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07/03/2004 - 09h25

Série A do futebol italiano tem dívida de R$ 7 bilhões

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RODRIGO BUENO
MASSIMO GENTILE

da Folha de S.Paulo

O calcio, eldorado do futebol mundial, está quebrado. A soma das dívidas dos times da Série A do Campeonato Italiano quase bate em 2 bilhões de euros (cerca de R$ 7 bilhões). Estão comprovadas manipulações de balanços dos times para que esses não sejam dados como falidos.

O chamado doping administrativo motivou uma caça aos balanços dos clubes por parte de autoridades italianas. Muitos times não têm pago impostos, e outros estão com dívidas com jogadores. Mais de 50 equipes tiveram suas sedes tomadas por policiais em busca de documentos recentemente (foram confiscados 263 balanços).

Os clubes têm turbinado seus registros contábeis com a chamada mais-valia ou reavaliação para evitar a falência e atrair investidores --times têm ações na bolsa.

Atribuem aos atletas valores que não correspondem com a realidade. Compra-se um jogador por 1 milhão de euros, por exemplo, e coloca-se no balanço que o atleta vale 15 milhões. Ou vende-se um jogador avaliado no balanço por 10 milhões de euros por apenas 60 mil, como aconteceu com Panarelli, jogador que foi cedido pela Roma ao Taranto.

Outra prática comum na Itália é trocar atletas com valores superestimados, o que ocorreu na transação do atacante Crespo para a Lazio em 2000.

Entre 1997 e 2002, o uso da mais-valia nos balanços dos times da Série A teve aumento de 740%.

Essa maquiagem de balanços foi uma prática muito usada na Itália por Sergio Cragnotti e Stefano Tanzi, homens que controlaram a Lazio e o Parma, respectivamente, até as crises da Cirio e da Parmalat, empresas que deram sustentação aos dois times. Ambos já tiveram prisão decretada.

A Fiorentina, uma das mais tradicionais equipes do país, faliu em 2002. Vittorio Cecchi Gori, ex-proprietário do clube, foi acusado de falência fraudulenta, contabilidade falsa e também de apropriação indevida de fundos.

A Roma, em novembro, acumulava mais de 100 milhões de euros só em dívida tributária. Os times da capital são os que mais devem na Itália. A Lazio fechou 2003 devendo 471,8 milhões de euros.

As autoridades italianas estão intervindo na venda da Roma para um grupo petrolífero russo. As negociações entre o vice-líder do Italiano e o Nafta Moskva estavam praticamente concluídas, mas os últimos acontecimentos no calcio melaram o acordo.

Com salários atrasados, a Roma seria vendida por 400 milhões de euros, valor um pouco maior do que a dívida do clube, ameaçado de não jogar competição européia na próxima temporada por falta da licença da Uefa, obtida por clubes com boa saúde financeira.

Mesmo na Itália os clubes que estiverem atolados em dívidas poderão ser impedidos de jogar. A liga do país anunciou que só aceitará para a próxima temporada inscrições de clubes que tenham pago em dia seus impostos e que não possuam no máximo dois meses de salários atrasados com atletas.

Os times "enforcados", tanto na Série A quanto na Série B, têm até o meio do ano para contornar seus problemas financeiros. A federação italiana, seguindo a linha da liga do país, deverá exigir a quitação dos débitos dos clubes com a Receita até o fim deste mês.
 

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