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11/09/2003 - 20h38

Napoli diz ter escondido doping de Maradona por mais de uma vez

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RODRIGO BUENO
da Folha de S.Paulo

O mundo tomou conhecimento nesta quinta do esquema que ajudou Maradona a não ser flagrado no exame antidoping no auge do Napoli. O ex-presidente do clube Corrado Ferlaino, em entrevista ao jornal napolitano "Il Mattino", revelou que "salvou" inúmeras vezes a carreira do mais famoso dos jogadores argentinos.

"Maradona sempre me critica, me considera um inimigo. Mas eu o salvei várias vezes, especialmente no antidoping", disse o dirigente, hoje proprietário do Ravenna, time que atua na quarta divisão.

Ferlaino disse que a urina de outros atletas era usada no lugar da de Maradona regularmente.

"Moggi [diretor], Carmando [massagista] e o médico perguntavam aos jogadores se estava tudo em seu lugar. Não sabia o que acontecia. Anos depois, soube que era um truque. Se alguém estava sob risco, pegava um vidro com a urina do outro. O que ia para o antidoping escondia o vidro na bermuda por baixo do calção. Na hora do exame, em vez de urinar ele colocava no recipiente a urina 'limpa' do companheiro."

Maradona foi flagrado em um exame na Itália apenas em 1991. "Naquele dia Moggi perguntou a Maradona se ele estava em condições. Ele respondeu que sim, que tudo estava bem. O problema é que os cocainômanos mentem para si mesmos", disse Ferlaino.

O dirigente disse que o argentino tinha total liberdade para se drogar. "Desde as noites de domingo até quarta-feira, Diego estava livre para fazer o que queria. Mas na quinta-feira deveria estar 'limpo'. Basta não consumir cocaína durante um certo período que nada aparece no antidoping."

Ferlaino confirmou que os episódios aconteceram em campanhas vitoriosas do clube. "Ele me acusa de tê-lo prendido em Nápoles. Isso é verdade, mas foi para o bem de Nápoles, pois ganhamos dois scudettos (1987 e 1990) e uma Copa da Uefa (1989)", disse.

Além de burlar o antidoping, o Napoli contou com a ajuda da arbitragem para ser campeão.

"Isso ocorreu mais no segundo scudetto. Me recordo bem já que para ganharmos trabalhei muito. O Milan tinha um árbitro muito amigo, Lanese. Nós éramos próximos de Lo Bello. O campeonato foi decidido no dia 22 de abril. O Milan foi jogar em Verona, e Lo Bello apitou. Aconteceu de tudo, expulsões... Perderam de 2 a 1. O Napoli ganhou do Bologna e metemos o scudetto no bolso."

Segundo Ferlaino, que tomou precauções para a festa do título não ser "manchada pela droga", o episódio da moeda que atingiu Alemão foi maquiado --o Napoli ganhou os pontos de jogo em 1990 em que uma moeda foi jogada no gramado na direção do brasileiro.

"O Alemão foi atingido, mas ampliamos o caso. Fizemos um pouco de cena. O Alemão no início não entendeu, mas o levamos para o hospital. Eu o visitei e, ao sair, declarei com pesar que ele não tinha me reconhecido. Depois ri porque ele estava bem. Logo se converteu a outra religião. Ele vive com isso dentro de si."
 

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