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14/08/2003 - 00h10

Som dos Mutantes embala "maluco beleza" do Pan-Americano

da Folha de S.Paulo, em Santo Domingo

Com cabelos longos e desgrenhados, ele parece um guitarrista de rock dos anos 70. Por onde passa, é parado por torcedores e amigos. Os primeiros pedem autógrafos. Os outros perguntam o motivo do prolongado sumiço.

Gary Hall Jr. é de fato um guitarrista de rock. Mas a admiração dos fãs e a surpresa dos atletas com sua presença no Pan vêm de sua trajetória nas piscinas.

O nadador norte-americano de 28 anos é o atleta mais premiado a competir em Santo Domingo: tem oito medalhas olímpicas. Nos últimos três anos, andou afastado dos principais eventos internacionais. Agora, quer provar nos Jogos que ainda tem fôlego para perpetuar a carreira.

"Estou me preparando para nadar bem em 2004. No Pan, já posso mostrar que continuo bastante perigoso", afirmou Hall.

Ele estréia quinta-feira na competição. Está escalado para o revezamento 4 x 100 m livre dos EUA. Na sexta-feira, disputa os 50 m livre, prova na qual é o atual campeão olímpico.

Com um currículo recheado de títulos, é estranho ver o nome de Hall no meio de uma seleção B dos EUA: a equipe principal não foi à República Dominicana.

"A seletiva para definir as equipes A e B dos EUA foi no ano passado. Eu não estava bem e acabei fora do time A. Mas não vejo problema. É meu segundo Pan e essa é uma competição muito forte."

Hall competiu em Mar Del Plata-1995. Lá, além de integrar o quarteto campeão do revezamento 4 x 100 m livre, protagonizou um inusitado acontecimento.

Pouco antes do início dos Jogos, ele caiu na piscina para treinar. "Quando acabei, vi que minha calça havia sumido da beira da piscina. Precisei voltar para a Vila apenas com minha velha sunga."

Desde a última Olimpíada, Hall tem dividido o tempo dos treinos com o tratamento que realiza para controlar uma doença. Em 1999, ele desmaiou sem motivo aparente em uma festa. Foi levado ao hospital e recebeu o diagnóstico: tinha um tipo de diabetes em que o sistema imunológico atacava as células do próprio corpo.

"Foi um dos piores dias de minha vida. Achei que minha carreira iria acabar. Passei a ter uma vida mais controlada", afirmou.

Não foi a primeira vez, porém, que Hall enfrentou problemas fora das piscinas. Em 1996, testou positivo para maconha nos Jogos de Atlanta. A substância ainda não fazia parte da lista das proibidas pelo COI e Hall escapou ileso.

Dois anos depois,um novo vestígio de maconha foi detectado em sua urina. Dessa vez, a Federação Internacional de Natação decidiu suspendê-lo por três meses.

No meio das turbulências, Hall sempre encontra tempo para seu passatempo predileto: arranhar uma guitarra. Fã das bandas The Clash e Cream, ele tem seu próprio conjunto e, sempre que pode, leva um violão para as provas.

"Do Brasil, Os Mutantes é a minha banda favorita. Só falta aprender um pouco de português para entender as letras."

Filho de Gary Hall, nadador que trouxe medalhas de três Olimpíadas (68, 72 e 76), Júnior nem pensa em parar. Irreverente e polêmico, acha que pode voltar ao pódio em Atenas. "Depois, não sei o que farei. Acho que meu grande sonho mesmo é ser astronauta."
 

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