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15/07/2004
-
11h00
FÁBIO FLEURY
da Folha Online
Imagine que você vai visitar pela primeira vez um lugar desconhecido. Se você tem um marido ou mulher que já esteve lá, as dicas podem ser preciosas. Imagine agora que você vai disputar pela primeira vez uma Olimpíada. Ter um cônjuge que também já passou pela experiência poderia ser um trunfo determinante, um sonho para muitos atletas. Não para a nadadora brasileira Flávia Delaroli.
Classificada para os 50 m livre e o revezamento 4 x 100 m livre nos Jogos de Atenas, Flávia conta em casa com conselhos que podem aliviar ansiedade e nervosismo, aspectos psicológicos que podem fazer a diferença em competições. Ela é casada com o ex-jogador de basquete Caio Cassiolato, que integrou a seleção brasileira nos Jogos de Atlanta-96. Por coincidência, os dois chegaram à primeira Olimpíada com a mesma idade: 20 anos.
"Isso ajuda muito. Na verdade, faz toda a diferença. O que ele fala para me ajudar não teria tanto peso se ele não tivesse tido a mesma experiência. O Caio sabe como é cada sentimento que eu vou ter. Para quem não passou por isso, certas coisas podem parecer loucura, mas ele me entende muito bem. Tenho sorte em tê-lo ao meu lado", afirma Flávia.
Para a nadadora, um dos maiores problemas que um atleta pode enfrentar na preparação para uma Olimpíada é lidar com os diversos sentimentos que os exaustivos treinamentos despertam. "Os atletas, em geral, são muito fechados na hora de lidar com isso. Acham que conversar e se abrir com outras pessoas é fraqueza, mas não entendem que, muitas vezes, quando você coloca o problema para fora, é mais fácil deixá-lo para trás", analisa.
Esse tipo de ajuda psicológica é ainda mais necessário em sua prova, os 50 m livre, a mais rápida da natação. Segundo a nadadora, o essencial é manter a concentração, já que qualquer erro na saída ou desatenção durante o percurso pode custar um mau resultado. Por isso, segundo ela, o ideal é não pensar em nenhuma adversária ou circunstância externa antes de cair na água.
"Eu tenho isso [essa característica] de me concentrar demais no que estou fazendo, em como saio, em todos os detalhes. Não nado me preocupando com as outras atletas. Por causa disso, algumas vezes eu saio da piscina sem nem mesmo notar quem estava nadando ao meu lado. Em outras, você só sabe que ganhou quando olha os resultados, já fora da piscina", explica.
Para o marido, as conversas são tão importantes quanto os momentos de reflexão. "Às vezes, quando o atleta está muito ansioso, é até melhor deixá-lo sozinho para resolver seus problemas", afirma Caio Cassiolato, que em Atlanta-96 ficou em sexto lugar com a seleção de basquete.
Caio, que abandonou as quadras em 2001 para trabalhar na rede de lojas de roupas da família, seguiu de perto a luta da mulher para chegar aos Jogos. "Acompanhei toda a parte de treinos e achei que o mais complicado foi até ela conseguir a vaga. Como já passei por isso, sei exatamente como é para ela", diz o ex-atleta.
A ajuda do marido, no entanto, não substitui um acompanhamento mais profissional. "Ele alivia bastante o trabalho da minha psicóloga. Com ela, eu busco resolver mais os problemas profissionais, de dentro da piscina mesmo", diz Flávia.
O relacionamento entre Flávia e Cassiolato começou há quatro anos, no Flamengo. A nadadora, então com 16 anos, chegou ao clube carioca por indicação de Fernando Scherer, que a ajudou no início da carreira. Por sua vez, Cassiolato defendia a equipe de basquete do clube, ao lado de Oscar.
"Eu não era grande amigo do Fernando [Scherer], que eu conheci nos Jogos de Atlanta, mas sempre que nos encontrávamos ficávamos conversando. A Flávia era amiga dele. Eu me interessei, perguntei dela e ele nos apresentou", conta Cassiolato. Os dois se casaram no início de 2002, com Scherer como um dos padrinhos.
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da Folha Online
Imagine que você vai visitar pela primeira vez um lugar desconhecido. Se você tem um marido ou mulher que já esteve lá, as dicas podem ser preciosas. Imagine agora que você vai disputar pela primeira vez uma Olimpíada. Ter um cônjuge que também já passou pela experiência poderia ser um trunfo determinante, um sonho para muitos atletas. Não para a nadadora brasileira Flávia Delaroli.
Satiro Sodré/CBDA |
Flávia se prepara para nadar |
"Isso ajuda muito. Na verdade, faz toda a diferença. O que ele fala para me ajudar não teria tanto peso se ele não tivesse tido a mesma experiência. O Caio sabe como é cada sentimento que eu vou ter. Para quem não passou por isso, certas coisas podem parecer loucura, mas ele me entende muito bem. Tenho sorte em tê-lo ao meu lado", afirma Flávia.
Para a nadadora, um dos maiores problemas que um atleta pode enfrentar na preparação para uma Olimpíada é lidar com os diversos sentimentos que os exaustivos treinamentos despertam. "Os atletas, em geral, são muito fechados na hora de lidar com isso. Acham que conversar e se abrir com outras pessoas é fraqueza, mas não entendem que, muitas vezes, quando você coloca o problema para fora, é mais fácil deixá-lo para trás", analisa.
Esse tipo de ajuda psicológica é ainda mais necessário em sua prova, os 50 m livre, a mais rápida da natação. Segundo a nadadora, o essencial é manter a concentração, já que qualquer erro na saída ou desatenção durante o percurso pode custar um mau resultado. Por isso, segundo ela, o ideal é não pensar em nenhuma adversária ou circunstância externa antes de cair na água.
"Eu tenho isso [essa característica] de me concentrar demais no que estou fazendo, em como saio, em todos os detalhes. Não nado me preocupando com as outras atletas. Por causa disso, algumas vezes eu saio da piscina sem nem mesmo notar quem estava nadando ao meu lado. Em outras, você só sabe que ganhou quando olha os resultados, já fora da piscina", explica.
Para o marido, as conversas são tão importantes quanto os momentos de reflexão. "Às vezes, quando o atleta está muito ansioso, é até melhor deixá-lo sozinho para resolver seus problemas", afirma Caio Cassiolato, que em Atlanta-96 ficou em sexto lugar com a seleção de basquete.
Caio, que abandonou as quadras em 2001 para trabalhar na rede de lojas de roupas da família, seguiu de perto a luta da mulher para chegar aos Jogos. "Acompanhei toda a parte de treinos e achei que o mais complicado foi até ela conseguir a vaga. Como já passei por isso, sei exatamente como é para ela", diz o ex-atleta.
A ajuda do marido, no entanto, não substitui um acompanhamento mais profissional. "Ele alivia bastante o trabalho da minha psicóloga. Com ela, eu busco resolver mais os problemas profissionais, de dentro da piscina mesmo", diz Flávia.
O relacionamento entre Flávia e Cassiolato começou há quatro anos, no Flamengo. A nadadora, então com 16 anos, chegou ao clube carioca por indicação de Fernando Scherer, que a ajudou no início da carreira. Por sua vez, Cassiolato defendia a equipe de basquete do clube, ao lado de Oscar.
"Eu não era grande amigo do Fernando [Scherer], que eu conheci nos Jogos de Atlanta, mas sempre que nos encontrávamos ficávamos conversando. A Flávia era amiga dele. Eu me interessei, perguntei dela e ele nos apresentou", conta Cassiolato. Os dois se casaram no início de 2002, com Scherer como um dos padrinhos.
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