decisão, São Caetano ganha ônibus zero, espião e avião fretado
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da Folha de S.Paulo
Tem bossas que só time grande tem. O São Caetano, mais famoso "nanico" do futebol brasileiro e que decide a Libertadores amanhã contra o Olimpia, faz questão de não descalçar as sandálias da humildade, mas já começa a ter algumas dessas distinções.
A mais vistosa delas apareceu na última sexta-feira, sobre quatro rodas. Pela primeira vez em seus 12 anos de vida, o clube comprou um ônibus zero quilômetro.
O veículo, categoria luxo, tem aparelho de TV e vídeo, espaço reservado para jogos (como baralho e dominó) e poltronas acolchoadas reclináveis _ainda conservadas pelo plástico da novidade.
De tão recente, o ônibus ainda não tem placas, o que impediu o time de utilizá-lo para viajar a Atibaia (a 65 km de São Paulo), onde se prepara para a decisão.
Pela última vez, alugou o veículo para transportar os atletas, prática que até hoje foi alternada com a de utilizar os cedidos pela administração municipal, valendo-se de um privilégio: o prefeito de São Caetano do Sul, Luiz Tortorello (PTB), é um dos fundadores do clube e seu presidente de honra.
A evolução do time desde o Campeonato Brasileiro de 2000, quando surpreendeu o país pela primeira vez ao chegar à decisão, trouxe outros incrementos. Na disputa da Libertadores-2002, foi contratado um espião para observar os adversários, algo inédito no clube até o início do ano.
No torneio sul-americano, Fred Smania acompanhou todos os adversários do "Azulão" e viajou a todas as cidades em que o time iria jogar. "Meu trabalho não é só observar os rivais mas também os lugares em que o time se hospedará, o clima, a infra-estrutura", relata o espião, indicado ao clube pelo técnico Jair Picerni.
Para a viagem a Assunção, local da primeira partida da final da Libertadores, mais um sinal claro da transição entre o pequeno e o grande São Caetano: foi fretado um avião para transportar a delegação e convidados.
O estádio Anacleto Campanella, onde o clube manda os jogos, foi reformado no ano passado pela prefeitura, sua proprietária, e tem hoje uma estrutura muito superior à da década passada, nos primórdios da equipe.
Mas, tendo erguido sua fama com a ajuda da humildade e de uma política salarial "pés no chão", o clube foge da ostentação como o diabo da cruz.
"A equipe é a mesma de quatro, cinco anos. Ônibus, todo mundo tem, até time da terceira divisão. O espião é um funcionário qualquer do clube. O avião só existiu porque a Varig fez um preço melhor", afirma o diretor de futebol do clube, Genivaldo Leal.
O técnico Jair Picerni diz que o time só pode ser chamado de grande quando tiver um centro de treinamento próprio.
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