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Havelange também é paradigma da candidatura da Rio-2016
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SÉRGIO RANGEL
da Folha de S.Paulo
A busca da candidatura Rio-2016 por votos de eleitores de países mais pobres, além de mimetizar a política externa do presidente Lula, lembra muito a estratégia adotada por João Havelange para chegar à presidência da Fifa em 1974.
Reverenciado por Carlos Arthur Nuzman, líder da candidatura brasileira aos Jogos Olímpicos de 2016, Havelange tornou-se o primeiro dirigente de fora do continente europeu a ganhar a eleição para o cargo mais alto da Fifa. Para isso, ele rodou o mundo atrás dos votos de africanos e asiáticos, continentes que, naquela época, não tinham representação na entidade mundial do futebol.
À época, a estratégia surpreendeu o mundo da bola, mas isso dificilmente acontecerá na Dinamarca, já que todos os candidatos caçam o voto de cada membro do Comitê Olímpico Internacional (COI).
"Em campanha, você tem que trabalhar duro. Vou fazer de tudo para ajudar o meu país. Não é fácil. Mas vamos bem", declarou João Havelange antes de embarcar para a Europa, há cerca de dois meses.
Da Suíça, o dirigente trabalha em favor da candidatura brasileira. "Já mandei cartas para todos os votantes pedindo votos para minha cidade. Acho que vou ter sucesso", acrescentou o ex-cartola, que dirigiu a Fifa por 24 anos.
Havelange e Nuzman começaram a carreira esportiva no Fluminense, clube da elite carioca. Mais velho membro do COI com direito a voto na eleição de sexta, Havelange foi o responsável também pela entrada de Nuzman no comitê. Mesmo assim, os dois não votarão na Dinamarca, enquanto o Rio permanecer na disputa.
O ex-presidente da Fifa acredita que a candidatura brasileira tem pelo menos 20 votos assegurados. "Recebi 20 respostas dos membros do COI, e todas em apoio a nossa candidatura", afirmou o ex-dirigente.
Havelange, que disputou como atleta duas Olimpíadas (1936 e 1952), gosta de mostrar sua influência no COI. Recentemente, ele disse que elegeu o espanhol Juan Antonio Samaranch para o comando da entidade olímpica em 1980 e cobrou apoio do ex-dirigente à Rio-2016 caso Madri seja eliminada no início do pleito.
Samaranch é presidente de honra do COI, mas deixou de lado a neutralidade e vai defender a candidatura de Madri no evento na Dinamarca.
Além de trazer os Jogos para a cidade em que mora, Havelange faz questão de lembrar que os Jogos de 2016 no Rio terão um significado especial. "Será uma felicidade poder comemorar o meu centenário com um evento desses na minha cidade", disse o dirigente, de 93 anos.
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