Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
11/08/2004 - 09h20

COI anuncia tolerância zero e já faz vítimas

Publicidade

MARCELO DIEGO
da Folha de S.Paulo, em Atenas

O Comitê Olímpico Internacional (COI) colocou ontem em prática sua política de "tolerância zero". Expulsou um de seus membros por comportamento antiético e excluiu dos Jogos de Atenas um atleta, pego no exame antidoping preventivo.

O teste do boxeador David Munyasia, do Quênia, deu positivo para a presença de um estimulante proibido. Esse foi considerado o primeiro caso oficial de doping nos Jogos. O comitê classifica oficialmente o início do período olímpico quando a vila dos atletas é aberta --o que ocorreu em 30 de julho. Já foram conduzidos 224 testes preventivos (112 de urina, 112 de sangue).

Munyasia foi o exemplo prático do discurso que o presidente da entidade, Jacques Rogge, havia feito pela manhã. "O COI terá sempre tolerância zero para o doping e para a corrupção."

Rogge disse acreditar que haverá, em Atenas, mais casos positivos de uso de substâncias ilegais do que os 12 de Sydney-2000. Segundo ele, não se trata de os atletas estarem necessariamente se dopando mais, mas de os controles estarem mais rigorosos. "É cada vez mais difícil de os atletas nos enganarem", disse. "Vamos continuar a trabalhar na base da educação, prevenção e punição."

Quem também sentiu o rigor do comitê foi o indonésio Mohamad "Bob" Hasan, 73. Envolvido em um escândalo ético no seu país, ele foi o primeiro membro do COI expulso desde que explodiram as denúncias de compra de votos para eleger Salt Lake City (EUA) como sede dos Jogos de Inverno de 2002. Entre 1998 e 1999, dez pessoas do Comitê Olímpico Internacional renunciaram ou perderam suas credenciais. O indonésio fazia parte do COI desde 1994.

Ele não cometeu infração enquanto membro do COI, mas foi condenado pela Justiça indonésia pelo desvio de US$ 75 milhões de uma obra pública da qual ganhara a licitação. Foi parceiro comercial do ex-ditador Suharto, que comandou o país de 1967 a 1998.

Condenado a seis anos de prisão, Hasan cumpriu quatro anos e agora está em liberdade condicional. Seu comportamento, porém, foi considerado antiético e desrespeitoso aos princípios olímpicos. Assim, ontem, 101 membros do COI votaram a favor de sua expulsão -três foram contra. Uma larga contagem, já que a aprovação dependia de uma maioria de 2/3 dos votos (69) dos presentes.

Rogge disse que a postura é uma resposta às críticas envolvendo a entidade. "Devemos isso aos atletas e a nós mesmos."

O indonésio alegara inocência nas acusações, mas o COI se baseou no julgamento da Suprema Corte do país para referendar a atitude tomada. Ontem, Hasan apresentou sua defesa por escrito. Não cabem mais recursos.

Ainda ontem, o presidente do Comitê Olímpico da Somália, Farah W. Addo, foi considerado "persona non grata" em Atenas, em meio a suspeitas de que desviara dinheiro da federação local de futebol. A decisão foi tomada pela comissão de ética do COI.

O pedido de punição partiu da Fifa (entidade máxima do futebol), que já havia banido o dirigente por dez anos. Addo comandou a federação local de futebol antes de assumir o comando do comitê olímpico nacional.

A Somália obteve verba da Fifa para promover um programa assistencial. Parte do dinheiro teria ido para o seu bolso. Addo nega.

No fim de semana, o búlgaro Ivan Slavkov, acusado de tentar vender votos de membros do comitê em favor da candidatura de Londres aos Jogos de 2012, foi suspenso pelo COI.

Especial
  • Arquivo: Veja o que já foi publicado sobre os Jogos Olímpicos de Atenas
  • Leia mais notícias no especial dos Jogos Olímpicos-2004
  •  

    Publicidade

    Publicidade

    Publicidade


    Voltar ao topo da página