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13/08/2004
-
18h09
da Folha Online
Mais do que o espetáculo tecnológico e teatral, a reação do público marcou a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004. As vaias para os atletas norte-americanos e os aplausos efusivos para os iraquianos deixaram claro o reflexo do momento político mundial na Olimpíada.
No ano passado, os Estados Unidos passaram por cima da ONU (Organização das Nações Unidas) e lideraram a invasão ao Iraque, que acabou derrubando do poder o ditador Saddam Hussein. Os norte-americanos alegaram evidências de produção de armas de destruição em massa no país do Oriente Médio, até hoje não comprovadas.
O sentimento anti-EUA já era esperado pelos próprios norte-americanos. Após intensa negociação, o país conseguiu autorização das autoridades gregas para enviar 400 agentes armados para Atenas para zelar por seus atletas --o que fere a lei grega, que veta a estrangeiros o porte de armas em seu território. A equipe de segurança norte-americana inclui até o FBI, além de cerca de cem guarda-costas.
O medo de ataques fez com que os norte-americanos incluíssem inclusive máscaras de gás em suas malas. A orientação aos atletas é para que procurem não agitar bandeiras do país nas provas para não despertar reações adversas.
Devido aos ataques de 11 de setembro de 2001, nos EUA, e 11 de março deste ano, na Espanha, a Olimpíada investiu em segurança como nunca na história. O orçamento está estimado em US$ 1,2 bilhão (cerca de quatro vezes o valor despendido em Sydney-2000). Além disso, haverá colaboração estrangeira. Sete países estão no esquema de segurança, que terá ajuda da Otan (aliança militar ocidental).
Festa
Desfalcada de última hora de sua principal estrela do atletismo, Kostas Kenteris, envolvido em um obscuro acidente, a cerimônia de abertura de Atenas-2004 viu Nikolaus Kaklamanakis, ouro em Atlanta-96 na classe mistral da vela, acender a pira olímpica.
O favorito para a tarefa era Kenteris, campeão dos 200 m rasos em Sydney-2000. O atleta no entanto alegou um acidente de moto e não foi encontrado na quinta para um exame antidoping --está em um hospital e tem até segunda-feira para explicar o caso.
O início da cerimônia voltou às raízes da Olimpíada, passando pela história da civilização grega. A Grécia foi o berço dos Jogos. A primeira disputa aconteceu no ano de 776 a.C., em Olímpia. Na era moderna, a primeira edição ocorreu em Atenas, em 1896.
No desfile das delegações, os países entraram no estádio olímpico respeitando a ordem do alfabeto grego. O Brasil foi o 31º a entrar na pista, com o iatista Torben Grael, recordista brasileiro de medalhas (quatro) e participações (seis) olímpicas, como porta-bandeira.
"Por mais que você se prepare desde o dia em que sabe que vai ser o porta-bandeira, é uma emoção muito diferente. O estádio é lindo, é uma festa muito bonita", disse Torben.
Como em Sydney-2000, as Coréias da Sul e do Norte desfilaram juntas --irão competir separadamente, no entanto.
Os gregos, que normalmente são sempre os primeiros a desfilar em todas as edições dos Jogos, ficaram por último. Ovacionados pelo estádio lotado, os atletas espalharam-se por toda a pista e deram um abraço simbólico no estádio e nas demais delegações.
Após a entrada de todas as delegações, um show pirotécnico iluminou o local. A cantora islandesa Björk cantou e, logo depois, pelo telão, um astronauta norte-americano e outro russo saudaram o público direto da Estação Espacial Internacional.
Na seqüência, um atleta percorreu a pista de atletismo cruzando faixas representativas de todas os Jogos Olímpicos desde 1896 --fez paradas simbólicas nos períodos marcados pelas guerras mundiais.
Sob uma oliveira, Gianna Angelopoulos, presidente do Athoc (Comitê Olímpico de Atenas), afirmou que todos irão se emocionar com a dedicação dos atletas em superar os limites. Em seguida, o presidente grego abriu oficialmente os Jogos.
A cerimônia teve seqüência com Jacques Rogge, presidente do COI, que condenou o uso do doping em seu discurso. A bandeira olímpica então foi carregada até o mastro e hasteada.
Especial
Arquivo: Veja o que já foi publicado sobre a cerimônia de abertura
Leia mais notícias no especial dos Jogos Olímpicos-2004
Vaias a norte-americanos e aplausos a iraquianos marcam abertura dos Jogos
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Mais do que o espetáculo tecnológico e teatral, a reação do público marcou a cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de Atenas-2004. As vaias para os atletas norte-americanos e os aplausos efusivos para os iraquianos deixaram claro o reflexo do momento político mundial na Olimpíada.
No ano passado, os Estados Unidos passaram por cima da ONU (Organização das Nações Unidas) e lideraram a invasão ao Iraque, que acabou derrubando do poder o ditador Saddam Hussein. Os norte-americanos alegaram evidências de produção de armas de destruição em massa no país do Oriente Médio, até hoje não comprovadas.
O sentimento anti-EUA já era esperado pelos próprios norte-americanos. Após intensa negociação, o país conseguiu autorização das autoridades gregas para enviar 400 agentes armados para Atenas para zelar por seus atletas --o que fere a lei grega, que veta a estrangeiros o porte de armas em seu território. A equipe de segurança norte-americana inclui até o FBI, além de cerca de cem guarda-costas.
O medo de ataques fez com que os norte-americanos incluíssem inclusive máscaras de gás em suas malas. A orientação aos atletas é para que procurem não agitar bandeiras do país nas provas para não despertar reações adversas.
Devido aos ataques de 11 de setembro de 2001, nos EUA, e 11 de março deste ano, na Espanha, a Olimpíada investiu em segurança como nunca na história. O orçamento está estimado em US$ 1,2 bilhão (cerca de quatro vezes o valor despendido em Sydney-2000). Além disso, haverá colaboração estrangeira. Sete países estão no esquema de segurança, que terá ajuda da Otan (aliança militar ocidental).
Festa
Desfalcada de última hora de sua principal estrela do atletismo, Kostas Kenteris, envolvido em um obscuro acidente, a cerimônia de abertura de Atenas-2004 viu Nikolaus Kaklamanakis, ouro em Atlanta-96 na classe mistral da vela, acender a pira olímpica.
O favorito para a tarefa era Kenteris, campeão dos 200 m rasos em Sydney-2000. O atleta no entanto alegou um acidente de moto e não foi encontrado na quinta para um exame antidoping --está em um hospital e tem até segunda-feira para explicar o caso.
O início da cerimônia voltou às raízes da Olimpíada, passando pela história da civilização grega. A Grécia foi o berço dos Jogos. A primeira disputa aconteceu no ano de 776 a.C., em Olímpia. Na era moderna, a primeira edição ocorreu em Atenas, em 1896.
No desfile das delegações, os países entraram no estádio olímpico respeitando a ordem do alfabeto grego. O Brasil foi o 31º a entrar na pista, com o iatista Torben Grael, recordista brasileiro de medalhas (quatro) e participações (seis) olímpicas, como porta-bandeira.
"Por mais que você se prepare desde o dia em que sabe que vai ser o porta-bandeira, é uma emoção muito diferente. O estádio é lindo, é uma festa muito bonita", disse Torben.
Como em Sydney-2000, as Coréias da Sul e do Norte desfilaram juntas --irão competir separadamente, no entanto.
Os gregos, que normalmente são sempre os primeiros a desfilar em todas as edições dos Jogos, ficaram por último. Ovacionados pelo estádio lotado, os atletas espalharam-se por toda a pista e deram um abraço simbólico no estádio e nas demais delegações.
Após a entrada de todas as delegações, um show pirotécnico iluminou o local. A cantora islandesa Björk cantou e, logo depois, pelo telão, um astronauta norte-americano e outro russo saudaram o público direto da Estação Espacial Internacional.
Na seqüência, um atleta percorreu a pista de atletismo cruzando faixas representativas de todas os Jogos Olímpicos desde 1896 --fez paradas simbólicas nos períodos marcados pelas guerras mundiais.
Sob uma oliveira, Gianna Angelopoulos, presidente do Athoc (Comitê Olímpico de Atenas), afirmou que todos irão se emocionar com a dedicação dos atletas em superar os limites. Em seguida, o presidente grego abriu oficialmente os Jogos.
A cerimônia teve seqüência com Jacques Rogge, presidente do COI, que condenou o uso do doping em seu discurso. A bandeira olímpica então foi carregada até o mastro e hasteada.
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