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01/12/2002 - 06h55

Lula vai reformular prioridades de FHC no esporte

FÁBIO VICTOR e
FÁBIO SEIXAS
da Folha de S.Paulo

A ênfase ao social prometida pelo governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será traduzida, no esporte, por uma reformulação de prioridades em relação à política dos anos FHC para a área.

Embora o tema seja subestimado na agenda de transição, parlamentares, gestores públicos, políticos e acadêmicos do partido -ou ligados a ele- se movimentam em torno de projetos e propostas que apontam para uma prioridade: a democratização do esporte e das atividades de recreação e lazer, em detrimento do chamado esporte de alto rendimento (profissional e de competição), mais beneficiado nos oito anos de governo tucano.

O que querem os petistas é algo como levar o esporte, hoje sob os holofotes de estádios e ginásios, para as praças e escolas.

A opção fica clara a partir de discussões na Setorial Nacional de Esporte e Lazer do PT, da bancada do partido no Congresso, dos seus secretários de Esportes e mesmo do grupo de trabalho criado a pedido de Lula para formular um projeto para o setor.

A manutenção de patrocínios estatais a esportes de alto rendimento, a criação da Lei Piva (que destina dinheiro de loterias federais para modalidades olímpicas) e medidas provisórias ligadas ao futebol reforçaram a imagem do governo FHC como fomentador dos esportes estruturados.

"Na era FHC, a política de esporte passa pela medalha, pela descoberta de grandes talentos. Muito mais importante que isso é a democratização da prática esportiva", diz Rodrigo Terra, presidente da Fundesporte, órgão responsável pela área no governo petista do MS, e integrante da Setorial Nacional de Esporte do PT.

"O esporte e o lazer precisam estar integrados à educação e isso não ocorre hoje. Estimular a prática esportiva é um dever do Estado, e o governo do PT vai cumpri-lo", afirma o deputado Gilmar Machado, relator do Estatuto do Desporto, aprovado em comissão especial da Câmara por unanimidade e que, caso seja aprovado em plenário, deverá nortear a política do PT para o setor.

Apesar de algumas divergências pontuais, é esse também o cerne do projeto que o "grupo de notáveis" entregará à equipe de transição nesta semana.

Na chamada sociedade civil, o pensamento é o mesmo. Um fórum que ajudou a consolidar a posição do PT foi o seminário "Esporte & Cidadania", realizado em setembro, no Rio.

Com a presença de vários petistas e participantes como Oscar Niemeyer, Sócrates, Aldo Rebelo, Carlos Arthur Nuzman, Luiz Gonzaga Belluzzo e Bebeto de Freitas, entre outros, o encontro produziu uma carta que afirma que "o esporte deve ser mais um instrumento na resolução da questão social, articulando-se com setores fundamentais da atividade estatal: educação, saúde, habitação e política alimentar".

Para a secretária de Esportes de São Paulo, Nádia Campeão, do PC do B -partido que pode ficar com o ministério-, o papel social do esporte precisa ser enfatizado, mas ela acha que a tarefa é mais apropriada aos municípios, "pois as prefeituras estão mais próximas das comunidades".

Não significa, segundo Nádia, que o ministério deva cuidar simplesmente dos esportes de rendimento. "Eles já têm a Lei Piva e patrocínio das estatais. Está errado que o grosso da verba do ministério vá para esses esportes."

Rusgas O desdém da equipe de transição com o esporte gerou um início de crise entre as diversas tendência que debatem propostas para o governo eleito -embora elas tenham idéias parecidas.

Como nenhum dos 52 integrantes da equipe coordenada por Antônio Palocci domina a área, Lula pediu a colaboração de um grupo de esportistas e jornalistas (integrado ainda pelo atual secretário-executivo do Ministério do Esporte, José Luiz Portella).

Sentindo-se desprezados, os especialistas do PT criticaram a postura de Lula e a composição do grupo, que tem dez integrantes.

Leia mais: Campeonato Brasileiro
 

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