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13/08/2003 - 08h41

Nadadores de São Vicente e Granadinas treinam no mar

EDUARDO OHATA
GUILHERME ROSEGUINI
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO

da Folha de S.Paulo, em Santo Domingo

A primeira sensação foi animadora. Assim que mergulhou na piscina de Santo Domingo, Steve Walleci, 20, sentiu-se em casa.

A temperatura da água raspava nos 29ºC, quase a mesma do mar de Arnos Vale, onde ele treina.

Walleci defende no Pan a ilha de São Vicente e Granadinas, espaço de terra de 389 km2, 24 mil vezes menor que o Brasil, nas Antilhas.

A maior piscina do país está velha. Mede só 15 m. Nada que impeça seus habitantes de contarem com uma equipe de natação.

Há cinco anos, Walleci e seu único companheiro, Fidel Davis, treinam em mar aberto para defender a pátria no exterior.

"Geralmente, a água das piscinas é mais fria. Gostei daqui. Acho que vou me adaptar bem", contou Walleci, referindo-se ao parque aquático do Pan. Ele engrossa a voz para falar do currículo. "Estive na última Olimpíada."

Davis, 21, mais introspectivo, prefere ficar longe da conversa. Ele está tenso por causa de sua estréia no Pan, hoje, nos 100 m livre. Mas, quando o assunto são os treinos no mar, decide se abrir.

"O pior são as queimaduras. Não sei se esbarramos em águas-vivas ou em peixes venenosos, mas dói bastante", confessou.

Ambos são orientados por Rickdene Alexander, que dribla os problemas com criatividade.

Como os atletas não têm acesso a uma academia, a opção foi aumentar o grau de dificuldade dos exercícios na água. Assim, Alexander amarra um balde na cintura dos pupilos e manda-os para o mar. "Também nadamos de roupa, com tênis", disse Walleci.

A situação lembra a história de Eric Moussambani, da Guiné Equatorial, que em Sydney-2000 demorou quase um minuto a mais do que os outros nadadores para completar os 100 m livre. Ele só foi aos Jogos porque seu país recebeu um convite do Comitê Olímpico Internacional, praxe que já foi extinta para Atenas.

Os objetivos da dupla caribenha em Santo Domingo são modestos. Nadando ao lado de medalhistas olímpicos, Davis tenta melhorar seu recorde pessoal nos 100 m livre, de 1min03s00. A marca é 15s16 pior que o recorde mundial. Se estivesse no último Campeonato Brasileiro Infantil (para atletas com 12 anos), teria sido o 12º.

Mas Walleci está otimista. Diz contar, agora, com um trunfo: a massa muscular que adquiriu depois que começou a trabalhar na construção civil. "Estou mais forte agora, erguendo prédios."

Assim como o colega, sabe que está bem distante do nível de atletas que lutam por medalhas.

Quando retornar a São Vicente e Granadinas, quer contar aos conterrâneos que nadou em uma piscina "de primeiro mundo" ao lado de gente famosa. Mas acha que, como sempre, a turma de Arnos Vale não vai acreditar.

Especial
  • Perfil da delegação brasileira de natação
  • Quadro de medalhas
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