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05/08/2004 - 08h50

Concentrada na segurança, Atenas põe de lado a questão ambiental

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GUILHERME ROSEGUINI
ROBERTO DIAS

da Folha de S.Paulo, em Atenas

Na última hora, os gregos correm para plantar árvores, colocar placas de grama no chão e regar suas plantinhas o máximo possível. Mas, se Sydney entrou para a história como a primeira "Olimpíada verde", Atenas marca a volta do evento à era do cinza.

Ofuscada pela preocupação com a segurança, a questão ambiental virou mais um motivo de ataques ao Comitê Organizador daqueles que talvez já sejam os Jogos mais criticados da história.

A artilharia vem de nomes de destaque, como a ONU (Organização das Nações Unidas), o Greenpeace e o WWF (Fundo Mundial para a Natureza). Eles apontam problemas nas construções para os Jogos e no planejamento energético e questionam o comprometimento público dos gregos com a causa ambiental.

"Os organizadores deixaram tudo para o final, se atrapalharam e abriram mão das promessas que fizeram. O problema não foi o dinheiro. Alguns projetos biodegradáveis sairiam pelo mesmo preço dos convencionais. Mas nada foi feito", afirmou ontem à Folha o presidente do Greenpeace grego, Nickos Charalambides.

Em relatório detalhado sobre os Jogos, sua entidade apontou que "Atenas está longe de ter aprendido as lições de Sydney".

Outro que não gostou da preparação grega foi o Unep, braço da ONU para o meio ambiente. "A organização levou muito a sério a questão da segurança. Mas isso teve um preço, e outros itens, como parte do programa ambiental, podem ter ficado aquém das aspirações iniciais", escreveu Klaus Toepfer, chefe da Unep, ao Comitê Olímpico Internacional.

O WWF também anunciou sua avaliação sobre os gregos. Numa escala de 0 a 4, o planejamento ambiental dos Jogos ganhou nota 0,8 da ONG, abaixo do que é considerado desapontador (nota 1).

O cerne das críticas do Greenpeace e do WWF em boa parte coincide. Apontam, por exemplo, que a Vila Olímpica --o cartão-postal do planejamento de Sydney-- foi construída sem se preocupar em utilizar energias renováveis, como a solar.

Além disso, dizem que as casas dos atletas estão repletas de materiais agressivos ao meio ambiente. O sistema de ar condicionado utiliza o gás HFC, apontado como causador do efeito estufa.

Outro ponto de críticas é a região de Schinias, onde serão disputadas provas de remo e canoagem. A escolha do local para construir a raia foi questionada por várias entidades, que levaram o caso à Justiça e propuseram alternativas --argumentaram que a região é importante área ambiental da região de Atenas. Mas a Suprema Corte liberou a obra.

O Greenpeace reclamou também que o governo grego poderia ter aproveitado os Jogos para aumentar a produção de energia eólica, o que ajudaria a evitar problemas como o apagão que atingiu Atenas no mês passado.
O único elogio relevante é feito no transporte: por causa dos Jogos, Atenas expandiu seu metrô.

A Folha contatou por e-mail o Comitê Organizador em 23 e 27 de julho para comentar as críticas. Ontem, em Atenas, o comitê foi novamente procurado, mas não atendeu ao pedido de entrevista.

Especial
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