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23/12/2009 - 09h32

Brasil pobre tem mais clubes de futebol que Brasil rico

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PAULO COBOS
da Folha de S.Paulo

Plácido de Castro, com 18 mil habitantes no interior do Acre, tem. São Benedito, no sertão cearense (45 mil), também, assim como Costa Rica (19 mil), em Mato Grosso do Sul.

Já cidades do Sudeste e do Sul, com mais de 300 mil habitantes, como a paulista Diadema, não sabem o que é ter um time profissional de futebol.

Esse é o um dos retratos do cadastro de clubes profissionais feito pela CBF, que, com dados fornecidos pelas federações estaduais e os próprios times, listou 783 equipes no país disputando competições oficiais nos últimos três anos.

As regiões mais pobres do Brasil têm uma participação no total de clubes do país maior do que sua fatia na população, ao contrário do que acontece com o Sul e o Sudeste.

O Norte, por exemplo, tem só 8% da população do país, mas respondeu por 13% dos clubes profissionais do país nos últimos três anos. No Centro-Oeste, a diferença é ainda mais gritante --a região tem 7% dos habitantes e 15% das equipes.

No Sudeste moram 42% dos brasileiros, porém a região conta, segundo o cadastro elaborado pela CBF, com apenas 30% dos times do país.

O levantamento da Confederação Brasileira de Futebol mostra que pobreza e população pequena não impedem que as zonas mais atrasadas da nação tenham uma penetração maior de clubes profissionais.

A incidência de equipes em cidades com menos de 50 mil habitantes é muito maior no Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Nessas regiões, 32% dos times que disputaram campeonatos estaduais nos últimos três anos são de cidades com população inferior a 50 mil. Somando Sul e Sudeste, esse número fica em somente 14%.

No Ceará, 17% dos municípios do Estado nordestino tiveram um time profissional na ativa nos últimos três anos.

Em São Paulo, a mais rica unidade da federação, essa marca fica abaixo dos 15% --mais de 500 cidades paulistas não contam com um clube disputando competições oficiais.

A interiorização do futebol nas regiões mais pobres do país deu bons resultados dentro do campo na temporada de 2009.

O campeão da Série D, que neste ano teve sua primeira edição, foi o São Raimundo, de Santarém, no interior do Pará. O vice-campeão da terceira divisão foi o ASA, de Arapiraca, município de Alagoas.

Desproporção

Para o tamanho da sua população (192,2 milhões de pessoas, segundo o IBGE), o número de 783 clubes profissionais no Brasil não impressiona, sendo que menos de cem disputam por ano uma das quatro divisões nacionais do país.

As 783 agremiações (e algumas estiveram inativas em 2009) significam uma equipe para cada 245 mil habitantes.

Na Espanha, são 483 clubes disputando apenas as quatro principais divisões do país. Isso significa que no país europeus existe uma agremiação para cada 84 mil habitantes.

Registro

Lançar um time em São Paulo ou no Rio de Janeiro custa caro. A Federação Paulista de Futebol, por exemplo, estipulou em estratosféricos R$ 500 mil o valor da taxa de registro de um clube profissional novato. Faz isso, segundo informação da entidade, para se proteger de clubes bancados por empresários.

No Rio de Janeiro, o valor não é tão alto, mas, ainda assim, não é nada convidativo (R$ 50 mil). Nas regiões Norte e Nordeste, o registro de uma nova agremiação, na maioria das federações estaduais, fica abaixo dos R$ 10 mil.

 

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