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11/05/2004 - 08h04

Atletas radicais viram dirigentes para promover eventos

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MARIANA LAJOLO
da Folha de S.Paulo

Fora do país eles são celebridades e encontram apoio para treinar e competir. No Brasil, muitas vezes enfrentam um quase anonimato e amargam a falta de competições e incentivo.

Para tentar mudar esse cenário, algumas estrelas brasileiras dos "esportes radicais" decidiram pôr a mão na massa e dividir seu tempo entre as competições e a cartolagem em sua terra natal.

Fabíola Silva, 24, foi forçada a começar seu trabalho nos bastidores no ano passado. Sete vezes campeã dos X-Games, a "Olimpíada" dos radicais, a patinadora percebeu que só conseguiria assistir a um Circuito Nacional da modalidade no Brasil se tomasse as rédeas do processo.

A atleta brasileira investiu no corpo-a-corpo com patrocinadores nacionais e conseguiu realizar duas etapas da competição, batizada com seu nome. Para transformar a próxima em realidade, precisa começar tudo de novo.

"Às vezes, dá um desânimo. As coisas nunca foram bem organizadas, mas ainda há tempo para mudar. Se o esporte fosse mais reconhecido, certamente muitos atletas ficariam no Brasil", afirma.

A segunda etapa do circuito serviu como classificatório para os X-Games Latino-Americanos, encerrados domingo, no Rio.

Na final do in-line vertical, Fabíola perdeu para Vinícius Rosa, 22, que tem história semelhante às muitas que ela tenta mudar.

"Consegui isso (o título) sem patrocínio, sem o apoio de esporte grande que o skate tem. Não tenho esperança de que isso vá mudar", diz Viba. Graças à conquista, ele irá aos Jogos Mundiais.

Para se preparar, pretende trancar a faculdade de Comunicação Social e gastar os US$ 5 mil da premiação para treinar nos EUA.

Também sem encontrar apoio no Brasil, Fabíola decidiu buscar reconhecimento fora do país. Mora nos EUA desde 1999. Agora que já conseguiu fazer seus primeiros projetos andarem, a brasileira estuda fundar uma federação de skate no país.

Fazer as vezes de cartola já é uma atuação corriqueira para outro atleta consagrado. Tetracampeão brasileiro de wakeboard, Marcelo Giardi, o Marreco, preside a associação brasileira da modalidade desde o ano passado. "Eu sempre ajudei, dirigia barco, preenchia ficha de inscrição... Quando o Flávio (Castelo Branco, ex-presidente) decidiu sair, vi que tinha de fazer alguma coisa", diz.

"É meio estressante, fica difícil me concentrar na minha performance porque sempre tem algo para fazer. Eu vou competir às 15h, 16h e tenho de acordar às 7h, mas estou me adaptando", afirma o atleta/dirigente de 21 anos.

Coincidência ou não, Marreco terminou na 11ª colocação no circuito do ano passado. Em 2002, havia se tornado o esportista com maior número de títulos da história do esporte no país.

Fabíola e Marreco enfrentam o mesmo problema na hora de tentar organizar os campeonatos: falta de patrocínio. A dificuldade, no entanto, não é exclusividade de atletas que praticam modalidades pouco difundidas no país.

Teco Padaratz, um dos mais conhecidos nomes do surfe nacional, precisou deixar a prancha de lado para evitar que o Brasil perdesse a licença para sediar uma etapa do Circuito Mundial. Pela primeira vez, um surfista comprou os direitos de uma competição do WCT, a primeira divisão do esporte. A competição aconteceu no fim do ano passado, em Florianópolis (SC).

"Minha imagem ajudou muito na hora de conseguir patrocínio. Não recebemos verba nenhuma do governo, a não ser dos que apóiam o surfe por questões turísticas e comerciais. Por isso, fica muito mais caro e difícil para um atleta competir", afirma.

O surfista de 32 anos, após 15 viajando pelo mundo, decidiu disputar somente o Nacional. Quer, aos poucos, transformar as ondas apenas em lazer e vestir de vez a camisa de dirigente.
 

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