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29/09/2009 - 09h00

Revista dos EUA mostra Rio de Janeiro à mercê de gangues

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JANAINA LAGE
da Folha de S.Paulo, em Nova York (EUA)

Na semana do anúncio da escolha da sede da Olimpíada de 2016, a respeitada revista "New Yorker" apresenta reportagem de 12 páginas sobre a ação dos traficantes no Rio de Janeiro.

O retrato mostrado pela publicação é de uma cidade comandada por gangues, onde o poder público tem participação irrisória, incapaz de garantir a segurança da população.

O título da reportagem já indica o que o leitor encontrará nas páginas seguintes: "Terra de gangues - quem controla as ruas do Rio de Janeiro?".

O autor, Jon Lee Anderson, jornalista de prestígio, é autor de biografia de Che Guevara e de livros sobre guerrilhas e sobre o Afeganistão.

O texto contrasta com a campanha do Rio aos Jogos Olímpicos, que explora as belezas naturais da cidade e o sucesso de políticas de segurança pública.

A partir da história de Iara, "subdelegada" de 31 anos e mãe de três filhas, que pertence ao Terceiro Comando Puro e trabalha para Fernandinho, o traficante Fernando Gomes de Freitas, comandante Morro do Dendê, favela na Ilha do Governador, a reportagem traça um painel da atuação do tráfico da cidade e da atuação da polícia.

O jornalista da "New Yorker" se encontrou com o traficante. Questionado sobre onde fica a linha entre certo e errado, responde: "Quem está decidindo?"

Anderson estima que existam hoje mais de mil favelas na capital fluminense. Em um panorama sombrio, a reportagem afirma que não há meios de escapar completamente da miséria do Rio de Janeiro.

O jornalista relata que os moradores do Morro do Dendê vivem sob a autoridade de um regime de fato, comandado pelo traficante e seu exército particular, um padrão que se repete por toda a cidade.

Na tentativa de traduzir para o público norte-americano o funcionamento do tráfico carioca, Anderson afirma que pelo menos 100 mil pessoas trabalham para traficantes, envolvidos em uma estrutura hierárquica similar à do mundo corporativo, com gerentes gerais, subgerentes e donos.

A reportagem descreve também as origens de algumas facções criminosas, como o Terceiro Comando Puro e o Comando Vermelho, este último nascido da mistura de criminosos comuns e presos políticos na prisão em Ilha Grande, no final da década de 70.

De acordo com o texto, mais de 20 anos após a restauração da democracia, não existem mais guerrilhas marxistas no país, apesar de vários ex-guerrilheiros ocuparem cargos no governo do presidente Lula.

"O Estado está praticamente ausente das favelas", diz a reportagem, que compara os índices de mortes violentas do Rio com os norte-americanos.

Os policiais cariocas matam em média pouco mais de três pessoas por dia, mais do que o número de todo os EUA.

Para o chefe da Polícia Civil do Rio, Allan Turnowski, ouvido em julho para a reportagem, a situação do Rio de Janeiro hoje não é de calamidade.

"Se fosse, não haveria volta. E nós podemos. Isto aqui ainda não é Bagdá ou o México. Nós temos a capacidade de controlar qualquer parte da cidade que quisermos", afirmou ele.
"O problema é que não podemos ficar para terminar o serviço", completou Turnowski.

Comentários dos leitores
Fernando Antonio Lopes (69) 29/01/2010 15h45
Fernando Antonio Lopes (69) 29/01/2010 15h45
Sérgio, me engana que eu gosto! Que segurança! A unica segurança é a sua, quando aparece em público, rodeado de homens mal encarados, dizendo um monte de besteiras que somos obrigados a engolir, sem poder rebaté-las! sem opinião
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Augusto Soares (16) 26/01/2010 15h29
Augusto Soares (16) 26/01/2010 15h29
Essa é mais uma forma de qualificar nossos profissionais. Governo unirá o útil ao agradável. sem opinião
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André Fernandes (26) 20/12/2009 00h38
André Fernandes (26) 20/12/2009 00h38
Infelizmente nosso país não tem condições de realizar nenhum evento esportivo, se investíssemos pesado em educação e saúde de qualidade, em talvez 20 ou 30 anos, nosso país seria uma VERDADEIRA potência mundial! Falo por experiência própria, no lugar onde moro, ví a maioria das crianças se transformarem em verdadeiros bandidos, por falta de educação nosso país está se transformando em uma fábrica de ilusões, e alguns ainda acham que as coisas estão melhorando, enquanto pagamos em média R$ 23.000,00 em um carro 1.0 popular, nos E.U.A se compra um Honda Accord 2006 por menos de R$ 7.000,00, e o por quê disto? Falta cultura de protesto, somos acostumados a aceitar tudo tranquilamente, os lobos de Brasília acabaram com a nossa educação, não temos base para nada, nos acostumamos a apanhar e ficar calados! Ainda acham que a copa do mundo vai trazer investimentos para o Brasil? Sim, o investimento vai para as empreiteiras dos senadores, vereadores e deputados do covil de Brasília, ou seja, confete para eles mesmos. Eles apenas vão quadruplicar a grana que já nos roubaram, para onde foi o dinheiro da cpmf? Por quê tenho que pagar 3 pedágios de R$ 6,20 para ir até Piracicaba-SP? Por quê tenho que pagar mais 3 tipos de impostos veiculares? Por quê tenho que pagar em média R$ 2,40 por litro de uma gasolina ruim? Por quê tenho que pagar INSS, se quando preciso de um médico do SUS ele nunca pode me atender imediatamente! Copa? Talvez em 2060! Acorda Brasil, vamos parar de ser estúpidos!! 13 opiniões
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