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16/08/2003 - 00h51

"Sr. Revezamento" encerra trajetória em Pans do jeito que gosta

da Folha de S.Paulo, em Santo Domingo

A responsabilidade estará toda sobre seus ombros. E, justamente por isso, Gustavo Borges vai encerrar a mais premiada trajetória de um brasileiro em Pan-Americanos do jeito que mais gosta.

O nadador será o último integrante da equipe do 4 x 100 m medley a cair na água neste sábado.

Terá, assim, a chance de repetir as cenas que lhe renderam o apelido de "Senhor Revezamento".

Cenas como a do mesmo 4 x 100 m medley dos Jogos de Winnipeg-1999. O time brasileiro estava distante dos americanos, aparentemente fora da disputa pelo primeiro posto. Borges, então, pulou na piscina, alcançou os rivais e garantiu o ouro para o Brasil. Foi a primeira vez na história que os EUA perderam a prova em Pans.

"Não sei exatamente o que acontece comigo nesses momentos. Só sei que me dá uma vontade enorme de vencer. Aí acabo me superando", contou o nadador.

Borges, 31, terá a última chance de ampliar o garimpo que lhe rendeu 18 medalhas em quatro Pans. Caso vença a prova, será, isolado, o brasileiro com mais ouros na competição --divide atualmente o título com o mesa-tenista Hugo Hoyama, com oito.

A fama de saber anular a vantagem das equipes adversárias nos momentos decisivos começou a ser construída há 10 anos.

Em julho de 1993, com Fernando Scherer, Teófilo Ferreira e José Souza Júnior, ele completou o time que bateu o recorde mundial do 4 x 100 m livre em piscina curta (25 m). A prova foi no Brasil e a veracidade da façanha, questionada por outras seleções.

A melhor forma de calar os rivais era vencer o Campeonato Mundial, programado para dezembro, na Espanha.

Lá, em Palma de Mallorca, Borges deu o primeiro sinal de suas qualidades como último homem de um revezamento. Na final do 4 x 100 m livre, ele caiu na piscina em segundo lugar, 1s56 (equivalente a quase dois metros) atrás dos norte-americanos.

Durante a prova, ele manteve o estilo inconfundível de braçadas lentas e eficazes, cravou 46s66, passou pelos EUA, assegurou o ouro e novo recorde mundial para o Brasil --3min12s11.

"Ele voou na piscina. Foi absolutamente delirante", contou Souza Júnior após o título.

O apelido veio no ano seguinte. No Mundial de Roma, desta vez em piscina longa, Borges teve uma missão ainda mais espinhosa. Antes de pular na piscina, o time brasileiro do 4 x 100 m livre estava em quinto lugar.

Entre ele e o pódio, estavam os times de Alemanha e Suécia. Ambos foram superados, e o Brasil conquistou o bronze no torneio.

Naquele 9 de setembro, os rivais batizaram Borges de "Mr. Relay", equivalente a "Senhor Revezamento" em português.

A fama atravessou os anos, mas o atleta nascido em Ribeirão Preto sabe que ela pouco pode ajudá-lo em Santo Domingo. "Será muito difícil bater os EUA, porque não estamos tão bem como em 1999."

Neste Pan, aliás, ele já abriu mão de fechar um revezamento para que o Brasil tivesse mais chances de conquistar o ouro. E deu certo.

No 4 x 100 m livre, foi o segundo a cair na água, com o intuito de manter o time sempre próximo do principal rival, os EUA. Quem concluiu a prova e garantiu o título foi o goiano Carlos Jayme.

A mesma estratégia foi usada na Olimpíada de Sydney-2000, quando o Brasil ficou com o bronze com Edvaldo Valério fechando.

Neste sábado, Borges retoma seu posto. Pela 9ª vez, vai decidir um revezamento para o Brasil em Pans. Todas as chances anteriores renderam medalhas e boas histórias. Só que essa parece ser ainda mais especial. "Será a última", afirmou ele.
 

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