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28/12/2002 - 16h12

Anônimos se inspiram em Maria Zeferina Baldaia para correr a SS

da Agência Folha

O segurança André Alexandre da Cruz, 34, há cinco anos dedica duas horas e meia do dia, sempre após o expediente, aos treinos físicos. O pedreiro Rodrigo Caetano de Oliveira, 26, também divide os desgastantes dias dedicados à profissão com cerca de duas horas diárias de treino.

Os dois são apenas alguns do milhares de anônimos que sonham com o título da tradicional Corrida de São Silvestre.

Para participar da prova, Cruz economizou R$ 230 para arcar com as despesas de sua viagem a São Paulo. Já Oliveira, por falta de recursos financeiros, optou por participar da edição da prova de Jaboticabal.

Mesmo assim, os dois atletas treinam o ano inteiro na tentativa de conseguirem seguir os passos da ex-bóia-fria Maria Zeferina Baldaia e conquistar o título da tradicional corrida de rua do país, consagrando-se na elite do atletismo brasileiro.

Neste ano, Ribeirão Preto deverá contar com pelo menos 18 atletas anônimos durante a disputa da 78ª edição da Corrida de São Silvestre, entre eles dois de Bonfim Paulista.

O município de Sertãozinho, cidade da atual campeão feminina, contará com a participação de uma equipe de cinco atletas.

Todos esses atletas, apesar de possuírem histórias diferentes, acabam sofrendo as mesmas dificuldades para buscar seus objetivos no esporte.

De acordo com o treinador Osvaldo Luís Milani, de Sertãozinho, uma das principais dificuldades dos atletas anônimos é conseguir largar nos pelotões de elite da São Silvestre.

"Eles treinam e se dedicam, mas dificilmente conseguem largar antes do povão e isso atrapalha bastante o rendimento deles na prova, sendo que, muitas vezes, poderia ser melhor", diz.

Milani afirma que os atletas que fazem parte de entidades acabam tendo algumas facilidades no que se refere à questão financeira.

"Normalmente as entidades acabam ajudando no custeio desses atletas para participar das provas durante o ano", afirma o treinador de Sertãozinho.

Para o professor de educação física de Ribeirão Preto, Elcio Reinaldo Silva de Oliveira, 35, que participa da prova pela sétima vez, os atletas anônimos também acabam esbarrando nas constantes lesões ocasionadas devido ao excesso de esforço decorrente da maratona de treinos e compromissos.

No entanto, de acordo com corredores mais antigos como Baltazar Padilha, 57, que há dez anos disputa a Corrida de São Silvestre, o alimento do maratonista anônimo é o ânimo de estar se superando a cada prova.

"Já enfrentei inúmeras dificuldades. Depois que elas passaram, encarei na brincadeira, mas, na hora da prova, o esforço é para valer", disse Padilha, que, diariamente, corre 15 quilômetros.

O corredor de Bonfim Paulista Marcos Jocimar Carlos de Almeida, 40, o Curica, que também participa da prova há dez anos, afirma que o esforço dos anônimos ajuda a chamar a atenção das empresas, as quais poderiam ajudá-los a custear os treinos.

"Se as empresas olhassem para os inúmeros atletas que a região possui e que tem condições de se destacar, com certeza seríamos melhor representados e mais Zeferinas apareceriam", disse.
 

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