Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
19/10/2003 - 12h46

"Hotel Luxemburgo" sintetiza o poder do técnico no Cruzeiro

Publicidade

ALEC DUARTE
da Folha de S.Paulo, em Belo Horizonte

Nada sintetiza melhor o poder de Wanderley Luxemburgo no Cruzeiro do que o hotel-concentração que o clube possui na Toca da Raposa II, centro de treinamento que ocupa 86 mil metros quadrados num bairro nobre de Belo Horizonte, a Pampulha. Assim como no cofre, lá o técnico também tem a chave nas mãos.

Luxemburgo controla absolutamente tudo o que acontece no prédio, até a programação de TV nos quartos dos jogadores.

Um sistema de circuito fechado permite que fitas editadas com jogadas dos rivais e do próprio Cruzeiro sejam mostradas em horários pré-determinados.

Quando a ocasião exige, o treinador reúne todo o grupo num moderno auditório com capacidade para 48 pessoas.

O dia do técnico começa sempre com uma visita ao prédio, onde lê os cadernos de esporte de vários jornais.

O hotel tem 17 quartos, um deles só para o treinador +-os jogadores dividem os outros.

No refeitório, as regras são rígidas. Um aviso na parede informa que a comida é retirada do balcão tipo self-service exatamente uma hora depois de os jogadores iniciarem as refeições.

"Nosso hotel permite controlar a alimentação e a recuperação dos jogadores. É fundamental para se fazer um trabalho "full time" com o elenco", afirma o treinador, orgulhoso.

A sala de musculação, avaliada em US$ 160 mil, é outro orgulho do técnico --e mais uma maneira tecnologicamente avançada de ele controlar seus pupilos.

Cada atleta possui um cartão magnético que registra, automaticamente, carga e intensidade dos trabalhos realizados.

Na prática, isso significa que é impossível ludibriar os auxiliares do vigilante treinador.

Especialista em motivação, o técnico conta com um recurso extra: boa parte dos quartos tem, como vista, o Mineirão, palco onde o time costuma se exibir.

O silêncio só é quebrado, de tempos em tempos, pelo sobrevôo de aviões comerciais --o aeroporto da Pampulha fica a poucos quilômetros do local.

"O Cruzeiro te dá condições de trabalho", diz Luxemburgo, que admite nunca ter tido tantos recursos à disposição.

Palavrões e frisson

O trabalho de Luxemburgo é acompanhado de perto pela torcida, que tem acesso diário ao CT. O local virou ponto turístico.

Prova disso é que, hoje, é preciso fazer reserva para conhecer as instalações --e a obtenção do sinal verde, diante da procura, pode levar mais de 40 dias.

Não há arquibancada na Toca da Raposa II: a torcida fica distribuída em prosaicos bancos, no estilo pracinha do interior.

Dali, o frisson é inevitável quando Luxemburgo se dirige a seus comandados com palavrões. Seu estilo durão ainda choca a recatada platéia.

Os jogadores, entretanto, já se renderam ao comandante. Por toda parte, só se ouvem elogios à sua forma de dirigir o grupo.

"Por causa dele, hoje me sinto um jogador melhor", afirma o atacante Mota, 22, que jogava no Ceará. "O Luxemburgo é o melhor técnico do Brasil", crava o lateral Maurinho, 25, campeão brasileiro em 2002 e que o técnico foi buscar no Santos. "Ele é como um pai para mim", conclui Alex, 26.

Especial
  • Campeonato Brasileiro
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página