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07/05/2003 - 00h23

Sob denúncias, Federação Internacional de Vôlei castiga a Argentina

ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA LAJOLO

da Folha de S.Paulo

Sob fogo cruzado após denúncias de corrupção, a Federação Internacional de Vôlei decidiu promover uma "limpeza" por meio de seu Comitê Executivo, reunido desde esta terça, em Lausanne, na Suíça.

Houve sanções a dirigentes importantes da América do Sul e o imbróglio atingiu diretamente a seleção argentina.

Após a expulsão do presidente de sua federação nacional, Mario Goijman, no domingo, o país sofreu nova punição e foi suspensa de torneios internacionais.

Como primeiro resultado da decisão, a Argentina está fora da Liga Mundial, que começa em 16 de maio. A seleção será substituída pela República Tcheca.

Para voltar ao calendário internacional, a Argentina terá que escolher uma nova diretoria para sua federação, em eleição que será supervisionada pela FIVB.

O imbróglio entre Argentina e federação internacional começou com o Mundial- 2002, realizado no país. Segundo a entidade, Goijman assinou contratos de patrocínio para o torneio sem o aval da FIVB e violou o estatuto da federação. Para complementar as denúncias contra o dirigente, a entidade disse que encontrou irregularidades no balanço do Mundial.

O argentino fora suspenso preventivamente em novembro.

Goijman respondeu as acusações com denúncias. De acordo com ele, a FIVB comprou uma casa em Lausanne, em 2001, para ser residência para o presidente da entidade. O problema é que o imóvel, vendido por 1,7 milhão de francos suíços (cerca de US$ 1,3 milhão pelo câmbio atual), era da família da mulher do dirigente.

"O Acosta ficou com milhões da federação. Isso é inaceitável", disse Goijman, por telefone.

Outra denúncia refere-se aos direitos de TV. A FIVB estabeleceu, em 2000, que as federações que conseguissem vender a transmissão de eventos internacionais teriam direito a receber uma comissão de 10% do valor do contrato.

O balanço daquele ano, auditado pela Price Waterhouse, revelou que o valor das comissões pagas seria de cerca de US$ 6 milhões. No entanto, no congresso que se seguiu ao Mundial-2002, esse valor teria sido tirado da contabilidade apresentada pela FIVB.

"Se as informações eram corretas [no balanço auditado], por que isso sumiu do informe apresentado na reunião de Buenos Aires?", questionou o dirigente.

Essas denúncias foram enviadas por Goijman à Justiça da Suíça, que está investigando o caso. O relatório também chegou ao Comitê Olímpico Internacional.

Procurada pela reportagem, a assessoria da FIVB não havia respondido até as 20h.

Como resultado da expulsão do presidente da federação argentina, a FIVB adotou outra sanção contra um dirigente. Luis Moreno, presidente da Confederação Sul-Americana, foi suspenso por ter sido negligente "no cumprimento de seus deveres". O peruano se mostrara contrário à decisão da FIVB de nomear, diretamente da Suíça, uma nova diretoria para a federação argentina.

A FIVB vai montar uma comissão para investigar as contas da Sul-Americana dos últimos três anos, e um grupo de dirigentes comandará a entidade até que haja nova eleição. Entre eles está o presidente da CBV, Ary Graça.

O brasileiro, que é membro do Comitê Executivo da FIVB, não explicou por que votou pela expulsão de Moreno, mas disse que "onde há fumaça há fogo".

O dirigente, apontado por Goijman como um dos "arquitetos" da suspensão do peruano e como seu possível sucessor, classificou as denúncias como mentirosas.

"Ele [Goijman] quer me deixar mal com o pessoal da Sul-Americana", disse Graça, por telefone.
 

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