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08/07/2004 - 00h10

Arequipa dá as costas para Brasil B e pede os pentas

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FERNANDO MELLO
da Folha de S.Paulo, em Arequipa

Uma imagem desta quarta sintetiza o sentimento de Arequipa em relação à estréia da seleção: um policial peruano designado para dar segurança aos brasileiros descansa, deitado sob o sol, na mureta em frente ao hotel Libertador.

Com a inscrição Suat no peito, olhos fechados, espera a hora de escoltar o time até o estádio onde o time fez o treino de reconhecimento no fim da tarde. Diante dele, um vendedor de balas e chicletes ouve rádio. Na bucólica cidade peruana, nenhum torcedor esperava seus ídolos. Arequipa deu as costas para o país pentacampeão.

O desdém dos peruanos tem explicação clara. E veio em forma de pergunta --ouvida, sempre do mesmo modo, pelo menos 20 vezes desde que a reportagem da Folha chegou a Arequipa, na segunda à noite: "Por que as estrelas não vieram?"

O fato é que o time B escalado por Carlos Alberto Parreira, que deu férias aos pentacampeões, não causa euforia.

Tradicional alavancador de médias de público nos torneios que disputa, o Brasil deve jogar a marca para baixo, pelo menos na primeira fase da Copa América.

Segundo a Traffic, organizadora do certame, só 8.139 ingressos dos 40.217 ingressos colocados à venda já haviam sido adquiridos até quarta.

Nos últimos tempos, o recorde negativo de bilheteria do Brasil em jogos de Copa América foi em 1995: 8.000 pessoas foram a duelo com os EUA, no Uruguai.

Arequipa é a única cidade em que os estádios não estarão cheios. As partidas da Argentina, em Chiclayo, e do Peru na primeira fase devem ter lotação máxima --a equipe de Marcelo Bielsa viajou completa e fará jogos mais atrativos, como com o Uruguai.

Um outro encarregado da segurança da seleção, também peruano, perguntou à reportagem da Folha se Ronaldo se negou a disputar a Copa América por causa da recepção hostil que teve em Peru x Brasil, pelas eliminatórias --torcedores levaram faixas ao estádio e entoaram gritos insinuando que Milene Domingues, então sua mulher, o havia traído. Um taxista reclamava do desprezo dos pentas. "Esperamos três anos para vê-los. Eles devem ter raiva do Peru."

Nas ruas de Arequipa não se vê nenhuma pista de que a cidade é uma das sedes do que está sendo tratado pelo presidente Alejandro Toledo como a mais importante competição esportiva já realizada no Peru. Não há bandeiras peruanas, tampouco brasileiras ou paraguaias. São raras ainda as pessoas vestidas com uniformes das seleções do Grupo C.

Para efeito de comparação, 28 mil húngaros fora ao estádio de Budapeste em abril apenas para assistir a um treino da seleção --com todos os astros, claro.

É possível que a torcida local até apóie o time de Parreira quando a bola rolar na quinta à noite. Mas a principal resposta do povo arequipenho ao desdém das estrelas deverá ser o vazio das arquibancadas.

Especial
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