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15/08/2003 - 08h33

Brasileiros ganharam o ouro no revezamento após pito de dirigentes

EDUARDO OHATA
GUILHERME ROSEGUINI
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO

da Folha de S.Paulo, em Santo Domingo

O sermão fez efeito. Após levarem uma bronca dos dirigentes, os nadadores brasileiros mudaram de atitude e asseguraram o segundo ouro para a modalidade nos Jogos Pan-Americanos.

Fernando Scherer, Gustavo Borges, Jader Souza e Carlos Jayme integraram o time que marcou 3min18s66, superou o favoritismo dos EUA e assegurou o bicampeonato no revezamento 4 x 100 m livre ao Brasil.

Antes das finais, porém, o clima não era de festa. Preocupados com o deslumbramento dos atletas após as 12 medalhas obtidas nos três primeiros dias, os dirigentes marcaram uma reunião geral. Queriam avisar que o torneio não havia acabado.

"Temos que dar um basta nessa situação. Vou reunir todos hoje [ontem] e dar uma bela bronca. Ainda restam dois dias", disse Ricardo Moura, chefe de equipe, que teve o apoio de Coaracy Nunes, presidente da CBDA.

Seu principal receio estava na conduta dos nadadores, em especial os mais jovens. Segundo Moura, alguns relaxaram depois das primeiras medalhas e não estavam dando a atenção devida para o Pan. "Se ficarem só dando bola para o que dizem os repórteres e os políticos, vão acabar perdendo o foco na competição. Se chegarmos no último dia com 26 medalhas, aí sim vamos fazer festa."

O recado foi bem entendido. No revezamento, o que não faltou foi concentração. Na verdade, faltou, mas para o time americano. O último integrante do quarteto, Daniel Ketchum, desclassificou o time por queimar a largada. A prata acabou com a Venezuela. O bronze foi para o Canadá.

Se anteontem, na conquista do primeiro ouro, o herói foi um integrante da velha guarda --Rogério Romero, 33, que venceu os 200 m costas--, desta vez a responsabilidade recaiu nos ombros da nova geração.

Os mais experientes da equipe, Scherer e Borges, foram os primeiros a cair na água, deixando os momentos decisivos da prova para Souza, 21, e Jayme, 23.

A mudança é emblemática. Apelidado de "Senhor Revezamento" por sempre conseguir alcançar os rivais quando fecha os eventos por equipe, Borges raramente abandona esse posto.

Ontem, deixou-o com Jayme. "Eu sabia que estava muito bem. Quando vi que iria pular na piscina junto com o americano, tinha certeza que poderia engoli-lo. Foi o que fiz", disse o atleta.

O goiano nem notou que os EUA deixaram de escalar seu maior ídolo, Gary Hall Jr., no evento. Dono de oito medalhas olímpicas, Hall foi poupado para nadar os 50 m livre, hoje.

Apesar de não ter sido o herói desta vez, Borges era um dos mais eufóricos com a conquista.

O título ampliou ainda mais sua coleção. Agora ele acumula 18 medalhas em Pans e, de quebra, voltou a ser o maior medalhista de ouro --oito, ao lado do mesa-tenista Hugo Hoyama.

"Isso é muito importante para mim. Fiquei feliz demais com o desempenho da equipe", disse o atleta de 31 anos, que disputa seu último Pan-Americano.

A bronca dos dirigentes também rendeu frutos em outras provas. Nos 400 m livre, Bruno Bonfim logrou a melhor performance de sua carreira e conquistou o bronze, com 3min54s82.

Nos 200 m peito, Marcelo Tomazini também chegou em terceiro, com 2min15s87. A natação tem agora 15 medalhas, o mesmo número obtido em Winnipeg.

Ainda restam, contudo, dois dias de disputas. Hoje, Scherer, que saiu do último Pan com quatro ouros no peito, disputa os 50 m livre e tenta manter o título de homem mais rápido das Américas.

Especial
  • Perfil da delegação brasileira de natação
  • Quadro de medalhas
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