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20/03/2004
-
09h02
da Folha de S.Paulo
Considerado o segundo homem mais rico da Rússia, Roman Abramovich, 37, gerou polêmica ao comprar o Chelsea, clube inglês no qual investiu cerca de US$ 355 milhões.
A negociação dividiu o povo russo --segundo as pesquisas, 34% da população foi contra o negócio, 25%, a favor, e 41%, indiferente-- e gerou a desconfiança do governo de Vladimir Putin. A suspeita é que o negócio foi uma forma de Abramovich enviar dinheiro ao exterior e, com o futebol, lavar parte de seus rendimentos.
Na Rússia, o magnata começou a fazer fortuna nos anos 90, investindo em petróleo. Aliou-se a Boris Berezovsky, empresário de mídia e que, como Abramovich, foi próximo do Kremlin na década passada. Rompido com o governo Putin, no entanto, Berezovsky acabou exilado, porém Abramovich ainda tenta se aproximar do atual presidente.
Mas vive a maior parte do tempo no Reino Unido, onde criou uma empresa para administrar suas finanças. Por intermédio de sua assessoria, Abramovich, que diz não dominar o inglês, concedeu entrevista à Folha, com a condição de não discutir temas políticos.
Folha - Por que o senhor decidiu investir no futebol inglês?
Roman Abramovich - Porque gosto de esporte, queria ter um time de futebol, acho um investimento que pode ter um ótimo retorno. A valorização de jogadores pode ser muito grande, e não sou um outsider. Em Omsk, eu tinha um time de hóquei, então por que não ter uma equipe de futebol?
Folha - O sr. tentou contratar o Ronaldo, do Real Madrid?
Abramovich - Não. Como qualquer grande atleta interessa, quem sabe um dia, mas não cheguei a fazer proposta. Quero formar um time de ponta, e qualquer jogador de ponta pode entrar na mira. Se o [David] Beckham quiser jogar aqui, não sou eu que vou dizer não, as portas estão escancaradas...
Folha - Sua fortuna é estimada em mais de US$ 7 bilhões. Muitos russos acham que o dinheiro deveria ser investido dentro da Rússia, não na Inglaterra...
Abramovich - No mundo globalizado, não se coloca todos os ovos no mesmo cesto. Além do mais, invisto muito na Rússia [na quarta-feira anunciou parceria com o CSKA, de Moscou]. Construo escolas, patrocino orfanatos, luto para que o processo de adoção de crianças russas por estrangeiros seja facilitado e invisto também no futebol. Vou construir três estádios em Moscou e arredores.
Folha - E sobre a suspeita de que a compra do Chelsea teria sido para lavar dinheiro?
Abramovich - Todo dinheiro foi ganho legitimamente com petróleo, mídia e aviação, e uma parte dele remetida legalmente ao exterior. Com o fim do comunismo, houve um vácuo econômico no país, e muita gente acha que todo dinheiro ganho é ilegal, quando não é. É fruto de muito trabalho.
Magnata russo, dono do Chelsea, aposta nos investimentos no futebol
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Considerado o segundo homem mais rico da Rússia, Roman Abramovich, 37, gerou polêmica ao comprar o Chelsea, clube inglês no qual investiu cerca de US$ 355 milhões.
A negociação dividiu o povo russo --segundo as pesquisas, 34% da população foi contra o negócio, 25%, a favor, e 41%, indiferente-- e gerou a desconfiança do governo de Vladimir Putin. A suspeita é que o negócio foi uma forma de Abramovich enviar dinheiro ao exterior e, com o futebol, lavar parte de seus rendimentos.
Na Rússia, o magnata começou a fazer fortuna nos anos 90, investindo em petróleo. Aliou-se a Boris Berezovsky, empresário de mídia e que, como Abramovich, foi próximo do Kremlin na década passada. Rompido com o governo Putin, no entanto, Berezovsky acabou exilado, porém Abramovich ainda tenta se aproximar do atual presidente.
Mas vive a maior parte do tempo no Reino Unido, onde criou uma empresa para administrar suas finanças. Por intermédio de sua assessoria, Abramovich, que diz não dominar o inglês, concedeu entrevista à Folha, com a condição de não discutir temas políticos.
Folha - Por que o senhor decidiu investir no futebol inglês?
Roman Abramovich - Porque gosto de esporte, queria ter um time de futebol, acho um investimento que pode ter um ótimo retorno. A valorização de jogadores pode ser muito grande, e não sou um outsider. Em Omsk, eu tinha um time de hóquei, então por que não ter uma equipe de futebol?
Folha - O sr. tentou contratar o Ronaldo, do Real Madrid?
Abramovich - Não. Como qualquer grande atleta interessa, quem sabe um dia, mas não cheguei a fazer proposta. Quero formar um time de ponta, e qualquer jogador de ponta pode entrar na mira. Se o [David] Beckham quiser jogar aqui, não sou eu que vou dizer não, as portas estão escancaradas...
Folha - Sua fortuna é estimada em mais de US$ 7 bilhões. Muitos russos acham que o dinheiro deveria ser investido dentro da Rússia, não na Inglaterra...
Abramovich - No mundo globalizado, não se coloca todos os ovos no mesmo cesto. Além do mais, invisto muito na Rússia [na quarta-feira anunciou parceria com o CSKA, de Moscou]. Construo escolas, patrocino orfanatos, luto para que o processo de adoção de crianças russas por estrangeiros seja facilitado e invisto também no futebol. Vou construir três estádios em Moscou e arredores.
Folha - E sobre a suspeita de que a compra do Chelsea teria sido para lavar dinheiro?
Abramovich - Todo dinheiro foi ganho legitimamente com petróleo, mídia e aviação, e uma parte dele remetida legalmente ao exterior. Com o fim do comunismo, houve um vácuo econômico no país, e muita gente acha que todo dinheiro ganho é ilegal, quando não é. É fruto de muito trabalho.
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