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02/02/2003 - 10h12

Depois de CPIs, CBF dobrou dinheiro para campanhas

PAULO COBOS
MARCELO SAKATE

da Folha de S.Paulo

Com as duas CPIs que a investigaram no Congresso encerradas, a CBF abriu os cofres para as campanhas políticas de seus aliados.

A entidade presidida por Ricardo Teixeira gastou R$ 1,13 milhão em doações nas eleições realizadas no país no ano passado.

Esse número significa um crescimento de 101% em relação ao despendido pela CBF em 1998 para impulsionar a candidatura de deputados federais e senadores que depois fizeram parte da "bancada da bola" nas CPIs. Entre o final de 1998 e outubro de 2002, o IPC, índice de inflação medido pela Fipe, não alcançou os 40%.

Foram 14 candidatos ajudados em 2002, com doações que variaram entre R$ 30 mil e R$ 150 mil. Dos agraciados, oito conseguiram a eleição ou a reeleição.

A maior parte do dinheiro foi para quem defendeu a CBF nas investigações no Congresso.

Eurico Miranda, presidente do Vasco e que liderou a bancada que derrubou o relatório final da CPI da Câmara, levou, por exemplo, R$ 100 mil, o dobro do que havia recebido desse doador na campanha de 1998, quando, ao contrário de agora, teve sucesso.

Mas, desta vez, foram feitas também doações para novos aliados de um arco maior de partidos.

No total, candidatos de sete agremiações políticas diferentes, dos esquerdistas do PT até os direitistas do PPB, receberam cheques emitidos pela CBF.

O dinheiro da organização que cuida do futebol do país, na maioria esmagadora dos casos, foi a maior fonte de financiamento na campanha dos contemplados.

Na sua fracassada campanha para a reeleição, Gilvam Borges (PMDB-AP), maior aliado de Teixeira na CPI do Senado, recebeu R$ 100 mil da CBF, ou 49% de tudo que arrecadou.

Mas aconteceram casos mais extremos pelo país. No Paraná o cheque de R$ 50 mil da entidade presidida por Teixeira respondeu por 96% de toda a verba amealhada por Rolim de Moura, candidato derrotado ao cargo de deputado federal pelo PSD.

A CBF, que atrasou o pagamento do prêmio aos atletas e à comissão técnica que conquistaram o pentacampeonato mundial no ano passado, justifica o aumento das doações de 1998 para 2002 porque elas foram calculadas sobre uma base de lucro maior.

A entidade afirmou que, proporcionalmente, o valor gasto no ano passado foi menor do que há quatro anos.

Considerando o faturamento da entidade no ano passado, o maior da história, a CBF gastou quase 1% de toda a sua arrecadação com campanhas políticas, taxa das mais raras entre as pessoas jurídicas no Brasil, cujo percentual costuma ser bem inferior.

Com relação aos critérios utilizados para a definição dos beneficiados, a CBF afirmou que a escolha "leva em conta a proximidade da pessoa com o esporte e a capacidade que ela tem de engrandecer o futebol brasileiro".
 

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