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16/09/2003 - 19h29

Caos toma conta de seleção feminina de futebol antes da Copa

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SÉRGIO RANGEL
da Folha de S.Paulo, no Rio

Com a maioria das jogadoras descontentes com o técnico Paulo Gonçalves, com quatro titulares contundidas e sem um esquema tático definido. Neste cenário conturbado, a seleção brasileira embarcou nesta terça para a disputa do Mundial, nos EUA, que será aberto no próximo sábado.

No último dia da equipe na Granja Comary, várias jogadoras aproveitaram para desabafar e mostrar que a delegação, que sem Milene ganhou o Pan de Santo Domingo, está dividida.

"Ele [o treinador] está muito desgastado. O time não tem esquema armado até agora. Além disso, ele pouco conversa com as jogadoras. Fica muito difícil trabalhar assim", disse a goleira Andréia, titular da seleção desde os Jogos de Sydney, em 2000.

A goleira disse que o relacionamento do treinador com as jogadoras é tão ruim que Gonçalves deverá deixar o cargo no final da competição. "Isso nos foi passado, vamos aguardar", disse ela.

Milene Domingues, a mulher de Ronaldo, é a mais crítica em relação ao trabalho do treinador. Sem clima com Gonçalves, que não esconde o desconforto com a imposição feita pela CBF para a atleta permanecer no grupo, Milene é a porta-voz do grupo.

"Ele não conversa com as atletas. Nós já dissemos que queremos ser cobradas, mas ele não faz nada. Ainda não sei se vamos jogar no 4-4-2 ou no 3-5-2", disse a jogadora, que recusa receber o rótulo de líder.

"Quando cheguei aqui, as jogadoras me passaram tudo o que aconteceu. Desde então, comecei a falar o que acontecia. Como não tenho nada a perder, me sinto mais solta para falar", disse Milene, que vai disputar o Mundial por determinação da diretoria da CBF. A entidade acha ela ajudará a divulgar melhor a seleção.

"Mesmo assim, temos que esquecer o que aconteceu e tentar resolver em campo. As jogadoras têm muito talento e podem superar as falhas da preparação", acrescentou a meia, que vai lançar uma boneca com o seu nome após o Mundial. Fora dos planos do treinador, Milene dificilmente será escalada durante uma partida da competição.

A atacante Kátia Cilene é outra que não esconde o desconforto com a situação delicada da seleção. Kátia é a jogadora mais famosa da equipe. Ela jogou a última temporada no futebol norte-americano e recebeu cerca de US$ 35 mil mensais. A maioria das jogadoras da seleção recebe R$ 30 por dia de ajuda de custo da CBF.

"O clima ficou muito ruim. Mesmo assim, prefiro não comentar nada por questões éticas. Independentemente da atuação ruim da comissão técnica, temos que continuar jogando bem. Se tivermos uma atuação fraca no Mundial, as jogadoras serão as que mais vão sofrer no futuro. O futebol feminino está muito mal no país. Uma campanha fraca será pior ainda para todas", disse Kátia, que acha difícil a seleção conseguir repetir a campanha do Mundial passado, quando terminou a competição em terceiro.

Como se não bastasse a série de conflitos entre as jogadoras e o treinador, a seleção embarcou com quatro titulares contundidas --Formiga, Tânia Maranhão, Juliana e Renata Costa. De acordo com o treinador, Formiga e Renata dificilmente enfrentarão a Coréia do Sul, domingo.
 

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