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29/05/2003
-
07h51
da Folha de S.Paulo
Por causa de alguns movimentos que poderiam remeter à onda de violência no Rio, as oito atletas da seleção brasileira de nado sincronizado se viram obrigadas nesta semana a mudar a coreografia que apresentariam daqui a apenas dois meses, no Pan-Americano de Santo Domingo.
A técnica Mônica Rosas, depois de seis meses de ensaios, chegou à conclusão de que o mote da apresentação, "manifesto contra a violência", poderia prejudicar a imagem do Brasil no exterior e atrapalhar a candidatura da cidade para abrigar o Mundial de Desportos Aquáticos em 2007.
O Rio também concorre com São Paulo pela indicação brasileira aos Jogos de 2012. Nesta semana, inclusive, a cidade está passando por uma vistoria técnica do Comitê Olímpico Brasileiro.
Em momentos da coreografia, as nadadoras usam as mãos para representar revólveres e simulam gritos de dor. No fundo musical, há sons de armas sendo carregadas e de trocas de tiros. Nos maiôs das atletas seriam estampadas as grades de uma prisão.
A treinadora da equipe brasileira nega que tenha sofrido pressões por parte do COB ou da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos para que fizesse a alteração. No início do mês, os presidentes do COB, Carlos Arthur Nuzman, e da CBDA, Coaracy Nunes Filho, estiveram na sede da Federação Internacional de Natação, na Suíça, para tratar da candidatura do Rio para o Mundial.
Os dirigentes voltaram a se encontrar para discutir detalhes da candidatura carioca na última segunda, um dia antes de Rosas alterar a coreografia. Nuzman e Nunes, porém, disseram que não discutiram a questão no encontro.
"Não fui censurada. Não houve pressão política nenhuma. A pressão foi minha sobre mim mesma", disse Rosas. Ela explicou que decidiu alterar o mote da apresentação após ler descrições na imprensa de que a coreografia poderia representar a onda de violência que atinge o Rio.
"A coreografia não tinha essa alusão. Escolhi esse tema no final do ano passado, porque o assunto é atual no mundo inteiro. Queria apenas retratar a violência do ser humano como um todo", disse.
Também na segunda, a técnica procurou o presidente da CBDA e explicou que mudaria a coreografia porque temia que o Rio pudesse ser prejudicado na campanha.
"Sou uma pessoa ligada no que está acontecendo e achei que essa discussão em torno do tema da coreografia poderia atrapalhar o Brasil", disse ela, acrescentando que suas preocupações começaram com a guerra no Iraque.
A idéia foi bem recebida por Nunes, que também temia um possível impacto negativo dos temas abordados na coreografia. "Ela fez a proposta de mudar, e eu dei meu apoio", disse o dirigente.
As concorrentes da cidade brasileira no pleito para o Mundial de 2007 são Dubai (Emirados Árabes), Sydney (Austrália) e Leipzig (Alemanha). O escolha da sede oficial ocorrerá no dia 12 de julho, no Mundial de Barcelona. Pouco antes, no dia 7, a Assembléia Geral do COB designa a candidata brasileira à Olimpíada de 2012.
Nuzman afirmou que tomou conhecimento da mudança da coreografia apenas ontem. Negou participação no caso, mas aprovou a decisão. "Não temos como saber qual seria a repercussão para a candidatura do Rio. Além disso, não acho oportuno falar das mazelas do país. Esporte não combina com violência."
Especial
Jogos Pan-Americanos-2003
Equipe de nado sincronizado muda coreografia para "preservar" o Rio
RICARDO WESTINda Folha de S.Paulo
Por causa de alguns movimentos que poderiam remeter à onda de violência no Rio, as oito atletas da seleção brasileira de nado sincronizado se viram obrigadas nesta semana a mudar a coreografia que apresentariam daqui a apenas dois meses, no Pan-Americano de Santo Domingo.
A técnica Mônica Rosas, depois de seis meses de ensaios, chegou à conclusão de que o mote da apresentação, "manifesto contra a violência", poderia prejudicar a imagem do Brasil no exterior e atrapalhar a candidatura da cidade para abrigar o Mundial de Desportos Aquáticos em 2007.
O Rio também concorre com São Paulo pela indicação brasileira aos Jogos de 2012. Nesta semana, inclusive, a cidade está passando por uma vistoria técnica do Comitê Olímpico Brasileiro.
Em momentos da coreografia, as nadadoras usam as mãos para representar revólveres e simulam gritos de dor. No fundo musical, há sons de armas sendo carregadas e de trocas de tiros. Nos maiôs das atletas seriam estampadas as grades de uma prisão.
A treinadora da equipe brasileira nega que tenha sofrido pressões por parte do COB ou da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos para que fizesse a alteração. No início do mês, os presidentes do COB, Carlos Arthur Nuzman, e da CBDA, Coaracy Nunes Filho, estiveram na sede da Federação Internacional de Natação, na Suíça, para tratar da candidatura do Rio para o Mundial.
Os dirigentes voltaram a se encontrar para discutir detalhes da candidatura carioca na última segunda, um dia antes de Rosas alterar a coreografia. Nuzman e Nunes, porém, disseram que não discutiram a questão no encontro.
"Não fui censurada. Não houve pressão política nenhuma. A pressão foi minha sobre mim mesma", disse Rosas. Ela explicou que decidiu alterar o mote da apresentação após ler descrições na imprensa de que a coreografia poderia representar a onda de violência que atinge o Rio.
"A coreografia não tinha essa alusão. Escolhi esse tema no final do ano passado, porque o assunto é atual no mundo inteiro. Queria apenas retratar a violência do ser humano como um todo", disse.
Também na segunda, a técnica procurou o presidente da CBDA e explicou que mudaria a coreografia porque temia que o Rio pudesse ser prejudicado na campanha.
"Sou uma pessoa ligada no que está acontecendo e achei que essa discussão em torno do tema da coreografia poderia atrapalhar o Brasil", disse ela, acrescentando que suas preocupações começaram com a guerra no Iraque.
A idéia foi bem recebida por Nunes, que também temia um possível impacto negativo dos temas abordados na coreografia. "Ela fez a proposta de mudar, e eu dei meu apoio", disse o dirigente.
As concorrentes da cidade brasileira no pleito para o Mundial de 2007 são Dubai (Emirados Árabes), Sydney (Austrália) e Leipzig (Alemanha). O escolha da sede oficial ocorrerá no dia 12 de julho, no Mundial de Barcelona. Pouco antes, no dia 7, a Assembléia Geral do COB designa a candidata brasileira à Olimpíada de 2012.
Nuzman afirmou que tomou conhecimento da mudança da coreografia apenas ontem. Negou participação no caso, mas aprovou a decisão. "Não temos como saber qual seria a repercussão para a candidatura do Rio. Além disso, não acho oportuno falar das mazelas do país. Esporte não combina com violência."
Especial
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