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01/08/2003 - 00h55

Dominicanos veneram ídolo "importado"

da Folha de S.Paulo, em Santo Domingo

Ele está em todos os cantos. Nos pontos de ônibus, na capa das revistas, nos hotéis, nos outdoors, nos viadutos, nos programas de TV. Nada escapa. Em Santo Domingo, não existe lugar sem imagem ou menção a Félix Sánchez.

Garoto-propaganda número um dos Jogos --seja em anúncios de empresas ou em campanhas institucionais--, o dominicano virou coqueluche em seu país.

Os conterrâneos engrossam a voz quando falam sobre ele. Referem-se ao atleta como "orgulho nacional" e garantem que a medalha na prova dos 400 m com barreiras, sua especialidade, está mais do que garantida.

Tanta confiança encontra respaldo nos resultados que ele apresentou nos últimos anos. Campeão mundial em 2001, o competidor não tem dado chances aos adversários nas principais provas do circuito internacional.

Em 2002, conseguiu 16 triunfos consecutivos nas etapas européias do Grand Prix da Federação Internacional. Nesta temporada, não fez por menos: já logrou os quatro melhores tempos do ano na prova que disputa.

Porém o que mais cativa a população não vem das pistas. Nos discursos e entrevistas, Sánchez tem caprichado no tom ufanista para arrebatar os torcedores.

"Fico emocionado quando penso que vou correr para meu povo. Será especial, muito melhor do que competir na Europa".

O patriotismo quase exagerado, porém, esconde alguns intrigantes dados de sua biografia. Apesar do merchandising que os patrocinadores fazem com seu nome, Sánchez não nasceu e não vive na República Dominicana.

Ele é natural de Nova York. Filho de dominicanos, voltou para o país na infância e nele obteve sua cidadania. Quando começou a deslanchar no atletismo, tratou logo de retornar à terra natal. Hoje, aos 26 anos, Sánchez defende uma Universidade da Califórnia.

O atleta começou a competir pela seleção dominicana em 1999. Foi ao Pan de Winnipeg com chances de medalha, mas sofreu uma contusão e abandonou os 400 m com barreiras nas semifinais. "Foi um momento de grande decepção", declarou.

Sánchez soube se recuperar e, de lá para cá, construiu um currículo quase irrepreensível. Talvez por isso os dominicanos esqueçam o fato de o atleta não ser um legítimo "filho da pátria", como o próprio gosta de apregoar. "O ouro só não me basta. Quero também quebrar o recorde pan-americano da prova", contou.

A marca que Sánchez deseja pulverizar em Santo Domingo é de um brasileiro. Eroníldes Araújo, atual tricampeão dos 400 m com barreiras, é o dono do melhor tempo do continente: 48s23.

Na República Dominicana, só existe um atleta capaz de rivalizar com Sánchez em popularidade. Seu nome é Samy Sosa, e ele pratica o esporte número um do país: o beisebol. O rebatedor também vive e joga nos EUA. Como a liga americana está em curso, ele já avisou que não estará nos Jogos.

"Jogadores de beisebol só se preocupam com o time. Eu prefiro me preocupar com o meu país", alfinetou o corredor.

Sua primeira aparição pública no país que tanto gosta de louvar deve ocorrer nesta sexta-feira. Sánchez foi escolhido pelo comitê olímpico dominicano para portar a bandeira no cerimonial de abertura.

Especial
  • Jogos Pan-Americanos-2003
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