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16/05/2004 - 09h30

Após punição, maratonista vai correr Olimpíada

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da Folha de S.Paulo

André Luiz Ramos, 34, era um dos favoritos a obter uma das vagas brasileiras na maratona dos Jogos de Sydney-00.

Em abril de 1998, o fundista havia corrido a Maratona de Boston em 2h08min26s, conseguindo até então o melhor tempo de um brasileiro na prova.

Seu feito só seria superado por Ronaldo da Costa, que obteve o melhor tempo do mundo na Maratona de Berlim, cinco meses depois (2h06min05s).

"Tive uma fase boa naqueles anos, mas tinha dado prioridade a outras provas e não me classifiquei aos Jogos de Atlanta [em 1996]", lembra Ramos.

Em março de 1999 sua situação mudou radicalmente. A Confederação Brasileira de Atletismo divulgou que o atleta havia sido pego no antidoping para norandrosterona, metabólito do esteróide anabólico nandrolona no organismo.

Próximo da disputa pela vaga olímpica, Ramos se viu em uma situação delicada. Sua defesa contestou o resultado do exame. Os parâmetros das amostras A e B eram bem diferentes, embora em ambas o resultado fosse positivo.

A justificativa foi suficiente para que o atleta fosse inocentado pelo tribunal da CBAt.

Porém seu caso se arrastou por meses no Painel de Arbitragem da Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo), que era a última instância para casos de doping.

"O André acabou condenado, mas a sentença só saiu quando a pena já havia sido prescrita", lamenta Thomaz Mattos de Paiva, advogado do fundista na época e especialista em legislação sobre doping.

A burocracia abortou o sonho olímpico de Ramos, que viu naufragar seu plano de competir na litorânea Sydney. Até hoje, ele evita o assunto.

"Não fiquei muito tempo sem correr. Acho que foram uns nove meses", afirma ele, sem entrar em detalhes.

A volta às ruas costuma ser frustrante para atletas que ficaram muito tempo parados. Não foi o caso de Ramos.

O atleta procurou a altitude de 2.500 m de Paipa, na Colômbia, para voltar ao topo. "É um local tranqüilo e ficou famoso depois que o Ronaldo [da Costa] se preparou lá e quebrou o recorde da maratona", conta Ramos, que criou raízes na cidade e hoje cria gado por lá.

A estratégia deu certo. Em 2003, ele correu a Maratona de Berlim em 2h09min58s, chegando em oitavo lugar naquela que é considerada a mais forte disputa da história da prova. Paul Tergat e Sammy Korir, campeão e vice, são os únicos atletas a correrem os 42,195 km em menos de 2h05min.

O tempo de Ramos só foi superado neste ano, quando Vanderlei Cordeiro de Lima venceu a Maratona de Hamburgo. Rômulo Wagner da Silva ficou com a terceira vaga brasileira. Paipa mostrou ser o talismã nacional. Os três atletas treinaram lá. "Nunca chegamos a uma Olimpíada com uma equipe tão forte. Será uma prova desgastante. Mas acho que dá para chegar entre os seis primeiros."
 

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