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15/02/2003 - 10h42

Justiça pede a prisão de diretores da Federação Mineira de Futebol

da Agência Folha

O Ministério Público de MG pediu ontem a prisão preventiva de três diretores da FMF (Federação Mineira de Futebol), entre eles o presidente, Elmer Guilherme Ferreira, e formalizou denúncia contra 11 dirigentes da entidade.

Todos foram acusados por formação de quadrilha, falsificação de documentos e apropriação indébita. Segundo o promotor Fernando Nogueira Galvão da Rocha, um dos que encaminharam a denúncia à Justiça, suspeita-se que possa ter havido desvio de aproximadamente R$ 4 milhões.

O trabalho teve como base a CPI do Futebol do Senado, finalizada em 2001. De acordo com o promotor, após o término dos trabalhos em Brasília, o relatório final foi enviado a Minas Gerais, para que as suspeitas fossem apuradas.

É o primeiro pedido de prisão baseado nas apurações da CPI, a maior investigação já promovida no esporte brasileiro.

"Cumprimento o promotor, que teve uma atitude exemplar. Espero que isso estimule os demais responsáveis pelas ações criminais nos outros Estados", disse o senador Álvaro Dias (PDT-PR), que presidiu a comissão.

Após 14 meses de trabalho, o relatório do então senador Geraldo Althoff (PFL-SC), com 1.600 páginas e quatro volumes, foi aprovado por unanimidade.

O documento, com base nas quebras dos sigilos bancário e fiscal dos investigados, pediu na época o indiciamento de 17 pessoas, entre elas Ricardo Teixeira, presidente da CBF, Eduardo José Farah, presidente da Federação Paulista, e Eurico Miranda (PPB-RJ), ex-deputado federal e presidente do Vasco da Gama.

Segundo o promotor, o Ministério Público pediu a prisão preventiva dos diretores "para tentar impedir que o esquema de fraudes fosse levado adiante".

Os outros dirigentes que tiveram prisão preventiva solicitada pelo Ministério Público foram o secretário-geral José Guilherme Ferreira Filho, irmão de Elmer, e o tesoureiro Paulo Alves de Assis.

"Eram eles [os diretores] que assinavam os cheques e faziam as movimentações financeiras irregulares", afirmou Rocha.

Foi pedido ainda o afastamento cautelar dos demais incluídos na denúncia, entre os quais um irmão e um filho de Elmer.

Althoff já havia indicado a necessidade de intervenção na FMF, devido às suspeitas de irregularidades. Uma delas dizia respeito ao desvio de dinheiro para compra de uma fazenda em Mato Grosso. A denúncia foi apurada pelo Ministério Público, que provou também não existir nenhuma propriedade na área mencionada na escritura.

Entre as principais irregularidades constatadas pelos promotores estão ainda "o registro de gastos irregulares para fins particulares dos dirigentes", fato não documentado em livros contábeis da federação. Os promotores também listaram a falta de registros da movimentação bancária da entidade de 1992 a 2000.

"Não podemos precisar quando começaram as irregularidades, mas é possível comprovar que o caso não é recente", disse o promotor. De acordo com a assessoria de imprensa da Federação Mineira, Elmer ocupa a presidência da entidade desde 1986.

A família Ferreira mantém o poder na federação desde agosto de 66 e outras vezes já foi alvo de suspeitas de irregularidades. A dinastia começou no regime militar, quando o coronel José Guilherme Ferreira, então chefe do gabinete militar do governador Magalhães Pinto, chegou à presidência.

Todo o trabalho dos promotores está reunido em 25 volumes processuais, que foram entregues ontem mesmo à 4ª Vara Criminal de Belo Horizonte.
 

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