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16/08/2003 - 23h38

Para treinador norte-americano, Gustavo Borges foi o melhor

EDUARDO OHATA
GUILHERME ROSEGUINI
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
da Folha de S.Paulo, em Campinas

Pouco antes de finalizar um curso na Universidade de Michigan, Valéria Borges decidiu procurar Jon Urbanchek, lendário técnico da equipe de natação local, para dar um recado. "Tenho um irmãozinho que nada muito bem. Talvez um dia ele possa ser seu atleta", disse a estudante.

Alguns anos depois, o irmãozinho cumpriu a profecia. Com seus 2,03 m, Gustavo Borges desembarcou em Michigan, Estado ao norte dos EUA, no ano de 1991 e mudou para sempre a carreira de um dos mais premiados treinadores da natação mundial.

"Lembro exatamente do dia em que o conheci. Fomos assistir juntos um jogo de hóquei. Fazia muito frio. Borges virou para mim e disse: "Sabe por que eu gosto de frio? Porque posso usar suéter. Sempre adorei suéter. No Brasil, é impossível usar essa coisa", contou Urbanchek à Folha.

Em 43 anos de carreira, o comandante dos Wolwerines (como os nadadores de Michigan são conhecidos) já formou mais de dez recordistas mundiais e perdeu a conta de quantos medalhistas olímpicos passaram por sua mão.
Mas não titubeia nem um segundo ao contar qual foi o melhor com quem já trabalhou.

"Treinar o Borges foi a melhor coisa que fiz na carreira. Nunca conheci uma pessoa com tanto carisma, com tanta personalidade. Nunca comandei um atleta tão dedicado", afirmou o técnico.

E Urbanchek, conhecido pela fama de ser muito exigente, não é do tipo que gosta de fazer elogios. Os títulos que Borges rendeu ao seu currículo, porém, fazem o comandante abrir uma exceção.

Com o brasileiro no time, Michigan liderou boa parte do circuito universitário norte-americano na década de 90. A consagração veio na temporada de 1995, quando o nadador brasileiro capitaneou a campanha pelo título da principal competição do gênero, o NCAA. Os Wolwerines não venciam o evento havia 34 anos.

"Minha relação com ele extrapola o limite do esporte. O Borges tem uma personalidade forte, cativante. Viramos grandes amigos", declarou o técnico, que treinava o brasileiro quando ele obteve a prata nos 100 m livre na Olimpíada de Barcelona, em 1992.

Na República Dominicana, Urbanchek chefiou o time de natação norte-americano. Ao olhar para a nova geração que está em suas mãos, disse sentir falta do ex-pupilo vindo de outro país.

"Hoje todos são egoístas. Querem aparecer sozinhos. O Borges dava crédito para todo mundo. Falava dos amigos, dos rivais, da família. Até eu ele citava", contou.

O treinador aplaudiu a decisão de Borges de encerrar a participação em Pans na edição de 2003.

"As medalhas vão gastar com o tempo. Os recordes serão quebrados por outros. Mas ninguém vai apagar a história que esse cara construiu", afirmou o treinador americano. "Agora está na hora de cuidar da família, dos negócios. Ele já nadou demais."

Especial
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